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Odebrecht quer provar que prédio para o Instituto Lula saiu de propina

Odebrecht quer provar que prédio para o Instituto Lula saiu de propina

Empresário reuniu mensagens trocadas durante a negociação do imóvel, que não foi usado

Publicado em 22 de fevereiro de 2018 às 15:40

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Marcelo Odebrecht. (Rodrigo Féliz Leal | Estadão)

O empresário Marcelo Odebrecht, que cumpre prisão domiciliar, apresentou novos emails que mostram a negociação para a compra de um imóvel para o Instituto Lula com a participaçãodo ex-ministro Antonio Palocci; do "advogado", que seria o advogado do ex-presidente, Roberto Teixeira; e do pecuarista, que seria José Carlos Bumlai, amigo da família Lula. Os emais - com datas entre julho de 2010, último ano do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto, a março de 2012, mostram conversar do empresário com executivos do grupo e a determinação para que o valor gasto na compra do prédio fosse debitado de uma conta do departamento de propina da empresa, comandado por Hilberto Silva.

Em uma das trocas de mensagem, em 9 de setembro de 2010, o diretor superintendente da Odebrecht Realizações Imobiliárias (OR), Paulo Ricardo Barqueiro de Melo, pergunta ao empresário de qual conta o custo referente ao projeto será debitado. Marcelo Odebrecht responde no mesmo dia "Eh uma conta que HS mantem e debita a 3 fontes distintas". HS é Hilberto Silva, que aparece copiado no email.

Os emails indicam que Marcelo Odebrecht negociava diretamente com Palocci o andamento da aquisição do prédio, na Rua Haberbeck Brandão. Barqueiro de Melo lhe informa que o imóvel estava ocupado por três famílias e que estava sendo contratada uma empresa para negociar a desocupação, o que geraria uma despesa adicional de R$ 200 mil. O empresário responde: "Ok vou avisando o italiano".

As conversas incluem ainda comentários sobre o vazamento de informações sobre a compra do prédio, publicada em novembro de 2010. A reportagem cita a compra do prédio "próximo ao Parque Ibirapuera", que já estaria "reservado para ser a sede do futuro instituto". Diz que a compra seria feita por um grupo de apoiadores e que faltava apenas o aval final do presidente e da primeira-dama Marisa Letícia. "Segundo a fonte, Lula e Marisa já visitaram o local. Em princípio, o presidente avaliou que o prédio seria “muito grande”. Já Marisa – que deverá dar a palavra final – gostou do espaço.", diz a reportagem.

O vazamento da informação, que é atribuído nas mensagens a Bumlai, gerou protesto do empresário: "Já avisei ao Italiano que estamos batendo na trave! Este pessoal não tem responsabilidade...Como algum repórter xereta pode acabar chegando na DAG acho importante preparamos a história/estratégia de comunicação (ou de não comunicação) deles (..)", diz Marcelo, referindo-se à construtora baiana que adquiriu o prédio, para que a Odebrecht não ficasse exposta.

Em outra mensagem, Marcelo orienta seus executivos de que, para "ter certeza que esta falando em nome instituto", teria de ser "o japonês ou o italiano", referência a Palocci e ao presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto.

O ex-ministro Antonio Palocci confessou ser o "italiano" na planilha de propinas da Odebrecht para o PT. O Instituto Lula nunca utilizou o prédio. O ex-presidente Lula confirmou ter visitado o imóvel da Rua Haberbeck Brandão, mas disse que era inadequado e, portanto, nenhum negócio foi fechado.

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A ação que envolve a compra do prédio e de uma cobertura vizinha à de Lula no ABC paulista, que o ex-presidente afirma ter sido alugada, faz parte da Lava-Jato e está em fase de diligência nos sistemas de contabilidade paralela da Odebrecht, já que são mencionados pelo Ministério Público Federal como origem do dinheiro que teria, supostamente, beneficiado Lula. Esta é a segunda ação contra Lula na Lava-Jato em Curitiba. A terceira inclui reformas feitas no sítio de Atibaia, que está em nome de terceiros mas teriam sido feitas, segundo os procuradores, como forma de vantagem indevida repassada ao ex-presidente pelas construtoras Odebrecht, OAS e Schahin.

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