O ministro da Justiça Torquato Jardim se encontrou, nesta quinta-feira (22), em São Paulo, com os secretários de Segurança de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo para discutir eventual migração de criminosos motivada pela intervenção federal no Rio de Janeiro.
Segundo ele, a maior preocupação dos estados vizinhos à capital carioca é o tráfico de armas e de drogas. Jardim falou ainda que em algumas semanas se verá ações concretas deste encontro, "depois de ajustados mecanismos legais e operacionais necessários".
Entre as medidas discutidas está a de aumentar o controle nas fronteiras, intensificando ação conjunta entre as polícias rodoviárias federal e estadual em rodovias como a Fernão Dias e a Dutra. Para isso, será adotado um protocolo formal de intenções, atendendo exigências formais e legais, segundo Jardim.
"Migração não há. Desde a Eco 92, a Copa do Mundo e as Olimpíadas nunca houve qualquer registro de migração de grupos do Rio para esses Estados. O que afeta é o fluxo e a circulação da droga e da arma. Esse estrangulamento que nós vamos continuar aprimorando. É o reforço de uma tarefa que os três Estados já realizam, de controle no fluxo nas estradas", explicou o ministro, que não descartou atender a outros estados em caso de necessidade.
Jardim foi interpelado ainda sobre resultados efetivos da intervenção federal no Rio de Janeiro, uma vez que grupos criminosos existem e se aparelham há pelo menos duas décadas. Para ele, o diferencial, desta vez, é o maior empenho entre os governos federal e estadual.
"Há um empenho particular do governo federal com o governo estadual de fazer uma interferência agora. É a primeira vez que se faz uma intervenção federal. E isso é uma mudança fundamental de concepção e cooperação", afirmou ele.
Os estados vizinhos ao Rio já haviam manifestado preocupação com um eventual crescimento da violência devido à intervenção. Nesta quarta (21), o Espírito Santo anunciou que iria aumentar o efetivo policial nas ruas. O secretário de segurança de São Paulo Mágino Alves disse, no entanto, que o clima é de tranquilidade na capital paulista, apesar dos últimos eventos.
Na última sexta-feira (16), dois integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) foram encontrados mortos na Região Metropolitana de Fortaleza, no Ceará. Um deles é Rogério Jeremias de Simone, conhecido como Gegê do Mangue, o número um do grupo fora da prisão. O outro morto é Fabiano Alves de Souza, conhecido como Paca.
Nesta quarta-feira (21), o chefe maior da facção, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, foi condenado a 30 anos de reclusão por envolvimento em um esquema criminoso que contava com a participação de advogados e foi descoberto pela Operação Ethos, desencadeada em 2015 pelo Ministério Público Estadual (MPE) e pela Polícia Civil. Ele já cumpre pena em Presidente Venceslau.
"Esses eventos não alteraram em nada o quadro de tranquilidade do estado. Fora dos presídios não detectamos nenhum tipo de anormalidade na situação, e nos presídios o clima é de absoluta tranquilidade. Não há motivo para qualquer tipo de receio em relação a essas mortes e condenação dessas lideranças garantiu Mágino Alves", declarou Camacho.
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