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Maurício Meirelles traz 'Webbullying' a Vitória nesta semana

Maurício Meirelles traz "Webbullying" a Vitória nesta semana

Humorista retorna ao Estado para apresentação do espetáculo "Stand-up Comedy + Webbullying" e faz graça com costumes capixabas

Publicado em 12 de setembro de 2019 às 18:51

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Maurício Meirelles, comediante. (Edu Moraes/Divulgação)

Conversar com Maurício Meirelles é sempre treta e bafulê na certa. Conhecido por causar polêmica por conta das piadas politicamente (in)corretas e por seu humor corrosivo, que, às vezes, chega a passar do ponto, o humorista aproveitou o intervalo de seu programa na Rádio Jovem Pan para conversar por telefone com o Divirta-se.

A ideia é (ou era?) falar sobre o espetáculo "Stand-Up Comedy + Webbullying", que Meirelles apresenta no Teatro da Ufes, em Vitória, no próximo domingo (15). Porém, com ele, nunca dá para seguir um roteiro. Cada assunto é uma espinafrada...

"Alô! Você é de Vitória, Gustavo? Adoro Vitória! Cidade linda! Só não moro aí porque tem muita greve de polícia. Não dá para viver em um lugar assim", dispara, relembrando (e satirizando) o caótico fevereiro de 2017, quando o Estado passou pela crise na segurança pública após os militares paralisarem as atividades por mais de 20 dias.

E as piadas (não posso negar que são espirituosas) com o Estado continuam. "O pessoal de Vitória mora a apenas 6km de Vila Velha (passando pela Terceira Ponte) e acha que está em outro país. Como se fosse um outra sociedade, com outra moeda e costumes diferentes"...

E as "cutucadas" continuam. "Acho engraçado porque é muito próximo. O capixaba acha que tudo é longe... Moro em São Paulo. Aqui, 6km é praticamente virando a esquina", brinca, não escondendo a sua (eterna) dúvida sobre os motivos que levam o Espírito Santo a ser pouco difundido no país.

"É um lugar agradável, com pessoas amigáveis”, ameniza, para voltar a espinafrar segundo depois. "Acho que vocês são os culpados. Não querem que as pessoas conheçam aí para não serem invadidos", ri.

Como sempre existe a lei do retorno, chegou a vez da reportagem partir para cima de Meirelles, tocando em um dos seus pontos fracos. "Você realmente acha, como estão comentando, que o CQC (extinto grupo humorístico da Band que Maurício fez parte) foi um dos responsáveis pela vitória de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018?”.

Neste momento, dá para sentir que o comediante ficou um pouco incomodado, mas respondeu, em tom meio irritado. "Não acho, não! A gente fazia humor e ele estava lá, não podemos esconder um congressista. Sempre demos oportunidade tanto para a esquerda quanto para a direita. Jean Wyllys, por exemplo, teve o mesmo espaço que Bolsonaro. Não tenho culpa se o presidente aproveitou mais", rebate.

E a reportagem continuou avançando, como se estivesse fazendo um webbullying, que o Meirelles tanto adora. "Então, você desmente que apoiou Bolsonaro nas eleições? Também estão comentando isso nas redes sociais".

"Nunca, jamais", correu para responder. "Assim como o Haddad, ele fez o segundo turna das eleições ser uma escolha muito difícil. Os dois polarizaram demais o país e já temos muitos problemas graves para resolver”, acredita, defendo que deveria haver uma terceira via no pleito eleitoral. "É isso que o Brasil precisava para o segundo turno... até José Maria Eymael, Marina Silva... Enfim, esse Fla x Flu da política só gerou atraso", dispara.

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Acho muito radical quando a direita me chama de comunista. Faço piada com o governo Bolsonaro, como fiz quando o PT estava no poder

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POLÊMICAS

Maurício Meirelles, comediante . (Edu Moraes/Divulgação)

"Stand-Up Comedy + Webbullying", o espetáculo, tem em seu ponto alto a interação de Maurício Meirelles com o público. Em um determinado momento, ele chama pessoas da plateia para falar de suas experiências "complexas" de vida. Com um deles, Maurício entra em suas redes sociais e começa a interagir com os contatos do convidado, muitas situações, inclusive, engraçadíssimas, mesmo que um tanto constrangedoras.

"A minha forma de usar o quadro é como um pacto. Não posso perder a responsabilidade de manter o respeito com a plateia. Se sinto que passei do tom, eu paro. Uma vez, descobri uma traição com o webbullying. Não deu em nada para o cara, mas isso só fez com que eu criasse um lema: 'o humor pode constranger, mas não pode machucar e nem humilhar ninguém'", assinala.

Por falar em limites do humor, Meirelles acha que o momento político atual do país é um prato cheio para o humor. "O nosso papel é fazer piada de tudo isso. O comediante tem uma mania de querer emitir opiniões que nem ele entende. O meu objetivo é fazer rir. Se isso causa indignação, mais um ponto para mim. Se faço rir e pensar, mais uma vitória", acredita.

Sempre chamado de "reacionário", pela esquerda, e de "comunista", pela direita, Maurício não se esquiva de nenhuma pergunta. Questionado sobre ser a favor de uma sociedade armada, o comediante fala sem rodeios. "Essa é f***! Tem muita gente que vivencia problemas de segurança, especialmente para quem mora no interior. Porém, sou receoso com o assunto das armas. O brasileiro se irrita com qualquer coisa. Se está chovendo, se a mulher se atrasa, se o motorista deu seta errada no trânsito... Tenho medo de coisas pequenas acabarem em sangue", reflete.

A onda conservadora por que passa o país, em discursos polarizados sobre a homofobia, o racismo e o machismo, entre os vários temas polêmicos da atualidade, também entrou em pauta durante o bate-papo.

"Estamos vivendo uma confusão mental, em preceitos e ideias oriundos de uma ideologia furada. Não é porque a esquerda apoia os gays que o pessoal da direita precisa ser contra eles", analisa, dizendo que defender ou atacar sem consciência é um problema.

"Tem uma extrema esquerda que está errada em achar que tudo é homofobia. Homofobia é matar um gay ou não dar emprego para ele, por exemplo. Criticar, talvez não seja, pode ser somente uma critica mesmo. As pessoas estão cegas em seu extremismo, defendendo bandeiras sem bom senso. Isso gera mais brutalidade", finaliza.

SERVIÇO

Stand-Up Comedy + Webbullying

Quando: domingo (15), às 19h30.

Onde: Teatro Universitário. Av. Fernando Ferrari, 514, Campus universitário, Vitória.

Ingresso: Setor A (R$ 90 e R$ 45), Térreo: Setor B (R$ 80 e R$ 40), Mezanino (R$ 60 e R$ 30). À venda no site www.tudus.com.br ou na bilheteria do teatro, de 15h às 20h. Assinantes de A Gazeta têm 50% de desconto na compra online de ingressos.

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Informações: (27) 3376-0933.

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