Incontáveis patrocínios, premiações exorbitantes, vida glamourosa. Essa é a realidade de muitos atletas de alto rendimento pelo mundo afora, mas está longe de ser o que vive o capixaba André Stein, parceiro do carioca Evandro. Atual campeã mundial de vôlei de praia, a dupla está sem patrocínio e em uma situação financeira para lá de instável.
Sargento da Marinha, o único retorno financeiro que André tem atualmente é o salário de militar. Canela-verde, ele deixou o Espírito Santo no início do ano passado para viver e treinar no Rio de Janeiro. Por conta disso, perdeu o Bolsa Atleta estadual, enquanto o Bolsa Atleta federal ainda não foi publicado este ano.
Em 2017, os atletas subiram ao pódio cerca de oito vezes, por isso conseguiram fechar o ano com o saldo positivo, principalmente por conta do título do Circuito Mundial e da Copa do Mundo de Viena.
Para ganhar dinheiro mesmo tem que disputar o Mundial. No Brasileiro, só sobra dinheiro se ficar em primeiro em todas as etapas. Muitos atletas do vôlei de praia vivem essa mesma situação e no máximo têm apoio com alimentação, academia, não chega a ser um valor que cubra despesas. Muitos gastam mais do que ganham.
A equipe de André e Evandro tem oito profissionais, entre nutricionista, fisioterapeuta, psicólogo, técnico e auxiliar, um custo mensal que gira em torno de R$ 35 mil.
No mês passado, a dupla foi vice-campeã na etapa de Fortaleza do Circuito Brasileiro. Como premiação, R$ 30 mil, que devem ser divididos para os dois: descontados os impostos, 30% do valor é para a equipe. No caso de André, a grana vai para aluguel, alimentação, condomínio, passagens aéreas para visitar a família, entre outros gastos. É difícil sobrar no fim do mês.
Ganhar virou obrigação. Tento não ficar preocupado, mas não tem como não pensar. Que a premiação não sirva como pressão, mas como injeção de ânimo, porque a gente precisa do dinheiro.
Preocupação para Tóquio-2020
Quando conquistou o tão almejado título mundial, André Stein imaginou que a situação financeira da equipe fosse melhorar. Foi como se tivesse voltado ao ano passado de novo, no zero. Claro que a premiação que a gente ganhou deu uma condição melhor. Mas quem vive a vida de perto sabe que não tem glamour. Sozinho, longe de casa, vivendo de aluguel.
O capixaba lembrou do início na modalidade, quando disputava o Qualifying e praticamente pagava para jogar. "Foi no ano passado que comecei a ganhar competições relevantes. Antes meus pais me ajudavam no classificatório. Lá não ganha hotel, alimentação. Se perder, está fora e seu dinheiro fica ali.
André admite que a dificuldade financeira acaba influenciando no projeto Tóquio-2020. Com patrocínio ou sem, temos que dar nosso melhor. Se não paga uma boa equipe, você não tem resultado. Se você não tem resultado, não tem como pagar uma boa equipe. Essa falta de verba influencia.
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