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Interventor observará comunidades para criar plano eficaz

Interventor observará comunidades para criar plano eficaz

Entre as 763 favelas do estado, 17 merecem atenção especial

Publicado em 19 de fevereiro de 2018 às 11:01

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O general Walter Souza Braga Netto, que comandará a intervenção federal no Rio. (Reprodução/CML)

Debruçado sobre o mapa do estado, o responsável pela intervenção federal na segurança pública fluminense, general Walter Braga Netto, já sabe onde sua tropa terá as missões mais difíceis. Entre as 763 favelas do estado (que somam 1,3 milhão de moradores), 17 merecem atenção especial. Alguns complexos são disputados por até quatro facções criminosas, incluindo milícias, como é o caso da Maré — região considerada um ponto estratégico para a circulação de drogas e armas por ficar às margens das linhas Amarela e Vermelha e da Avenida Brasil, além da Baía de Guanabara.

Os frequentes confrontos na Maré fazem com que ela seja um permanente barril de pólvora. Cidade de Deus, Rocinha e Complexo do Alemão também vivem sob tensão constante. Principais entrepostos de drogas do estado, são comunidades que estão sempre na mira de facções ou de operações policiais.

Além delas, os conflitos entre milicianos e traficantes colocaram a Favela Bateau Mouche, na Praça Seca, em Jacarepaguá, na posição de mais nova área de alerta no mapa. Também são recentes os confrontos em comunidades de Angra dos Reis, na Costa Verde, com a entrada de milícias na guerra por territórios. Lá, a briga chega ao absurdo de facções criminosas exibirem vídeos nas redes sociais para mostrar quem ostenta mais armas de grosso calibre.

MUITOS ROUBOS DE CARGA

Nessa geografia perigosa, o antropólogo Robson Rodrigues, ex-chefe do Estado-Maior da PM e pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da Uerj, destaca morros da Zona Norte, como Chapadão e Pedreira, e favelas do Complexo do Méier que se especializaram em roubos de cargas. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), esse tipo de crime bateu recorde no Rio ano passado, com aumento de 7,3% — passando de 9.874 ocorrências em 2016 para 10.599 em 2017, média de 29 casos por dia. O prejuízo com assaltos a caminhões chegou a R$ 607,1 milhões.

— Sem dúvida, comunidades da capital que estão no limite com municípios da Baixada, como o Chapadão e a Pedreira, merecem um cuidado especial. Os bandidos estendem seus territórios para as cidades vizinhas, aumentando a violência nesses locais. Já as milícias, em busca de sua fatia, estão se associando a algumas facções do tráfico — alerta Rodrigues.

Ele ressalta ainda que a confiança dos moradores nas forças de segurança é crucial para o sucesso das futuras operações:

— Nos melhores anos das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), criou-se uma rede de confiança em que o morador denunciava o roubo de carga, por exemplo.

Já o delegado Fernando Veloso, ex-chefe de Polícia Civil do Rio, aponta um outro desafio para o interventor — montar um planejamento com estratégias que diferenciem cada comunidade:

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— Algumas têm tradições familiares que ligam o tráfico à favela. É o caso da Cidade de Deus. Nessas regiões, o trabalho de aproximação das forças de segurança fica difícil. Há quase uma simpatia entre moradores e traficantes. A Maré já é uma das mais instáveis. É um caldeirão que pode explodir a qualquer momento. Mas também há locais aparentemente tranquilos que não podem deixar de receber atenção, pois têm altos níveis de corrupção policial. Alguns contam com UPPs.

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