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Capixaba réu por terrorismo também é acusado de corrupção de menores

Capixaba réu por terrorismo também é acusado de corrupção de menores

A GAZETA teve acesso também a trechos do inquérito da PF sobre o caso

Publicado em 19 de maio de 2018 às 00:14

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Foi ao trocar mensagens com um adolescente pelo Facebook, mantendo conversas em tom de exaltação ao terrorismo, que o capixaba Harisson de Souza Andrade, 20 anos, morador da Serra, foi identificado pela Polícia Federal na Operação Átila. Para o Ministério Público Federal (MPF), que denunciou Harisson e outras dez pessoas com base na Lei Antiterrorismo, ele e outros denunciados travaram diálogos com o menor “no sentido de promover a implantação de organização terrorista Estado Islâmico”.

Por isso, além de promoção do terrorismo, Harisson também foi acusado de corrupção de menores. Na denúncia, o procurador da República Divino Donizette da Silva conclui que Harisson e alguns dos demais incorreram ainda na formação de organização criminosa e lembra que o crime de terrorismo é equiparável a crimes hediondos.

À reportagem de A GAZETA, Harisson confirma que trocou mensagens com o adolescente, que seria amigo de Welington Moreira de Carvalho, este citado como o líder que pretendia criar uma célula do Estado Islâmico no Brasil. Welington está no presídio federal de Campo Grande (MS).

A GAZETA teve acesso também a trechos do inquérito da PF sobre o caso. No celular do capixaba foram encontradas diversas fotos de terroristas e até crianças portando armas de fogo. Na casa de Harisson foram apreendidas armas artesanais.

O INÍCIO

O jovem, que é eletricista e serralheiro, contou que teve contato com o Islã aos 17 anos, por meio de uma conversa no Facebook com um homem que se dizia angolano, atuante no Afeganistão e simpatizante do Talibã. “Depois fui conhecer outros muçulmanos brasileiros, tudo pela internet. Eu tinha meu perfil no Facebook ‘Muhammad Abdull’ e ia adicionando as pessoas. Como eu já estava com essa mentalidade, com a religião deturpada, e estava passando por momentos difíceis da minha vida, eu comecei a acreditar, a seguir”, afirma.

Foi aí ele conheceu Welington, também pela rede social, e deu início à jornada de compartilhamento de imagens de atos terroristas e conversas suspeitas.

O capixaba, apesar de ter confessado que recebeu propostas de Welington até para montar um esquema de tráfico e prostituição para financiar atos terroristas, no entanto, nega ter participado dos planos. “Promover (terrorismo) é compartilhar uma foto? Um vídeo? Isso é informação, como os jornais fazem, notícias. Eu não promovi nada”, sustenta. A denúncia retrata Harisson como apoiador da Al-Qaeda. Hoje, ele diz já não simpatiza com grupos terroristas.

JOVEM DEMONSTROU SIMPATIA POR BIN LADEN

O inquérito da Polícia Federal na Operação Átila mostra que, em depoimento,Harisson de Souza Andrade“tenta se desviar do caminho do radicalismo,mas não consegue”. “Apesar de dizer em diversas ocasiões que não concorda com apostura dos grupos terroristas, defende o discurso de que os terroristas são provocados por outras nações e que isso alimentaria o desejo de vingança dos muçulmanos. Inclusive, expressa sua admiração pelo mais conhecido dos terroristas, Osama bin Laden”.

Tal simpatia é revelada nos seguintes trechos do depoimento do capixaba aos policiais: “Que a Al-Qaeda fez algumas ações que podem ser justificadas do ponto de vista da religião, como o atentado ao jornal francês Charlie Hebdo (...) que Osama bin Laden foi um grande muçulmano por ter sido um milionário e, ainda assim, ter aberto mão de sua vida pelo Islã; Que acredita que Osama bin Laden se desviou do caminho. Que prefere não manifestar opinião sobre o ataque ocorrido em 11 de setembro nos Estados Unidos”. Para a Polícia Federal, “não resta dúvida alguma de que Harisson de Souza Andrade, juntamente com outros indivíduos, promovia organizações terroristas”.

 JUSTIÇA AINDA VAI JULGAR O CASO

Nove dos 11 denunciados na Operação Átila, incluindo o capixaba Harisson de Souza Andrade, tornaram-se réus na Justiça Federal de Goiás. Isso quer dizer que eles agora respondem a uma ação penal. Eles vão apresentar suas defesas e, ao final do processo, podem ser condenados ou absolvidos. Somente dois deles estão presos provisoriamente.

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