Regina Magalhães costumava bater ponto na TV todos os fins de semana - isso há pouco mais de 30 anos. Mais conhecida como Regina Polivalente, a loira foi uma das chacretes do antigo "Cassino do Chacrinha". Depois da morte do Velho Guerreiro, em 1988, ela e algumas companheiras ainda tentaram uma sobrevida fora da grade, mas passou. E Regina voltou a ser um rosto - e um corpão! - anônimo na multidão. Até o carnaval deste ano.
De acordo com o Extra, ao homenagear Chacrinha, a Grande Rio a convidou para ser um dos destaques do carro em que apareciam outras ex-chacretes. Ali me deu vontade de reencontrar este mundo artístico. Fiz curso de teatro na época de dançarina e quero mostrar que estou aqui de novo. Sou de agarrar oportunidades, avisa a carioca, moradora do Vidigal, aos 53 anos.
Formada em Educação Física, segundo o Extra, Regina nunca se descuidou da boa forma. Malha diariamente e quando pode corre na areia da praia sábado e domingo. Intervenções cirúrgicas, ela garante, foram poucas: Tirei uma gordurinha aqui e ali, fiz um Botox..., confessa. Não á toa, ela hoje ganhou dois novos apelidos: Me chamam de Mulher Formol ou Mulher Vinho.
Regina se diverte com as alcunhas, mas diz que Polivalente, com o qual foi batizada pelo próprio Chacrinha, é o que mais a representa. Nunca tive medo de trabalho. Já trabalhei no comércio e até numa barraca de praia quando fiquei desempregada, conta.
COMPETIÇÃO E ASSÉDIO
Executiva de contas numa produtora de eventos, Regina sente saudade dos tempos em que dançava para milhões de brasileiros. Mas também se recorda de uma época em que a vaidade e a disputa entre as chacretes eram enormes: Infelizmente, a mulher compete com a outra. E tinha mesmo isso. Nunca fui de polêmica e não cuido da vida alheia porque a minha já tenho que cuidar e não é fácil, justifica.
Como chacrete, Regina diz que conseguiu dinheiro suficiente para bancar sua faculdade. Se fosse hoje, estaria rica com tanta visibilidade que a internet trouxe, compara. Na época, ela ainda se dividia como subgerente de uma loja num shopping. E lutava contra o preconceito e o assédio: Tem até hoje. Uma vez um diretor de VT que me dava carona quis sair comigo. Disse que não tinha nada a ver, que éramos amigos e ele me ameaçou. A partir de agora não vou botar imagem sua no ar, ele me disse. Eu respondi que era paga para dançar e não aparecer. De fato ele cumpriu a ameaça e eu fiquei receosa de falar com alguém. Até o dia que o leleco Barbosa, filho do Chacrinha e diretor do programa, me perguntou o que estava havendo. Contei o ocorrido. Pouco tempo depois, o tal diretor foi demitido.
PRECONCEITO POR MORAR NA FAVELA
De acordo com o Extra, solteira, ela diz que as cantadas ainda são grandes. Mas sempre soube botar os homens no lugar deles, garante. O que deixa Regina incomodada mesmo é ouvir alguém falando sobre as chacretes: Muitos achavam e acham que éramos profissionais do sexo. Se fossemos, não seria o menor problema. Mas é uma mentira. Cada uma tinha sua cabeça e livre arbítrio e fazia o que queria. Sempre fui bem ajuizada.
O preconceito não esbarrava apenas na profissão de dançarina. Mas também por Regina nunca esconder que foi criada numa favela: Imagina! Moro num lugar lindo, tenho casa própria. Já fui muito parada por policiais querendo saber por que uma loira branca estava subindo o morro. Se isso não é preconceito.....
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