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Detentos atuam na manutenção do Kleber Andrade para o Mundial Sub-17

Detentos atuam na manutenção do Kleber Andrade para o Mundial Sub-17

Sete internos da Penitenciária Semiaberta de Vila Velha (PSVV) fazem serviços de limpeza e de manutenção do estádio

Publicado em 20 de setembro de 2019 às 17:05

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A pouco mais de um mês para a Copa do Mundo Sub-17, o Estádio Kleber Andrade recebe detentos da Penitenciária Semiaberta de Vila Velha (PSVV) para trabalharem no local. Sete homens estão em Cariacica há algumas semanas, trabalhando de segunda a sexta-feira, realizando serviços gerais de manutenção.

Patrick de Souza é um dos sete detentos que estão trabalhando no Kleber Andrade. (Divulgação/Sesport)

Com o objetivo de fomentar a ressocialização, as Secretarias de Estado de Esportes e Lazer (Sesport) e da Justiça (Sejus) firmaram parceria para direcionar os internos para o trabalho na praça esportiva. Para participar do projeto, eles devem estar em regime semiaberto e passam por uma avaliação da Comissão Técnica de Classificação (CTC) da Sejus, composta por uma equipe multidisciplinar com psicólogos, assistentes sociais e inspetores penitenciários, a fim de avaliar questões técnicas e psíquicas do preso para aptidão ao trabalho. Comportamento e histórico do detento durante o cumprimento da pena também são avaliados. 

O responsável da Sesport pelo estádio, Fernando Couto, fez elogios à iniciativa. “O trabalho executado por eles tem sido excelente, não tivemos nenhum problema. Todos são muito prestativos e têm nos ajudado a suprir um pouco da carga de trabalho, principalmente depois dos jogos que acontecem aqui e nesse período que antecede a Copa do Mundo Sub-17”, explicou.

Para a subsecretária de Ressocialização da Sejus, Roberta Ferraz, esse é um exemplo que demonstra que é possível consolidar um programa integrado de oportunidades para os internos. 

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A Sejus está sempre buscando parceiros para gerar oportunidades aos internos. A realidade dos nossos presídios é que muitos chegam com baixa escolaridade e sem instrução profissional. Ao sair tiveram acesso ao estudo formal e a cursos de qualificação. São ações que potencializam a ressocialização de pessoas, buscam a transformação do indivíduo e fazem com que eles retornem para a sociedade preparados para uma nova realidade, longe do crime

Roberta Ferraz, subsecretária de ressocialização da Sejus
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EMPOLGAÇÃO

Pela primeira vez trabalhando no Kleber Andrade, a maioria nunca tinha visitado o estádio antes, mas a paixão pelo futebol está em todos eles. Flamenguista, Rafael Bazon, de 25 anos, tem previsão de cumprir pena até janeiro e contou que nunca tinha visitado a arena, mas que está muito feliz em repará-la para a Copa.

“Vai ser uma experiência diferente, uma novidade. Vai ter muita gente de fora, jogadores que não são daqui. Eu nunca estive aqui antes, também não sei como vai ser durante os jogos, mas é muito gratificante fazer parte disso”, afirmou Rafael, que além de trabalhar no estádio também se formou durante seu período na penitenciária. Por meio de atendimentos sociais, ele conseguiu concluir o Ensino Médio e fez um curso de Administração.

Patrick de Souza, de 26 anos, cumpre pena na PSVV e explica que tem se sentido mais produtivo com a oportunidade de trabalho no Kleber Andrade. “Eu sou acostumado a trabalhar, era serralheiro de alumínio antes de ser preso. Aqui, eu faço serviços gerais como limpeza dos banheiros, arquibancadas, vestiários. Mas aproveito o tempo e me sinto mais útil”, afirmou.

Já Margleydson de Oliveira, de 27 anos, que está prestes a receber liberdade, conta que já teve outros três empregos enquanto cumpre pena e que o salário é de grande ajuda, principalmente aos familiares.

“Aqui no Kleber Andrade, o serviço é bom, as pessoas nos tratam bem. Além disso, o dinheiro ajuda bastante a minha família. É um adianto para dentro de casa, ainda mais com a nossa condição e a condição do país”, contou.

REGRA ATUAL

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O trabalho do preso está previsto na Lei de Execuções Penais (LEP) e garante a remição da pena e a remuneração de um salário mínimo mensal, dividido em três partes iguais. Na regra atual, 1/3 do pagamento é destinado ao preso trabalhador, 1/3 para sua família e a outra parte para constituição do pecúlio penitenciário, uma poupança a qual o preso trabalhador só tem acesso após a liberação do alvará.

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