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Brasileiros tentam reverter decisão que anulou cidadanias italianas

Brasileiros tentam reverter decisão que anulou cidadanias italianas

Comuna de Ospedaletto Lodigiano suspendeu inscrição de 1.118 brasileiros

Publicado em 26 de fevereiro de 2018 às 19:37

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Passaporte Italiano. (Divulgação)

Os brasileiros que perderam a cidadania italiana após a comuna de Ospedaletto Lodigiano anular todos os registros provenientes do Brasil se dizem surpresos com a decisão do município italiano. A pequena cidade, que tem 1.574 moradores, tinha 1.118 brasileiros inscritos como residentes.

O GLOBO procurou alguns deles. Enquanto alguns se negaram a falar sobre o assunto, outro grupo se defende e diz que seguiu os procedimentos corretos e mesmo assim teve a cidadania anulada. Parte deles já tenta reverter a decisão.

Uma empresa contratada por brasileiros pagava propina a funcionários públicos da cidade para que o processo fosse agilizado e a residência falsificada no país. Para a obtenção de cidadania, é obrigatória comprovação da residência ao menos temporária na cidade.

O GLOBO teve acesso à sentença de 8 de fevereiro que condenou dois brasileiros pelo crime: Wellinton Girotto e Mariane Baroni. Segundo a decisão, o casal pagava cerca de 1.250 euros a funcionários públicos italianos em troca de vista grossa dos fiscais em relação a pelo menos 500 pedidos de cidadania.

Wellinton Girotto foi condenado a três anos e seis meses de prisão e Mariane Baroni, a dois anos e seis meses. De acordo com a sentença, ambos confessaram os crimes e colaboraram com as investigações. No dia seguinte, a comuna anulou os registros. "Estou perplexa", diz Vera Donnangelo, uma das pessoas que constam na lista divulgada pela comuna.

Ela afirma ter seguido os procedimentos normais e nega qualquer tipo de ilegalidade. Todos ouvidos pelo GLOBO negaram ter feito qualquer tipo de pagamento de propina e dizem ter residido pelo menos 45 dias na Itália.

Segundo Vera, filha de italianos, seu pedido foi feito por um escritório de advocacia em Brasília em que trabalham mãe e filha, uma no Brasil, e a outra na Itália. Ela diz que esteve na Itália e reafirmou a legalidade de sua inscrição.

"Nem tentei fazer pelo consulado porque são de 10 a 12 anos (para obter a cidadania). Teve essa opção da gente fazer lá, que é o que a maioria das pessoas está fazendo. Foi dito para nós que iam 40 pessoas por mês (para a Itália)", diz.

Um grupo de quase 200 pessoas se uniu para tentar reverter a decisão. Segundo eles, já é a segunda vez que a inscrição de todos os brasileiros que estavam inscritos em Ospedaletto Lodigiano é anulada. Os brasileiros enxergam a proximidade com a eleição como o motivo para a decisão.

"A comuna poderia ser responsabilizada por irregularidades nas eleições", diz o representante de 200 brasileiros que tiveram a cidadania anulada. O representante, que não quis se identificar, tem familiares na lista divulgada pela comuna.

Logo após a decisão de setembro, a comuna voltou atrás. Os brasileiros, então, passaram a receber formulários para provar que cumpriram os requisitos necessário para a cidadania. Segundo eles, o prazo para responder o documento ainda não expirou.

"Entretanto, como há novamente eleições em 4 de março, a comuna novamente cancelou todos no dia 9 de fevereiro, apesar de ainda estarmos com prazo para responder aos formulários", diz.

O formulário enviado para os brasileiros pedia uma cópia do passaporte com carimbo de entrada na Itália ou outro país da União Europeia entre agosto de 2015 e agosto de 2017, além de todos os documentos úteis que provem residência ou moradia no município de Ospedaletto Lodigiano. Quem não responder em 20 dias após o recebimento, terá a cidadania italiana anulada.

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O GLOBO não conseguiu localizar Wellinton Girotto e Mariane Baroni ou seus advogados.

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