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Com roteiro raso, 'Missão no Mar Vermelho' relembra drama no Sudão

Com roteiro raso, "Missão no Mar Vermelho" relembra drama no Sudão

Filme, disponível na Netflix, é ultrapassado e merece ser esquecido

Publicado em 25 de agosto de 2019 às 00:22

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Missão Mar Vermelho, com Chris Evans. (Divulgação/Netflix)

E a Netflix segue apostando em novos nomes. Deu muito certo quando a empresa revelou, em "I am Mother" (2019), o controle do diretor debutante Grant Sputore – antes, já havia se aproveitado do talento latente de Alex Garland ("Ex-Machina") em "Aniquilação" (2018), filme rejeitado pelo estúdio e que a gigante do streaming não hesitou em disponibilizar, com sucesso, em sua plataforma.

Infelizmente, essa política nem sempre gera bons resultados. Para cada Garland ou Sputore, há um David M. Rosenthal (“Próxima Parada: Apocalipse”) ou Gideon Raff, deste "Missão no Mar Vermelho". Obviamente disponível na Netflix, o filme mostra que Raff não possui controle nem talento para comandar um longa.

O filme mostra um grupo de agentes israelenses administrando um hotel que serve de fachada para a equipe resgatar um grupo de refugiados no Sudão no final dos anos 1970.

Primeiramente, não se trata apenas de um filme ruim, ele é ofensivo, racista e preconceituoso na maneira que trabalha sua mensagem principal. Durante quase todos os 129 minutos de duração, a obra apresenta e repete a seguinte mensagem: apenas o homem branco pode salvar os negros indefesos dos islâmicos malvados.

O roteiro pega a figura do white savior e eleva à enésima potência. Os personagens brancos são seres humanos exemplares, isentos de falhas, com o caráter e o físico impecáveis.

Missão Mar Vermelho, com Chris Evans. (Divulgação/Netflix)

O subtexto islamofóbico também assusta. A trama usa de personagens como o do Coronel Abdel Ahmed (Chris Chalk) para afirmar que os muçulmanos são todos assassinos sanguinários intolerantes que só pensam em matar qualquer um que não siga o Islamismo.

O roteiro também é uma atrocidade. Além das facilitações narrativas que deixam a trama desinteressante, o longa é indeciso sobre se quer ser um drama histórico ou uma comédia com homens e mulheres sarados contando piadas sem graça no estilo “Baywatch”.

É uma pena, porque isso atrapalha o elenco composto por astros como Chris Evans e Ben Kingsley, que sofrem ao tentar fazer seus diálogos parecerem verossímeis. Infelizmente com um roteiro tão atroz, nem o melhor ator do mundo conseguiria fazer as falas soarem de maneira natural.

Missão Mar Vermelho, com Chris Evans. (Divulgação/Netflix)

A sexualização também incomoda, deixando a impressão que atores como Michiel Huisman (o Daario Naharis de “Game of Thrones”) foram contratados apenas para tirarem a camisa, mostrarem seus músculos e serem esquecidos no momento seguinte.

Em suma, “Missão Mar Vermelho” é tão ruim que merece ser esquecido. Se você, leitor, é daqueles que não leva fé na palavra de um crítico, peço que desta vez dê um voto de confiança e gaste seu tempo com algo que realmente valha a pena.

Missão no mar vermelho

Drama. (The Red Sea Diving Resort, EUA, 2019, 129min.)

Direção: Gideon Raff

Elenco: Chris Evans, MGreg Kinnear, Sizo Mahlangu, Michael Kenneth Williams, Michiel Huisman.

Disponível na Netflix

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