A volta do crescimento econômico

Caminhos para o Estado crescer e gerar empregos


Caminhos para o Estado crescer e gerar empregos

Construindo as bases para o crescimento
Construindo as bases para o crescimento
Foto: Arquivo

 A retomada econômica dos Estados depende, em grande medida, da recuperação da economia nacional. Contudo, na maneira como cada um deles enfrentou esse período de crise estão indícios de como poderão aproveitar as oportunidades que virão com a retomada. Nesse aspecto, o Espírito Santo aparece, na avaliação de especialistas, como um destaque nacional, enquanto outros Estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul são colocados na relação de gestões com sérias dificuldades.

 A partir da organização da gestão capixaba e do ajuste fiscal aqui praticado, os caminhos para a colheita dos frutos da retomada podem ser trilhados com mais clareza. Para o economista Aridelmo Teixeira, o Governo do Espírito Santo precisa atacar pelo menos três frentes: ajustar o sistema previdenciário estadual, melhorar o ambiente de negócios e atuar na redução do atrito entre atividades empresariais e o Estado.

 "O gasto do Estado com o sistema previdenciário vem crescendo à taxa de 10% ao ano. Se não ajustar, em quatro anos todo o esforço para equilibrar as contas vai por água abaixo. Tem que, prontamente, adequar a folha de inativos para garantir a manutenção do equilíbrio fiscal", afirma o economista.

Aridelmo também considera importante pacificar a concessão de programas de incentivo ao desenvolvimento para empresas se instalarem no Estado. "No Espírito Santo há uma parcela pequena, mas ruidosa, que fica constantemente questionando os incentivos, e isso gera insegurança para quem quer vir para o Estado. Isso joga contra, aumenta a instabilidade jurídica e dificulta a criação de investimentos", comentou.

O economista Orlando Caliman concorda que um cuidado específico com a previdência estadual é fundamental para as contas continuarem equilibradas. Ele destaca que o Estado, hoje, reúne fatores que poderão fazê-lo sair na frente com a recuperação econômica nacional.

"O Espírito Santo está em situação razoavelmente melhor que a dos outros Estados porque não está em crise fiscal, o que seria um fator limitante para atrair e implementar negócios. O Estado já entra na frente, com um patamar de atratividade melhor. É organizado e tem uma gestão que funciona", avalia.

Caliman observa que um bom caminho para o Estado é aproveitar o as oportunidades de fora do Brasil. "A economia mundial está muito melhor que a economia brasileira. Isso abre espaço e oportunidades para o Espírito Santo naquilo em que ele já tem de competências", comentou.

De acordo com o secretário estadual de Economia e Planejamento, Regis Mattos, o governo estadual está focado em preservar o ajuste fiscal e retomar o crescimento. "É o planejamento e a responsabilidade fiscal que permitem os avanços sociais. Além disso, buscamos ter um ambiente com impostos baixos, com um programa de incentivos ao investimento acessível aos empreendedores, como Compete e Invest. São iniciativas que o governo do Estado tem tomado para ajudar na recuperação da economia do Espírito Santo", comentou.

País precisa de reformas, dizem especialistas

Por mais que a crise atual apavore lares dos mais de 13 milhões de brasileiros desempregados, ela também carrega consigo um aspecto positivo, o de colocar o país dentro de um debate mais qualificado sobre a má administração do dinheiro público e sobre como não repetir erros do passado. É o que observam estudiosos da realidade política e econômica do país. Eles destacam que própria escassez tem seu lado pedagógico.

O caráter transitório do governo, a crise, o fundo do poço, a retirada de uma presidente por irresponsabilidade fiscal, tudo leva àquelas que, segundo a economista da Fucape Arilda Teixeira, são as únicas duas opções que temos. "É fazer reformas ou fazer reformas", diz ela, antes de prosseguir: "A sensação que está sendo alimentada é justamente essa, a de que há preocupação maior com a qualidade do gasto".

Nesse contexto, surgiram discussões sobre temas, como reformas previdenciária, trabalhista e teto para o crescimento dos gastos. Até o preconceito de falar sobre concessões e privatizações de empresas públicas perdeu forças.

O economista Paulo Tafner sublinha que a foi a desorganização fiscal que levou o país a esse cenário. “Até pouco tempo, as soluções jamais passavam por aumentar a eficiência do gasto, mas por aumentar a despesa. Foi até que chegamos em situação de desorganização fiscal, com desemprego enorme. O problema não é a falta de dinheiro. É a má gestão. Não adianta gastar mais em Saúde, se temos desvios enormes, se médicos não vão dar plantão. Da mesma forma com relação a benefícios, assistência e previdência", diz Tafner.

Já o economista Laudeir Frauches insiste na ideia de que a melhor política social é a melhor política econômica. "O Estado brasileiro gasta mais do que recebe. Isso eleva o endividamento, provoca juros elevados. A melhor política social é a melhor política econômica. Gastamos mais do que recebíamos e o resultado é o que vemos hoje: recessão, desemprego", opina.