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Mundial de Parapente leva emoção e show de cores em Baixo Guandu

Mundial de Parapente leva emoção e show de cores em Baixo Guandu

A Superfinal, que reúne os melhores pilotos do mundo, movimentou o Noroeste do Estado e termina hoje. Quem será o grande campeão mundial?

Publicado em 29 de março de 2019 às 20:42

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Superfinal do Mundial de Parapente, na rampa do Monjolo, em Baixo Guandu. (Carlos Alberto Silva)

É tirar os pés do chão e ver as maravilhas do Espírito Santo de um outro ângulo. É ter a sensação de liberdade, paz e, ao mesmo tempo, responsabilidade. É saber que cada voo vai proporcionar emoções e pontuações diferentes também. Afinal, voar é passatempo para alguns e profissão para outros. Baixo Guandu é considerada a capital capixaba de voo livre e sediou nas últimas semanas a maior competição de parapente do mundo: a Superfinal do Mundial, que recebeu cerca de 140 pilotos de 30 países.

E o palco que reuniu os pilotos mais experientes do mundo é a rampa do Monjolo, considerada uma das melhores do Brasil e do planeta. Neste sábado (30) é o último dia de evento, que promete atrair milhares de pessoas para assistir a um verdadeiro show de cores no céu.

Frank Brown, 11 vezes campeão brasileiro, além de ser o único capixaba na disputa entre os gigantes, também esteve na organização da etapa. “Na prova que fiquei em terceiro lugar passamos por cima de Pancas e foi espetacular. A luminosidade, as pedras dos pontões capixabas… Sem dúvida foi uma das provas mais bonitas do mundo. É uma grande conquista ver um campeonato desse porte no nosso Estado”.

Frank Brown, piloto na Superfinal do Mundial de Parapente, na rampa do Monjolo, em Baixo Guandu. (Carlos Alberto Silva)

Piloto mineiro, Samuel Nascimento está pela quarta vez no Espírito Santo e a cada visita se surpreende mais com o que vê no Monjolo. “O relevo da região é muito propício, não tem muito vento, além de te dar muitas opções de trajeto. As condições nos primeiros dias de competição estavam fracas, e os brasileiros estão acostumados com condições mais fortes. Isso vira uma certa loteria. Mas para ser competidor de parapente você tem que se conformar que é 90% de frustração e 10% de êxito”, disse ele, que é recordista mundial após voar 564km no sertão, saindo às 6h03 da Paraíba e chegando às 17h48 no Ceará.

O parapente ainda é um esporte pouco conhecido e a competição tem algumas peculiaridades. Nos dias pares, os pilotos giram para a direita e nos dias ímpares para a esquerda. A cada dia a organização define um trajeto diferente e quem fizer o percurso em menos tempo vence a prova.

“Existem as penalidades. Se entrar dentro de uma térmica e girar para o lado oposto, os pilotos podem anotar o número da sua vela e depois protestar na apuração. O que também dá muita penalidade é entrar em uma nuvem, porque lá dentro você perde visibilidade e ainda pode obter uma vantagem porque vai sair mais alto”, explica Raney Modeneze, que é presidente da Associação de Voo Livre de Baixo Guandu e vice-presidente da Federação Capixaba de Voo Livre.

Raney Modeneze, presidente da Associação de Voo Livre de Baixo Guandu. (Carlos Alberto Silva)

Por não ser um esporte tão disseminado no Brasil, o parapente não forma atletas com tanta facilidade quanto futebol ou vôlei. Por isso, os pilotos de hoje são os curiosos de ontem. “As pessoas vêm assistir, fazem o voo por hobby, aí gostam, fazem o curso e depois querem competir. A gente ensina como avaliar as condições meteorológicas, a parte prática...”, completou.

Conheça mais sobre o esporte

O PARAPENTE

Além da vela e as linhas, o parapente basicamente consiste em um selete (a cadeira, uma espécie de casulo) e os batoques, que servem para controlar o giro e frear. Os atletas também usam GPS, que mantém o piloto informado sobre altura e velocidade, além dos pontos por onde passa, rastreadores, que enviam em tempo real a posição do piloto para o servidor, e um variômetro, aparelho que detecta térmicas (apita quando o parapente está subindo ou descendo).

EQUIPAMENTOS

Os pilotos usam capacete, óculos de sol, sapato fechado e roupa térmica. Isso porque a cada 100 metros que sobe, a temperatura resfria 0.65 graus. Ou seja, se o dia está fazendo 25 graus e o piloto sobe 2 mil metros, no céu vai fazer entre 12 e 13 graus.

TRAJETO

Cada dia a organização define um trajeto diferente. No 5º dia de competição, por exemplo, foram 85km. O trajeto passou por Itaimbé, Itapina, Ifes, Pancas e pousando em Nicolândia. Cerca de 3 horas de prova.

PONTUAÇÃO

Quem faz o trajeto em menos tempo ganha uma pontuação maior. Se entrar em uma térmica e girar para o lado oposto, o piloto pode ser penalizado, assim como se entrar em uma nuvem. Isso porque ele pode sair mais alto do que quem não entrou, então o atleta estaria obtendo uma certa vantagem.

SOBE E DESCE

O parapente sobe com correntes de ar quente (térmicas). É possível detectar as térmicas pelo relevo, formação de nuvens e por observar os pássaros. Os urubus são ótimos companheiros de voos. Se não tiver corrente o parapente desce.

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SEGURANÇA

A Superfinal contou com UTIs móveis, ambulância e carro do Corpo de Bombeiros, além de vans e ônibus com kits de primeiros socorros espalhados pelo trajeto. Um helicóptero também fica à disposição.

BANHEIRO?

Não tem problema se bater a vontade de urinar no ar. As mulheres costumam usar uma “fralda”, enquanto os homens usam um aparelho, que é uma espécie de mangueira improvisada.

Comerciante aproveita para faturar uma graninha

Marcos Pinetti é agricultor em Baixo Guandu, mas é em sua lanchonete na rampa do Monjolo que ele consegue ter contato com pessoas de todo o planeta e, de quebra, ainda aprende uma palavra ou outra em inglês.

No domingo (24), dia que a Superfinal do Campeonato Mundial teve recorde de público, o estabelecimento chegou a contar com oito pessoas trabalhando. Em dias comuns, apenas Marcos e a esposa já dão conta do recado. Ele fica no atendimento, enquanto ela comanda a cozinha. E tem de tudo para vender: salgado, suco natural, almoço, porções, tudo feito na hora, além de bebidas em geral.

Marcos Pinetti tem uma lanchonete na Superfinal do Mundial de Parapente, na rampa do Monjolo, em Baixo Guandu. (Carlos Alberto Silva)

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“Trabalho na cidade como agricultor e aqui (na lanchonete) também. Além das competições de parapente, também temos uma comunidade aqui em cima, igreja, e vem algumas pessoas de bike. Então nosso público é bom. Os gringos são viajados, muitos falam espanhol, então não temos tanta dificuldade na comunicação durante a competição. Já aprendi a falar água de côco, água….”

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