Dois anos depois da última aventura, o triatleta e ultramaratonista de montanha João Vitor Novaes, 35 anos, parte hoje para um grande desafio. Foi em 2017 que o atleta tentou pela primeira vez chegar ao cume do Aconcágua em um prazo de sete dias. Na época, João bateu na trave e ficou a 200 metros do cume.
Dessa vez, o capixaba contou que fará o trajeto rumo ao ponto mais alto das Américas com mais dois dias de prazo. Normalmente, as pessoas gastam em média 20 dias para concluir a caminhada.
Eu estou com um planejamento focado em concluir o percurso em 9 dias. É a mesma ideia de 2017, mas dessa vez vou descansar 2 dias para conseguir chegar ao cume, contou o ultramaratonista de Vitória.
João explicou que a falha de 2017 foi justamente essa: embarcar na aventura sem contar com as pausas. Tentamos fazer em 7 dias, foi um plano audacioso demais, exagerado. Ficamos sem descanso, o corpo ficou sobrecarregado.
O ultramaratonista contou que, em provas como essas, todos os limites do corpo são testados. Isso porque a medida em que se aumenta a altitude, as dificuldades crescem.
Depois dos 5.500 metros o corpo já não responde normalmente, não funciona como deveria funcionar. Para cada 100 metros que você sobe, os efeitos são enormes e muito graves, disse.
Em 2017, o atleta chegou a ficar 1 dia inteiro na barraca debilitado e sofrendo o mal de altitude depois de chegar aos 5.500m.
dificuldades
Para alcançar o ponto mais alto das Américas e o maior do mundo fora do continente asiático, onde fica o Everest, é preciso ir além da coragem, vontade e disposição.
Tudo tem que estar programado. A gente come muito a comida de astronauta, mas um dos efeitos da altitude é o mal-estar, enjoo. Por isso é importante levar comidas que você vai ter vontade de comer de verdade, contou.
A hidratação também é fundamental. Como enfrentam um frio de até -35°C, o maior problema não é a transpiração, mas a quantidade de vapor de água perdidos na através da própria respiração.
O ideal é tomar 7 litros de água por dia, quase três vezes o que tomamos aqui, no nível do mar. No acampamento base tem água. Mas dali pra cima, temos que descongelar gelo.
SABEDORIA E REFLEXÃO
Mais que um desafio físico, chegar ao cume de um dos picos mais altos do mundo é uma forma de desenvolver o auto conhecimento. É uma jornada onde você aprende com os erros, e isso você leva para a vida. Você aprende os limites do corpo, e uma decisão errada pode ser fatal. Quando você precisa lidar com situações como essas, se torna uma pessoa mais segura, contou o atleta.
De acordo com João Vitor, a decisão de voltar para casa em 2017, a 200 metros do cume, foi uma prova do amadurecimento pessoal. A sensação que eu tive foi de sabedoria. O mais difícil é saber a hora certa de dar meia volta e ir embora, tomar a decisão correta. Saber o momento ideal de para e voltar, reconhecer que ultrapassou o limite do corpo, exige muito autoconhecimento.
O TAMANHO DO DESAFIO - ACONCÁGUA
País: Argentina
Cidade: Mendonza
Localização: Cordilheira dos Andes
Altitude: 6.961 metros
Curiosidade: O Monte Aconcágua é a maior elevação do mundo fora da Ásia, onde se concentram os grandes elevados da Terra. O maior deles é o Everest, com 8.848m de altitude.
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