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Menino impedido de almoçar foi vítima de racismo, dizem especialistas

Menino impedido de almoçar foi vítima de racismo, dizem especialistas

Segurança em centro comercial da Bahia tentou proibir jovem de pagar refeição para criança negra

Publicado em 13 de junho de 2018 às 20:34

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Segurança de shopping tentou impedir que jovem comprasse um prato de comida para uma criança. (Reprodução)

O vídeo no qual um segurança do Shopping da Bahia, em Salvador, impede um jovem de pagar um almoço para uma criança viralizou na segunda-feira (11) nas redes sociais. E, além do preconceito social expresso na atitude, especialistas ouvidos pelo GLOBO apontam que a postura do funcionário do shopping é um exemplo de racismo.

Na segunda, Kaique Sofredine discutiu com um segurança que tentou proibir um restaurante de vender a refeição que o jovem pagaria a um menino negro. No vídeo, gravado por uma pessoa que estava no local, o funcionário chega a pegar a criança pelo braço.

Na opinião do advogado Humberto Adaime, presidente licenciado da Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), trata-se também de um caso de filtragem racial, ou seja, quando uma pessoa é vista como suspeita apenas por causa da cor de sua pele.

"É um claro e evidente racismo pessoal e institucional. O agente do shopping não chamou a criança de "criolo" ou "neguinho", mas está claro que por ele ser um menino pobre, negro, e solto no shopping sofreu esse preconceito. O Shopping precisa de um reajustamento de conduta. Aliás, não só esse, mas muitos outros centros comerciais no Brasil. Esses lugares acabam sendo espaços onde a população negra de baixa renda não pode ficar circulando. Essa orientação não está só naquele segurança, é uma orientação coletiva", analisa Adaime.

Ainda que a Bahia seja um estado com maioria da população negra, a socióloga Edmeire Exaltação, coordenadora da Casa das Pretas, diz que isso não faz com que episódios racistas não sejam uma realidade.

"A Bahia é um dos estados com maior número de negros no Brasil, mas onde há casos de racismo frequentemente. Isso acontece por conta da existência de uma elite branca que não aceita a população negra, e em decorrência da segregação que existe nas cidades. Na nossa sociedade, os negros comumente estão em um lugar e os brancos em outro, isso faz com que haja estranhamento e reação quando diferentes classes sociais e etnias se encontram. Vivemos em um Estado fundamentalmente racista", diz.

Edmeire destaca ainda que, nesse contexto, é fundamental a atuação dos movimentos sociais para reduzir a ocorrência de casos de racismo.

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"O movimento negro tem um papel importante de chamar atenção das empresas para que elas procurem assumir o compromisso de oferecer treinamento aos seus funcionários".

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