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Siciliano depõe pela segunda vez no caso Marielle e se diz tranquilo

Siciliano depõe pela segunda vez no caso Marielle e se diz tranquilo

Novo interrogatório durou mais de 4 horas; vereador foi acusado por testemunha

Publicado em 8 de junho de 2018 às 09:40

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Vereador Marcello Siciliano. (Reprodução/Facebook)

Envolvido por uma testemunha no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, o vereador Marcello Siciliano (PHS) foi interrogado durante quatro horas e meia, ontem, na Divisão de Homicídios da Polícia Civil. Na saída, Siciliano afirmou apenas que está tranquilo, por acreditar que a investigação terá um desfecho favorável a ele. Os policiais da DH não informaram o que disse o vereador.

Foi o segundo depoimento de Siciliano no caso Marielle. Nas duas vezes ele foi interrogado na condição de testemunha. Na primeira, há cerca de um mês, foi ouvido no mesmo dia que outros vereadores do Rio, e ainda não tinha sido acusado pela testemunha de tramar a morte de Marielle juntamente com o ex-PM Orlando de Curicica, que é acusado de ser integrante de milícia na Zona Oeste.

Ontem, o delegado Giniton Lages tentou saber detalhes da relação de Siciliano com Orlando de Curicica. O vereador disse que, se chegou a conhecer o ex-PM, não saberia identificá-lo. Alegou que, como político, sempre entra em várias comunidades e conversa com muita gente.

PLANO DE EXECUÇÃO

Marielle e Anderson Gomes foram assassinados em 14 de março. Quase dois meses depois, em 9 de maio, O GLOBO publicou reportagem informando que uma testemunha-chave tinha dado informações sobre datas, horários e locais de reuniões entre Siciliano e Orlando de Curicica. O delator forneceu detalhes de um suposto plano de execução. As conversas entre Siciliano e Orlando teriam começado em junho do ano passado. Ao GLOBO, o vereador disse, desde o início, que “a notícia é totalmente mentirosa”.

Marielle Franco . (Reprodução/Instagram)

A testemunha contou ter presenciado pelo menos quatro conversas entre o político e o ex-PM. Além disso, forneceu os nomes de quatro homens que teriam sido escolhidos para a execução, sendo que um é policial militar da ativa e, outro, ex-PM. O delator afirmou que, em junho do ano passado, testemunhou um encontro de Siciliano e Orlando num restaurante na Avenida das Américas, no Recreio. Ele disse que ouviu ambos falando sobre Marielle.

— Eu estava em outra mesa, a uma distância de pouco mais de um metro dos dois. O vereador falou alto: “Tem que ver a situação da Marielle. A mulher está me atrapalhando”. Depois, bateu forte com a mão na mesa e gritou: “Marielle, piranha do Freixo”. E, olhando para o ex-PM, disse: “Precisamos resolver isso logo”— afirmou a testemunha, de acordo com a reportagem publicada no GLOBO em 9 de maio.

A referência na conversa foi ao deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), de quem Marielle foi assessora durante a CPI das Milícias, na Alerj. Ainda segundo a testemunha, participaram da execução um policial lotado no 16º BPM (Olaria) e um ex-PM do 22º BPM (Maré). A dupla, segundo o delator, estava com outros dois homens no Cobalt prata usado na execução.

Além do PM e do ex-PM, os outros passageiros do Cobalt, segundo o delator, são ligados a Orlando de Curicica. Esses dois homens já se envolveram, em junho de 2015, em outra execução com características semelhantes à de Marielle, também a mando de Orlando. Em entrevista após a revelação das acusações da testemunha, Siciliano negou ligação com as mortes de Marielle e Anderson e disse estar indignado:

— Gostaria de falar, antes de mais nada, sobre a minha surpresa em relação ao que aconteceu, sobre a minha indignação como ser humano. Minha relação era muito boa (com Marielle), tinha um carinho muito grande por ela. Agora, mais do que nunca, faço questão de que esse crime seja esclarecido mais rápido do que nunca.

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