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Paulo Miklos estrela a peça 'Chet Baker, Apenas Um Sopro' em Vitória

Paulo Miklos estrela a peça "Chet Baker, Apenas Um Sopro" em Vitória

Recorte biográfico de um dos maiores ícones do jazz mundial será apresentado nos dias 5 e 6 de julho; confira entrevista com Paulo Miklos

Publicado em 28 de junho de 2019 às 21:59

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Pioneiro do jazz na costa oeste norte-americana e um dos expoentes mais importantes do gênero musical, Chet Baker teve uma carreira conturbada por conta do uso abusivo de drogas, que foi, também, a questão central de um dos episódios mais emblemáticos de sua vida.

Em 1966, o músico foi violentamente agredido logo após sair de um show na Califórnia. O motivo da agressão nunca foi exatamente esclarecido. Na briga, Baker perdeu diversos dentes, o que prejudicou diretamente sua atividade, uma vez que a arcada dentária influencia na execução de instrumentos de sopro. O músico demorou anos a se recuperar e a voltar a produzir e se apresentar.

É justamente este recorte dramático da vida do ícone que é apresentado em “Chet Backer, Apenas Um Sopro”, peça que desembarca em Vitória no próximo final de semana.

No papel principal está Paulo Miklos, que divide o palco com Anna Toledo, Jonathas Joba, Piero Damiani e Ladislau Kardos.

Em entrevista por telefone ao Gazeta Online, Miklos falou sobre sua primeira experiência no teatro e sobre o drama que ronda a peça. Confira o bate-papo:

Esta peça marca sua estreia no teatro. Como tem sido esta experiência nos últimos três anos?

Olha, tem sido muito interessante, porque desde 2001 eu descobri essa veia (durante as gravações do premiado longa “O Invasor”, de Beto Brant). É outra possibilidade de realização artística, ali comecei a fazer cinema. De lá pra cá faltou fazer teatro. Ter essa experiência de atuar em uma situação que conheço muito bem, que é o palco, mas de outra forma, tem sido fantástico. Eu brinco dizendo que tem muita música na peça, mas que eu toco teatro. É um espetáculo teatral, apesar de eu tocar sopro e ter muita música.

Imagino que seja satisfatório ter esse tipo de desafio mesmo depois de tantos anos de carreira...

Pra mim isso é fundamental. É um território diferente, uma experiência muito rica. Eu nunca paro de atuar, estou sempre dividido entre atuar e cantar. Acabei de vir de uma novela (“O Sétimo Guardião”), participei de uma nova minissérie (“Filhos da Pátria”) e agora vou fazer um outro longa no mês que vem (“Jesus Kid”, de Aly Muritiba). Tudo isso meio na sequência e enquanto me apresento com a peça. Venho trabalhando diariamente como ator de todas as formas: no cinema, no teatro, na TV...

A peça faz um recorte bem específico sobre a vida do Chet. Como é dar vida a essa história?

É muito marcante e interessante. O Sérgio (Roveri), nosso dramaturgo, escreveu a peça original buscando justamente esse momento difícil em que o Chet ficou por um tempo parado por conta de uma briga causada supostamente por uma cobrança de traficantes. E na época, eles machucaram muito os lábios do músico, que perdeu muitos dentes, estava atravessando um período difícil com abuso de drogas, alcoolismo. Neste momento é que se revela um grande ídolo, um gênio, que numa situação delicada sofre com a desconfiança do público e dos próprios companheiros músicos. A peça é ambientada nessa incerteza, na dúvida se ele vai voltar a tocar brilhantemente e se vai ter condições de superar o vício.

O que também demanda uma sensibilidade por parte do elenco...

Sim. É tudo muito bem colocado na peça. O artista nessa situação de cobrança com a própria fragilidade, as relações afetivas e de admiração entre os músicos que o acompanham durante muito tempo... Os outros personagens são fictícios, mas o Chet a gente conhece bem a história. Depois disso ele gravou 20 discos e teve uma carreira tão brilhante quanto era antes do ocorrido.

E o que mais te surpreendeu neste trabalho?

A sensibilidade mesmo, com certeza. O que mais chama a atenção é a percepção que a gente tem do lado humano nesse drama. Da depressão, do abuso de drogas, do alcoolismo, das relações sociais complexas e, neste caso, tudo isso relacionado a um gênio que era muito adulado, um grande ídolo muito adulado. Então é tudo muito amplificado, tudo mais problemático, mais difícil. É interessante que podemos abordar com profundidade um drama psicológico e relações tensas, ao mesmo tempo em que a peça tem a leveza, porque tem muita música. E não é um musical, é uma peça teatral. Como disse, toco teatro na peça (risos). Eu falo isso porque às vezes, como as pessoas sabem que toco sopros, têm a expectativa de que eu vá pegar e sair tocando adoidado (risos). Acham que é Chet Baker cover.

CHET BAKER, APENAS UM SOPRO

Quando: sexta-feira (5) e sábado (6), às 19h30.

Onde: Centro Cultural Sesc Glória. Avenida Jerônimo Monteiro, 428, Centro, Vitória.

Ingressos: R$ 80 (inteira), R$ 40 (meia). À venda na bilheteria do teatro.

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Informações: (27) 3232-4750.

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