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Destaques dos Jogos Escolares sonham com a carreira profissional

Destaques dos Jogos Escolares sonham com a carreira profissional

Geração de ouro da natação e do handebol rende buns frutos ao Espírito Santo. Conheça a história dos jovens atletas

Publicado em 7 de dezembro de 2018 às 21:27

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Já virou tradição. O Espírito Santo costuma brilhar com jovens talentos nos Jogos Escolares da Juventude. Só esse ano, em Natal (RN), foram 23 medalhas. E por trás de cada conquista no maior evento estudantil esportivo do Brasil, histórias de dedicação dos atletas e de apoio e cobrança dos treinadores.

A nadadora Maria Luiza Coutinho, do Álvares Cabral. (Carlos Alberto Silva)

A nadadora Maria Luiza Coutinho é um desses exemplos de superação e força de vontade. Aos 16 anos, ela esteve em Natal representando o Álvares Cabral e a Escola Estadual Adolfina Zamprogno, de Vila Velha. Especialista em provas curtas, ela foi medalha de prata no revezamento 4x50 livre feminino juvenil e bronze nos 50m livre feminino juvenil.

Este foi a quinta vez que Maria disputou os Jogos Escolares. Em quatro, conquistou pelo menos uma medalha - até mesmo quando contraiu uma bactéria no tornozelo e correu o risco de perder a perna.

Há cerca de quatro anos, a nadadora estava na disputa dos Jogos Escolares. Durante uma brincadeira no hotel, ela machucou o tornozelo, mas seguiu competindo e ganhando as provas. A vontade de nadar, porém, agravou o problema.

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Foi uma espécie de arranhão, mas abriu e entrou bactéria. Era temporada de competição, então continuei nadando, mas depois eu não conseguia nem colocar o pé no chão. Meu pé ficou vermelho, foi subindo, fiquei com febre e acabei internada por 25 dias. Estavam achando que poderia ser trombose, eu tinha risco de perder a perna. Agora eu até rio da situação, mas foi uma superação, eu poderia não estar nadando ou subindo ao pódio

Maria Luiza Coutinho - Nadadora do Álvares Cabral
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A nadadora Maria Luiza Coutinho, do Álvares Cabral. (Carlos Alberto Silva)

Com passagens pelo Sesc e Libanês, Maria está no Álvares Cabral há três anos sob comando do técnico Ozimar Gomes. O brilho da jovem atleta chamou a atenção de outros equipes de fora do Espírito Santo. Ela optou ficar no clube de Bento Ferreira.

“Já tive propostas de São Paulo, Minas Gerais, mas por enquanto quero ficar. O Ozimar me ajuda o tempo todo, eu o admiro muito. Ele muitas vezes deixa de ficar com a família dele para ficar coma gente, coisa que nem todo técnico faz. Ele é um técnico amigo, dedicado, já formou vários atletas de nome”, disse Maria, que se espelha na campeã mundial e também velocista Etiene Medeiros.

Treinador também é conselheiro

Com 36 anos como técnico de natação, Ozimar Gomes perdeu as contas de quantos diamantes já lapidou. Experiente, ele foi o treinador da seleção capixaba nos Jogos Escolares da Juventude, em Natal.

“Apesar de ser uma competição de escolas, o Álvares é o grande fornecedor de atletas para os Jogos Escolares. Sempre nos destacamos a nível nacional”, relata.

A nadadora Maria Luiza Coutinho e o técnico Ozimar Gomes, do Álvares Cabral. (Carlos Alberto Silva)

Ozimar acompanha de perto a evolução de Maria Luiza Coutinho e tem do que se orgulhar. “Ela se destaca há muito tempo, é medalhista nos Jogos Escolares desde o infantil. Apesar da idade, tem um currículo muito bom na natação”.

E cabe ao treinador, ainda, o papel de conselheiro. Quando a nadadora foi assediada por outros clubes, ele conversou com a família. Não era o momento de Maria Luiza deixar o Álvares Cabral. “É um processo natural: o atleta evolui, aparece para o Brasil e surgem as propostas. Quando ela foi sondada, falei com a família para esperar um pouco, deixar ela amadurecer mais para sair no tempo certo. Ela é uma ótima atleta e uma menina muito doce”, finalizou. 

