> >
Desembargadora pede perdão à professora com Down e à memória de Marielle

Desembargadora pede perdão à professora com Down e à memória de Marielle

Após notícias falsas sobre Marielle Franco e ofensas à professora com síndrome de Down e ao deputado Jean Willys do PSOL, desembargadora apresenta desculpas pela internet

Publicado em 19 de abril de 2018 às 09:52

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Desembargadora Marilia Castro Neves. (Reprodução/Facebook)

Depois de ter divulgado notícias falsas sobre a vereadora assassinada Marielle Franco — sugerindo que ela poderia ter ligações com bandidos do Comando Vermelho — e menosprezado uma professora com síndrome de Down, a desembargadora Marília Castro Neves fez um mea-culpa e pediu desculpas na mesma página de uma rede social que usara para fazer as ofensas. A informação sobre a postagem foi divulgada inicialmente no blog do jornalista Ancelmo Gois, nesta quarta-feira.

Com uma nova foto em seu perfil no Facebook, ela publicou uma longa mensagem em que assumiu ter errado. Ela começou os pedidos de perdão com um trecho dedicado a Debora Seabra, do Rio Grande do Norte, primeira professora brasileira com Down, que, após ser criticada pela magistrada, lhe escreveu uma carta de resposta. Marília respondeu: “Estou escrevendo para agradecer a carta que você me mandou e lhe dizer que suas palavras me fizeram refletir muito. Bem mais do que as centenas de ataques que recebi nas últimas semanas”, disse. “De você, de quem em um primeiro momento duvidei da capacidade de ensinar, que me veio a maior lição: a de que precisamos ser mais tolerantes e duvidar de pré-conceitos (sic)”.

Marília havia publicado um post em que se mostrava surpresa, ao ouvir no rádio, que o Brasil tinha uma professora com síndrome de Down. “O que será que essa professora ensina a quem??? Esperem um momento que eu fui ali me matar e já volto, tá?”.

PRECIPITAÇÃO SOBRE MARIELLE

Em carta, Débora lamentou a atitude da desembargadora, afirmando que ensinava muita coisa, mas que o mais importante era “ensinar a incluir as crianças e todo mundo para acabar com o preconceito, porque é crime. Quem discrimina é criminoso”.

A desembargadora, na mesma publicação de ontem, também endereça uma mensagem à família de Marielle. Ela afirmou: “aproveito o ensejo para também me desculpar à memória (sic) da vereadora”. Marília reconheceu que reproduziu, “sem checar a veracidade, informações que circulavam na internet”. “No afã de rebater insinuações, também sem provas, na rede social de um colega aposentado, de que os autores seriam policiais militares ou soldados do Exército, perdi a oportunidade de permanecer calada”. “Nesses tempos de fake news, temos que ser cuidadosos”, concluiu Marília.

Por último, ela ainda citou o deputado Jean Willys (PSOL), observando que, embora vá sempre se opor às suas ideias, não “deseja mal a ninguém”. Ela teria sugerido “paredão” para o parlamentar. Marília Castro Neves já foi defensora pública, promotora e procuradora de Justiça, e, através do Ministério Público estadual, pelo Quinto Constitucional, chegou ao cargo de desembargadora. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu três investigações para apurar a conduta da magistrada em relação às três denúncias com base em postagens na internet.

Este vídeo pode te interessar

 

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais