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Dinamarquesa expõe obras inspiradas nas florestas brasileiras

Dinamarquesa expõe obras inspiradas nas florestas brasileiras

O trabalho de Mai-Britt Wolthers, radicada no Brasil, é norteado pela harmonia da natureza

Publicado em 25 de agosto de 2019 às 23:48

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São 13 peças de Mai-Britt Wolthers em exposição na Galeria Matias Brotas. (Ricardo Medeiros)

Quando Mai-Britt Wolthers veio da Dinamarca para o Brasil, em 1986, ficou deslumbrada com a exuberância das florestas tropicais – algo que acontece a pintores europeus que chegam ao país há 500 anos, desde a vinda dos franceses Jean-Baptiste Debret e Nicolas Antoine Taunay. No caso de Mai-Britt, a ligação com as plantas e árvores já vinha da infância. Ela acampava nas florestas dinamarquesas e sempre gostou do contato com a natureza. Não é coincidência que “Confluências em Verde”, exposição da artista na galeria Matias Brotas, em Vitória, tenha como fio condutor a cor verde.

A pintora dinamarquesa hoje mora e trabalha em Santos (SP) e tem as paisagens botânicas como inspiração constante. Ela ainda faz questão de se manter próxima às florestas. “Nós somos biológicos, não somos de cimento. O ser humano, quando se afasta da natureza, acaba se sentindo mal e às vezes não sabe o porquê. Não adianta buscar solução dentro dos blocos de cimento. Temos que estar próximos à natureza porque somos natureza também”, pondera.

Em uma das suas andanças em Santos, Mai-Britt encontrou uma árvore caída, que viria a ser a matéria prima da escultura inédita que estará na mostra. Não foi a única vez em que Mai-Britt aproveitou algo da natureza que seria jogado fora: a primeira vez que fez esculturas com madeira foi depois de resgatar uma árvore que havia sido derrubada. Os galhos e troncos se transformaram em várias peças da artista que estrearam em uma exposição em Londres.

A peça feita exclusivamente para a nova mostra, a “Lonely Tree”, é composta de madeira e cimento; ela tem mais de dois metros de altura. “Como a encontrei na praia, a madeira estava molhada, então foi bem fácil de trabalhar com ela e de retirar a casca”, relata a artista.

Ao mesmo tempo que a árvore se destaca no centro da galeria, ela também dialoga com todas as outras 12 peças em exposição. Como o ser humano na contemporaneidade, está sozinha, mas tem seu sentido construído a partir de um todo.

“Tudo está vinculado de alguma forma, os objetos tridimensionais da exposição criam uma dinâmica, um diálogo com as pinturas. As formas das esculturas muitas vezes aparecem também nas pinturas. Se não é pela forma, é pela cor. São confluências que vão para o mesmo caminho”, explica Mai-Britt.

Para a dinamarquesa, a cor verde tem um peso muito grande, mesmo que seja só uma pequena mancha na tela. A produção da artista reflete ainda hoje um pouco do impacto que ela sentiu ao se deparar pela primeira vez com as florestas tropicais ao chegar no Brasil há mais de 30 anos.

A impressão que a artista deseja passar não é de extravagância, mas sim de equilíbrio e beleza. Mai-Britt procura criar composições medindo as formas, linhas, cores e proporções de maneira a atingir uma certa harmonia. 

Aspas de citação

É como uma equação em que cada elemento tem o seu peso

Mai-Britt Wolthers, artista plástica
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Entretanto, quem visitar a galeria Matias Brotas pode também procurar por pontos de desequilíbrio e estranheza, como uma mancha azul em meio ao verde tropical. Vale também observar como as formas se repetem nas 13 obras, como se as peças conversassem entre si.

INTERVENÇÕES

“Confluências em Verde” celebra os 25 anos de atividade da artista, mas marca também o início do Projeto ArteCRIA na Galeria Matias Brotas. Crianças de 5 a 11 anos vão visitar o espaço e criar suas próprias obras de arte inspiradas e provocadas pelo trabalho de Mai-Britt. A ideia é que as peças produzidas pelas crianças façam parte também da exposição.

A galerista Lara Brotas explica que no Dia das Crianças (12 de outubro), as famílias dos alunos participantes do projeto serão convidadas para conferir a exposição de Mai-Britt com as intervenções dos pequenos artistas. “A ideia é atrair o olhar das crianças para a produção artística e provocar o pensar e o sentir através de uma parceria com as escolas”, esclarece.

SERVIÇO

Confluências em Verde

Quando: até 11 de outubro. Visitação de segunda a sexta, das 10 às 19h; aos sábados com agendamento.

Onde: Galeria Matias Brotas, localizada na Av. Carlos Gomes de Sá, 130, Mata da Praia, Vitória.

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