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Greve dos caminhoneiros já afeta setor de transportes e alimentação

Greve dos caminhoneiros já afeta setor de transportes e alimentação

O aeroporto de Brasília é um dos que correm o risco de enfrentar problemas de falta de combustível (querosene de aviação) por causa da paralisação

Publicado em 23 de maio de 2018 às 09:26

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Protesto em Viana acontece desde o início da manhã . (Vitor Jubini)

No segundo dia de paralisação dos caminhoneiros, que protestam contra a alta dos preços do óleo diesel, o movimento teve a adesão de mais profissionais e o número de interdições somente em rodovias federais chegou a 275 pontos nesta terça-feira, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF). De acordo com a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) a adesão ao protesto subiu de 200 mil para mais de 300 mil profissionais. O aumento das adesões e dos os pontos de interdição começou a afetar o abastecimento e o funcionamento do setor de alimentos, transportes e das empresas.

O aeroporto de Brasília é um dos que correm o risco de enfrentar problemas de falta de combustível (querosene de aviação) por causa da paralisação. Segundo a Inframérica, que administra o aeroporto, a reserva de combustível já está sendo usada, com contingenciamento no fornecimento, e pode acabar ainda nesta terça-feira se a situação não for normalizada. A frota de caminhões que abastece o terminal está parada no Entorno do Distrito Federal, em Luziânia.

Em nota, a Inframérica informou que já notificou às companhias aéreas que operam no aeroportos sobre a restrição de combustível no aeroporto da capital. As aeronaves devem pousar com combustível suficiente para outros destinos. A concessionária destaca ainda que está tomando medidas para garantir a segurança e minimizar os problemas para os usuários. Os passageiros devem procurar as empresas para saber informações dos voos.

Não só os aeroportos podem ficar sem diesel. A Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Rio de Janeiro (Fetranspor) informou que a greve também está afetando o abastecimento das empresas de transporte público de ônibus em todo o estado. O bloqueio montado em rodovias e terminais de distribuição de combustíveis impede, segundo a federação, a renovação dos estoques das empresas, que na maioria dos casos acontece diariamente.

A Fetranspor afirma ainda que já há empresas de transporte que estão com as operações limitadas, afetando os passageiros. De acordo com a federação, o racionamento de combustível foi adotado em caráter emergencial até a normalização da distribuição de óleo diesel e que se as manifestações não forem encerradas, há o risco de paralisação de todas as empresas.

O MetrôRio, por sua vez, informa que, em razão da redução da circulação dos ônibus, reforçará, a partir desta quarta-feira, as equipes em operação nas 41 estações a fim de assegurar a agilidade no atendimento e a segurança no transporte dos clientes.

Por meio de nota divulgada na tarde desta terça-feira, o Sistema Firjan manifestou sua preocupação com a paralisação e alertou para o risco de desabastecimento. Para a Federação, a situação se mostra ainda mais grave no caso da indústria fluminense, já que "a crise econômica levou as empresas a trabalharem com estoques muito reduzidos e qualquer paralisação no transporte leva rapidamente ao desabastecimento".

A General Motors informou que os bloqueios já comprometem o fluxo de distribuição de componentes (autopeças) em suas unidades, que tiveram de paralisar a produção. A Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) informou também já ter problemas.

"Todo o nosso setor de matérias primas vivas (boi, suíno, aves), e leite e o abastecimento em geral está sendo muito afetado", disse o presidente executivo das duas entidades, Péricles Salazar, acrescentando: "Nós estamos recebendo inúmeras queixas de caminhões transportando nossos produtos que são perecíveis e estão parados em várias regiões do país."

No início da noite, a Aurora Alimentos informou que paralisará totalmente as atividades das suas unidades de processamento de aves e suínos em Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul (inicialmente), na quinta e sexta-feira, por causa da greve que atinge o setor de transportes nas regiões onde estão instaladas as suas fábricas.

"A suspensão total das atividades tornou-se imperativa e inevitável em razão dos efeitos do movimento grevista que impede a passagem dos caminhões que transportam todos os insumos necessários ao funcionamento das indústrias e, também, o escoamento dos produtos acabados para os portos e os centros de consumo", disse a Aurora em nota.

A paralisação também afeta a movimentação nos portos. As assessorias de imprensa dos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP), os principais canais de exportação da safra agrícola do Brasil, informaram à Reuters que há manifestações nas entradas de ambos os terminais, e por isso muitos caminhões nem estão se dirigindo aos locais em razão dos protestos. Em Paranaguá, por exemplo, apenas 300 caminhões deram entrada na segunda-feira, contra cerca de 2 mil normalmente nesta época do ano, enquanto em Santos o movimento também está reduzido. Em virtude dos estoques, contudo, as operações de carga e descarga dos navios transcorrem normalmente nesses locais.

MOVIMENTO CONTINUA

Os transtornos do movimento da categoria podem se agravar, segundo o presidente da Abcam, José de Fonseca Lopes, caso o governo não atenda a reivindicação dos caminhoneiros de tirar do preço do diesel tributos como PIS/Cofins e Cide, pelo menos.

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"O movimento continua nesta quarta-feira. O governo está falando que vai tirar a CIDE. Isso para nós não interessa. Tem que tirar do preço do diesel, além da Cide, PIS, Cofins", disse Lopes, dizendo temer uma radicalização da categoria: "Se o governo não se manifestar, não vai ter mais acordo. O pessoal quer fechar tudo, só vai passar carro, ônibus e ambulância. Carga viva, caminhões frigoríficos e com alimentação perecível, que estão sendo liberados hoje, não passarão. Vai faltar tudo."

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