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Podendo sediar Mundial Sub-17, como está a categoria de base no ES?

Podendo sediar Mundial Sub-17, como está a categoria de base no ES?

A falta de recursos já tão sabida para os times profissionais é infinitamente maior quando se fala da base, mas 12 equipes do SUB-17 estão inscritas no Estadual deste ano

Publicado em 18 de abril de 2019 às 17:43

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Time Sub-17 e Sub-15 da Desportiva. (Ricardo Medeiros)

Com grandes chances de sediar o Campeonato Mundial de Futebol Sub-17, o Espírito Santo tenta fazer suas categorias de base sobreviver. A realidade é dura, a falta de recursos já tão sabida para os times profissionais é infinitamente maior quando se fala da base, mas 12 equipes capixabas estão inscritas no Estadual deste ano, que deve começar no início de maio.

A competição já devia ter a bola rolando desde meados de abril, mas o atraso no repasse de verba do governo federal para custear as despesas com a arbitragem do torneio só conseguiu ser assinada na última semana. O montante, requerido pela Secretaria de Esportes e Lazer do ES e Federação de Futebol do Estado, é de R$250 mil.

Entre dificuldades e sonhos estão muitos garotos que batalham por melhores oportunidades no meio. O discurso deles é parecido: o de se destacar e beliscar uma vaguinha em um lugar em que o esporte os oferte mais oportunidades de crescer.

"O futebol capixaba deveria ser mais valorizado, a gente faz por amor. A gente vê o campeonato como uma forma de se sair bem para conseguir alguma coisa lá fora e poder ajudar a família", disse o meia da base da Desportiva, Artur Almeida, de 17 anos. Na mesma toada, seu colega de equipe, Daniel Siqueira, também pensa mais longe.

"Sonho em jogar em um grande clube. A Desportiva é o maior clube do Estado e a gente quer levar esse campeonato. É importante se destacar para conseguir, quem sabe, ser contratado lá fora", acrescentou o atacante conhecido como De Flash. 

Dos times da Grande Vitória, Rio Branco e Serra não vão participar da competição. Vitória e Desportiva seguem na disputa, mesmo com claras dificuldades financeiras e estruturais, como conta o treinador alvianil, Cosme Eduardo.

Artur Almeida e Daniel Siqueira, jogadores do Sub-17 da Desportiva. (Ricardo Medeiros)

"Fomos o último clube a entrar na tabela. Eu já treinava a garotada do CTCE e procurei o Vitória para que pudéssemos representar o clube. Treinamos todos os dias na Curva da Jurema, na praia, porque o estádio é destinado para a equipe profissional. Estamos buscando parceiros para nos ajudar nas despesas", revela.

À frente da base do Sub-17 da Desportiva, Andinho Almeida tem treinado os atletas três vezes na semana, em Vila Velha. "Para participar os atletas que têm condições pagam os custos de viagem e inscrição, e os que não têm são ajudados por alguns pais de jogadores. A gente sabe que apoio financeiro é difícil. A Desportiva nos sede o estádio para jogar, mas realmente fica difícil para o clube bancar os custos. A gente vai tentando sobreviver de uma forma ou de outra."

Fora do Estadual Sub-17, o Rio Branco disse pretender voltar com essa categoria de base no próximo ano. "Nos últimos anos, a base foi terceirizada, o que inviabilizou melhores investimentos por conta da falta de credibilidade dos projetos. A partir de agora, o Rio Branco Atlético Clube assume toda gestão das categorias da base, através de uma diretoria exclusiva, com o propósito de buscar investimento e fazer uma integração com o elenco profissional. A equipe Sub-20 já está montada. A diretoria da base, neste momento, faz análises técnicas e econômicas para definir se as atividades do Sub-17 e Sub-15 iniciam nesta ou na próxima temporada", disse em nota.

O Serra, que disputa a Série D do Campeonato Brasileiro com o seu time principal, também está fora da disputa com a garotada. O presidente do tricolor serrano explica a não participação do clube em 2019.

"No ano passado até participamos com o Sub-15 e Sub-17, tivemos alguns problemas e agora estamos priorizando a Série D. Nosso estádio não comporta todas essas categorias, por isso não vamos participar para poder voltar todas as atenções para esse projeto do Brasileirão com o profissional. Continuamos ainda com o Sub-20" (que é obrigatório), revela o presidente do Serra João Batista Piol.

Já no interior do Espírito Santo, o Real Noroeste se destaca pela base forte. O maior fruto do clube de Águia Branca foi revelar o atacante Richarlison, hoje no Everton da Inglaterra. Richarlison começou no Sub-15 da equipe merengue. Lá, as categorias de base que atuam no momento são a Sub-15, Sub-17 e Sub-20. Esta última disponibilizou vários atletas que estão sendo aproveitados pelo time profissional.

REPASSE DE R$250,00

O Convênio Federal "Bola no Pé", no valor de R$ 249.475,60, vai destinar recursos principalmente para as disputas de categorias de base no Estado, além do Campeonato Interligas. O atraso no repasse, por conta da fusão do Ministério do Esportes com Ministério da Cidadania, acabou fazendo a competição sofrer um pequeno atraso, como explica o presidente da Federação de Futebol do Estado Espírito Santo, Gustavo Vieira.

"A competição está confirmada e trabalhamos com a captação de recurso público do governo federal que a gente tem parceria com a Sesport. Porém houve a fusão do Ministério do esporte com Ministério da cidadania. Fui em Brasília, junto do Secretário de Esportes para requisitar a liberação do recurso e já foi assinado no início da semana. O recurso vai atender os campeonatos Sub-15, Sub-17, Sub-20 e Interligas (competição amadora). O dinheiro será gasto com a arbitragem e a Federação vai dar as bolas."

O secretário de Esportes, Junior Abreu, ressaltou a importância de manter campeonatos de base no Estado, além de se mostrar otimista a possível vinda do Mundial para terras capixabas.

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"A gente sabe da importância da base para o Espírito Santo, a Sesport tem trabalhado para ajudar novos talentos a ser descobertos. O Sub-17 tem papel importante na inclusão, principalmente do garoto de comunidades carentes, é a porta de entrada para o futebol profissional. Nós não temos medido esforços para avançar nesse sentido.  Se conseguirmos trazer o Mundial de Sub-17, teremos uma visibilidade maior, chamando a atenção das pessoas para esse tipo de futebol aqui no Estado."

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