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Paty Bumbum nega acusações e diz: 'no SUS, morre gente todo dia'

Paty Bumbum nega acusações e diz: "no SUS, morre gente todo dia"

Suspeita de aplicar silicone industrial foi indiciada por exercício ilegal da medicina

Publicado em 26 de julho de 2018 às 21:46

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Patricia Silvia dos Santos, de 47 anos, alvo de uma operação policial que estourou, nesta quarta-feira (26), por uma suposta clínica de estética irregular em sua casa, em Curicica, Zona Oeste do Rio de Janeiro, negou as acusações feitas contra ela. Em rápida entrevista concedida por telefone ao GLOBO, a mulher indiciada por exercer ilegalmente a medicina se disse massoterapeuta “com diploma” e afirmou que o silicone industrial encontrado na residência por agentes da Delegacia do Consumidor (Decon) era “negocinho de limpar carro”.

"Eu tenho carro na Uber. Não posso ter um (frasco de silicone industrial) na mala, que os meninos usam para limpar?", questiona Patricia, pouco antes de voltar a naturalizar mortes ocorridas em decorrência de procedimentos estéticos: "No SUS, morre gente todo dia, e ninguém fala que os políticos estão roubando e matando".

De acordo com denúncias repassadas à polícia, a mulher apresentava-se a clientes potenciais como Paty Bumbum e fazia aplicações com silicone industrial — substância cujo uso para fins médicos é proibido — nas nádegas das pacientes. Ela, contudo, refuta até mesmo a existência do apelido. Durante a conversa com a reportagem, de pouco mais de cinco minutos, Patricia insinuou por várias vezes estar sofrendo algum tipo de perseguição.

"Estão destruindo a minha imagem, qualquer coisa colocam a minha cara. Vocês estão acabando com a minha vida. Estou sendo pré-julgada", alega a massoterapeuta.

Patricia já foi indiciada pela Decon por exercício ilegal da medicina. Porém, como o crime é considerado de menor potencial ofensivo e tem pena máxima de até dois anos de reclusão, ela foi liberada logo após ser conduzida à sede da especializada. Embora tenha optado por permanecer em silêncio, a mulher chegou a contar informalmente aos agentes que atua no ramo há 13 anos. Paty Bumbum foi localizada a partir de informações repassadas ao Disque-Denúncia (21 2253-1177).

No imóvel de Patricia, situado no número 77 da Rua Abadiana, foram apreendidos quatro frascos de substância líquida aparentando ser silicone industrial — em um deles, constava a inscrição “óleo de silicone (uso industrial)”. Também foram recolhidos pelos policiais 36 agulhas veterinárias hipodérmicas, 19 agulhas hipodérmicas descartáveis, 30 seringas, dez adaptadores de seringa, 50 máscaras cirúrgicas descartáveis, dez lençóis descartáveis com elástico e um jaleco branco. Os agentes encontraram ainda 11 ampolas de anestésico, uma pomada dermatológica e cinco frascos de dois tipos de antisséptico.

"Vieram na minha casa e acharam dois negocinhos de limpar carro, um aqui e outro ali, material de limpeza", responde Patricia, perguntada em seguida se tais itens não indicariam o uso do local com fins indevidos para alguém sem formação médica: "Não me pegaram fazendo nada. Indicariam o quê? E se eu fizer uso de medicamento controlado?".

Patricia confirmou ser dela a voz que aparece em gravações anexadas ao inquérito, segundo a polícia enviadas pela mulher a um grupo fechado formado por clientes no WhatsApp. Nas mensagens, ela ironiza as mortes recentes registradas após procedimentos estéticos: “Pelo menos a gente morre fazendo aquilo que a gente quer e não morre feia”.

"Os áudios? Vocês pegaram trechos de conversas minha, eu dando opinião sobre o que eu achava", diz Patricia.

Embora tenha negado o uso de silicone industrial em pacientes, a massoterapeuta reconheceu que faz, sim, aplicações de produtos em mulheres interessadas — o que, por si só, já seria vedado a alguém sem a formação adequada. A confirmação veio após o questionamento sobre o que ela queria dizer, nos áudios, com a frase “quem me procura sabe dos riscos”.

"Eu falo (que faço) quando me procuram. Sou massoterapeuta. Trabalho com pós-cirúrgico. É só isso", afirma Patricia, antes de pedir: "Fale com meu advogado, por favor".

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O GLOBO tentou contato com o profissional que defende a massoterapeuta, identificado por ela apenas como “doutor Aragão”. O advogado, contudo, não atendeu às ligações. Por um aplicativo de mensagens, ele respondeu que faria contato, o que não havia ocorrido até a publicação desta reportagem

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