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Galões de água com suspeita de hepatite são recolhidos no Vidigal

Galões de água com suspeita de hepatite são recolhidos no Vidigal

Distribuidora e restaurante são interditados pela Vigilância Sanitária

Publicado em 12 de janeiro de 2018 às 12:07

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Agentes da Vigilância Sanitária recolhem galões de água numa distribuidora no Morro do Vidigal, que foram levados para um depósito da prefeitura . (Gabriel de Paiva / Agência O Globo)

Uma distribuidora de água e um pequeno restaurante no Morro do Vidigal foram interditados ontem por agentes da Vigilância Sanitária e das secretarias municipais de Conservação e Meio Ambiente e de Ordem Pública. Exames feitos pela Fiocruz detectaram focos de hepatite A em galões da água mineral vendida na loja e num poço artesiano nos fundos do Salle’s Bar, que fica na principal rua da favela. Na manhã de anteontem, a prefeitura já havia retirado o chuveirinho da Praia do Vidigal, em frente ao Hotel Sheraton, onde também foi constatada a presença do vírus da doença.

Foram levados para um depósito da prefeitura 169 galões de 20 litros de água Ouro da Serra, empresa que fica em Xerém, em Caxias. O secretário municipal de Conservação e Meio Ambiente, Jorge Felippe Neto, que acompanhou a operação no Vidigal, determinou que a Vigilância Sanitária do estado seja informada sobre a apreensão, para uma possível inspeção na fábrica. Também foram recolhidos garrafinhas plásticas das marcas Hélios e Saquá.

FÁBRICA SEM FISCALIZAÇÃO

Agentes da Vigilância Sanitária verificaram que alguns lacres de galões estavam frouxos, com sinais de violação.

— A gente ainda não pode precisar o que aconteceu. Vai ser necessária uma avaliação. Uma vez identificado pela Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde que houve um ponto positivo aqui do vírus da hepatite, a gente imagina que, talvez, tenha ocorrido algum tipo de novo envasilhamento. Isso pode ter criado a condição perfeita para a proliferação do vírus — disse o secretário Jorge Felippe Neto.

A Mineradora Herondina, que distribui a água Ouro da Serra para todo o estado, funcionou normalmente ontem. Segundo os responsáveis pela empresa, nenhum órgão público esteve no local após a divulgação do resultado do exame que detectou o vírus da hepatite na água.

— Nós temos um processo intenso de assepsia dos galões, e a nossa água é testada diariamente em laboratório interno. Também fazemos testes em laboratórios externos credenciados pelo Instituto Estadual do Ambiente. Nosso interesse é tranquilizar a população. Temos certeza que a contaminação não partiu da Ouro Serra — afirmou o proprietário, Leonardo Oliveira Gonçalves.

A poucos metros da distribuidora de água no Vidigal, fica o Salle’s Bar, que também foi interditado. Com uma promoção ontem em que vendia o prato feito com refresco por R$ 12, os proprietários ficaram frustrados com a decisão da Vigilância Sanitária. Ao baixar as portas, o filho da proprietária xingou os agentes da prefeitura.

— As pessoas não entendem o nosso trabalho. Estamos tentando proteger a saúde da população. Vamos interditar o bar temporariamente até que novas análises sejam feitas e que tudo fique seguro para todos — disse o sanitarista Luiz Carlos Coutinho, da Vigilância Sanitária do município.

A notícia sobre os casos de hepatite A deixou a população apreensiva e mudou hábitos. Funcionário de uma empresa de refrigeração, Bruno Botelho, de 36 anos, desceu o Vidigal ontem para comprar água no Leblon:

— Comprava água na distribuidora que foi interditada. Agora, não vou colocar minha família em risco. Vou comprar água fora da comunidade. Pagava R$ 7 por 20 litros. Lá fora é mais caro.

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Dados da Agência Nacional de Mineração mostram que o Rio tem 109 concessões de extração de água mineral no estado. Destas, 58 estão na capital. A agência é responsável pela fiscalização do setor desde a captação até a saída da água da fábrica, mas tem apenas dois geólogos para a realização do trabalho. As concessões ainda podem ser vistoriadas pelo Instituto Estadual do Ambiente, pelas vigilâncias sanitárias estadual e municipais e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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