A defesa do empresário Joesley Batista, um dos donos da J&F, controladora da JBS, pediu para o Supremo Tribunal Federal (STF) ouvir o depoimento do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot sobre o pedido de rescisão do acordo de colaboração premiada feito na gestão dele. Ao todo, os advogados pediram 15 depoimentos. Além de Janot, estão na lista o ex-chefe de gabinete dele, Eduardo Pelella, e o ex-procurador da República Marcello Miller, acusado de ter beneficiado a JBS no acordo de delação quando ainda estava no Ministério Público.
A defesa também pediu a produção de outras provas para tentar demonstrar que não houve ilegalidade no acordo firmado com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Os advogados querem a relação das horas trabalhadas por Miller no escritório de advocacia contratado pela JBS, bem como e-mails trocados com os sócios e as datas de reuniões. A intenção é comprovar que Miller não atuava mais na PGR quando o acordo de delação foi firmado.
"Vamos demonstrar que o processo não tem omissão nenhuma e não tem fundamento o pedido da PGR de rescisão de um acordo de colaboração dessa magnitude", disse o advogado de Joesley Batista, André Luís Callegari.
A defesa nega que o empresário tenha omitido informações na delação e pede que o acordo seja mantido. A colaboração está sob risco desde setembro do ano passado, quando a PGR pediu a rescisão por entender que ele não contou tudo o que sabia.
Joesley e outras seis pessoas ligadas à JBS firmaram acordo de delação premiada com a PGR no ano passado. Em maio, o GLOBO revelou áudio de conversa dele com o presidente Michel Temer tratando de pagamentos para manter o silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.
Em setembro, a descoberta de um áudio levantou a suspeita de que ele e Ricardo Saud, executivo do grupo J&F, controlador da JBS, omitiram informações. A PGR suspendeu o acordo, mas a medida ainda depende de decisão do STF. Na ocasião, a PGR, ainda comandada por Janot, pediu a prisão dos dois. O relator do caso no STF, ministro Edson Fachin, atendeu ao pedido. Em dezembro, a atual procuradora-geral, Raquel Dodge, concordou com o pedido de rescisão do acordo. Atualmente, os dois estão soltos.
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