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Casal cria cosméticos eróticos e faz sucesso até fora do Brasil

Casal cria cosméticos eróticos e faz sucesso até fora do Brasil

Elaine Pessini e o marido, José Henrique, ex-coronel da PM, largaram tudo para se dedicar aos novos negócios da família

Publicado em 17 de outubro de 2018 às 17:26

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(Fernando Madeira)

Em 2001, Elaine Pessini, de 41 anos, convidou o marido, José Henrique, de 52 anos, então coronel da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES), para ir a um sex shop. Ele recusou o convite, mas ela decidiu ir à loja por conta própria. Lá descobriu um gel para apimentar a relação sexual: ele aquecia, lubrificava, era comestível e tinha versões com diversos sabores. Ela comprou o produto, usou e pensou: "Quantas mulheres precisam dar uma melhorada no relacionamento mas nunca tiveram contato com esses produtos?". Foi a partir da pergunta que a sexóloga capixaba começou a investir numa fábrica de cosméticos há quase 10 anos. 

Atualmente, Elaine, sua família e outros 22 funcionários da empresa vivem exclusivamente da fábrica, a única do Espírito Santo e uma das seis do Brasil que se dedicam à fabricação de produtos eróticos. O marido da sexóloga pediu licença da PM em 2012 e cursou Química. O hoje coronel da reserva é também responsável pelas fórmulas dos produtos vendidos pela marca. Já o filho, Luiz Henrique, de 20 anos, estuda Administração já de olho na direção da empresa.

A capixaba, que tem escritório até em São Paulo, hoje é diretora comercial da empresa, a Pessini Cosméticos, que envia o que é produzido no Espírito Santo para Estados Unidos, Emirados Árabes e para países da América do Sul e da África. 

Apesar de não declarar o faturamento, ela revela que a empresa tem capacidade de produzir até 400 mil unidades de géis por mês e vende em torno de 1,5 milhão de unidades por ano. A linha mais famosa é a de géis de massagem com sabor que custam entre R$ 20 e R$ 40. Hoje, o catálogo da empresa possui mais de 85 itens entre géis, cremes, loções, sabonetes e outros produtos para cabelo e corpo.

O INÍCIO

Tudo começou quando Elaine, que desde seus 17 anos vendia lingerie de porta em porta, entrou em contato com um fabricante do gel para revendê-lo no Espírito Santo. "À época aqui só tinha um sex shop, na Enseada do Suá, em Vitória. Então o mercado era bastante promissor e poucas pessoas conheciam. A fornecedora só vendia lotes com 100 géis", lembra. O lote custava em torno de R$ 150 e Elaine pediu o valor emprestado para o marido. "Comprei e fiquei sem saber o que fazer com aqueles 100 géis. Até que saí, levei a uma loja de lingerie que já era minha cliente e eles compraram 50 unidades. Aí já fiquei animada. Em seguida, fui a um outro estabelecimento e a dona comprou todo o resto", completa.

Aspas de citação

Se os casais começassem a usar cosméticos eróticos, eles iriam tornar o gel, por exemplo, um produto de primeira necessidade

Elaine Pessini, diretora comercial da Pessini Cosméticos
Aspas de citação

Após vender tudo em apenas um dia, ela percebeu que o negócio poderia se tornar a renda principal da família: "Com os 100 géis eu consegui juntar R$ 600. Contei para o meu marido e ele me disse para investir tudo em mais mercadoria erótica para continuar revendendo. E assim foi", frisa.

Não demorou muito e Elaine já possuía mais de 180 clientes fixos. Além disso, passou a vender os cosméticos eróticos para outras lojas. "As lojas de lingerie, por exemplo, antes não tinham gel íntimo que aquece para vender, então mulheres que não entravam em sex shops passaram a conhecer essa novidade", completa.

CÂNCER

Em meio ao turbilhão dos negócios dando certo, em 2005, Elaine e o marido tiveram uma péssima notícia: o filho do casal, então com seis anos de idade, foi diagnosticado com câncer. "Foi um momento muito delicado. Tudo desmoronou e eu parei de revender os cosméticos, fiquei só com alguns clientes de lingerie. Eu não tinha como continuar no ritmo de trabalho que eu estava", lembra.

Sem o fornecimento de Elaine, seus clientes passaram a comprar diretamente com os fornecedores. "No ápice do meu desespero, eu decidi sair do mercado e abri o jogo com o meu marido. Disse para ele: 'ou você faz Química ou Farmácia e a gente monta nossa fábrica ou eu vou voltar a trabalhar só com lingerie", aponta.

Em resposta ao ultimato da esposa, em dezembro de 2005, José Henrique chegou em casa com um jornal em mãos e apontou para Elaine que havia passado em segundo lugar no vestibular de Química. "Ficamos super contentes e começamos a poupar dinheiro. Não saíamos de casa para nada. Em 2008 pegamos um empréstimo, juntamos com o que tínhamos poupado e começamos a construir a fábrica", conta.

21 DE DEZEMBRO DE 2008

Elaine guarda essa data com muito carinho na memória. Foi quando a fábrica de cosméticos eróticos da família, localizada na Ponta da Fruta, em Vila Velha, teve sua obra concluída. Pouco depois, no início de 2009, com as devidas licenças e os registros  de órgãos de controle em mãos, a fábrica começou a operar. "Começamos na linha sensual, com vários itens, e hoje já expandimos para produtos de cabelo e corporais", revela.

O TABU

De acordo com Elaine, o tabu ainda é muito forte quando o assunto é "produto erótico". No entanto, ela conta que passou a trabalhar com seus produtos sob um olhar alternativo. Segundo ela, nem as embalagens dos itens que ela produz remetem a produtos sensuais. "Nós sempre trabalhamos o nosso marketing apostando em refletir o fortalecimento da família. O casal que nunca usou um gel, por exemplo, não sabe como um produto desses pode fortalecer o relacionamento", dispara.

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Elaine pondera que, segundo estudos, cerca de 80% dos casais no mundo todo nunca utilizaram nenhum tipo de produto sensual. "Até por isso é um bom nicho de mercado a ser explorado. Costumo dizer que o mercado está aberto. No Estado só temos a minha empresa e, no Brasil todo, só existem outros cinco empreendimentos da mesma natureza", conclui.

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