Conquistas são frutos de dedicação e paixão

A escola Castro Alves, em Cariacica, é sinônimo de conquistas no handebol escolar. O colégio é simplesmente pentacampeão infantil e tetracampeão juvenil quando se trata de Jogos Escolares. Em Natal, no mês passado, as meninas do infantil foram campeãs e as do juvenil ficaram com a medalha de bronze. E a trajetória vitoriosa passa pelo técnico Emerson Erlacher: foi ele quem implantou o handebol no colégio em 2003.

“De 2007 para cá, sempre tivemos pelo menos um título nacional por ano. Em alguns anos, conquistamos mais de um título. Não tem segredo, é trabalhar com paixão, com amor, e acreditar que é possível.”

Entra equipe, sai equipe, o Castro Alves sempre consegue montar elencos fortes. Está nas mãos de Emerson a tarefa de detectar os talentos, seja dentro ou até mesmo fora da escola. E quanto mais cedo melhor. Meninas com 10, 12 anos já podem se destacar a ponto de garantir uma vaga no time.

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Primeiramente a pessoa tem que ter uma certa habilidade na locomoção: saber correr, se deslocar, fazer giro com velocidade. Essas já saem na frente. O handebol é a única modalidade que se usa as mãos que não exige que a atleta seja alta ou baixa. Posso começar a treinar uma menina de 10 anos, que nunca pegou em uma bola, e transformá-la numa atleta top em quatro anos.

Emerson Erlacher - Treinador do Castro Alves
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O time juvenil de handebol do Castro Alves. (Acervo pessoal)

E muito mais do que comandar uma equipe escolar multicampeã, Emerson precisa ter jogo de cintura para trabalhar com dezenas de meninas adolescentes. Muitas, inclusive, tem nele a figura paterna. Não é fácil, mas é recompensador.

“Tem pai que brinca comigo: ‘Minha filha respeita mais você do que eu’ (risos). Trabalhar com o sexo feminino não é fácil, ainda mais quando é jovem. Os meninos costumam brigar em quadra e 10 minutos depois está tudo bem. Com meninas nem sempre é assim. Mas eu sempre me candidato a fazer o mais difícil, porque o fácil todo mundo faz. Dessa forma tenho mais chances de ser campeão.”

Capitã e com orgulho

O time juvenil do Castro Alves ficou em terceiro lugar nos Jogos Escolares, em Natal. Apesar de não ter subido no lugar mais alto do pódio, a competição foi especial para a armadora esquerda Amanda Lemos. Este é o último ano escolar da jogadora, que tem 17 anos e foi a capitã da equipe. Dos seis Jogos Escolares que ela disputou, em apenas um não subiu ao pódio. “É a competição mais importante do ano. E gosto muito de ser capitã, é uma responsabilidade”.

A armadora Amanda Lemos, do Castro Alves. (Acervo pessoal)

A história de Amanda no Castro Alves começou quando ela tinha 11 anos. A mãe dela visitou o colégio à procura de um teste para a filha. Amanda, que até então estudava em escola pública, passou e ainda ganhou uma bolsa de 100% para estudar. “Era mês de férias, a quadra tinha areia, brita, poça… Fiz os testes, ela passou e ainda falei que daríamos uma alimentação reforçada para ela. A mãe começou a chorar”, disse o técnico Emerson Erlacher.

Nesse meio tempo, Amanda se destacou em diversas competições e atraiu interesse de outras equipes, mas decidiu ficar no Castro Alves até atingir a idade limite de 17 anos. Este foi o último ano dela na equipe. “Por tudo que eles fizeram por mim, não era justo eu largar de mão no meio do caminho. Devo ir jogar em São Paulo no ano que vem. Quero ser uma jogadora profissional e chegar à seleção”.

Atualmente o Castro Alves tem duas atletas na seleção brasileira infantil e uma na seleção brasileira cadete. Além disso, 13 jogadoras que já passaram pelo Castro Alves disputaram Mundial ou Sul-Americano pela seleção brasileira.

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