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Tragédia em Niterói: 'Moradores tiveram que cavar para sair da lama'

Tragédia em Niterói: "Moradores tiveram que cavar para sair da lama"

Assistente administrativo José Teixeira, testemunha do acidente, afirma que mães pediram para que seus filhos fossem salvos

Publicado em 12 de novembro de 2018 às 18:45

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Deslizamento do morro Boa Esperança - Moradores e equipes de resgate trabalham na retirada dos escombros do morro Boa Esperança, em Niterói, região metropolitana do Rio, que houve um deslizamento de terra apos fortes chuvas. (Ian Cheibub)

As lembranças da madrugada do último sábado (10) jamais serão esquecidas pelo assistente administrativo José Teixeira, de 29 anos. A casa onde ele mora com os pais é em frente ao local onde houve o deslizamento que deixou 15 mortos no Morro Boa Esperança, em Piratininga, Região Oceânica de Niterói, no Rio de Janeiro. Lico, como é conhecido na comunidade, conta que acordou com o barulho dos escombros e da lama batendo no portão da sua casa.

"Eu ouvi gritos de socorro, mães pedindo para salvarmos os filhos delas e muitas pessoas buscando ajuda. Moradores tiveram que cavar para sair de dentro da lama. É muito triste ver os amigos de uma vida perdendo tudo que tinham, alguns ficando sem os parentes", relata o morador.

Segundo ele, após os casos dos anos de 2010 e 2016, quando outros pequenos deslizamentos aconteceram no morro, sem vítimas, a família já havia reforçado o muro da residência. Foi esse reforço que segurou a força da enxurrada de terra e entulho que caiu sobre a casa. Nesta segunda-feira (12), equipes da Defesa Civil continuam retirando os destroços.

"Há dois anos, o meu pai decidiu reforçar o concreto do muro com medo de novos deslizamentos chegarem até a nossa casa. Mas a gente nunca imaginou que isso fosse acontecer, nessa proporção. Com o tempo, o medo vai diminuindo e você esquece dos riscos que existem".

Ele estava em casa no sábado (10) quando ouviu o barulho e saiu correndo do quarto pensando na segurança dos pais, que estavam em outro cômodo. Ao ver que estavam bem, foi até o portão e viu o cenário de destruição.

Na manhã desta segunda-feira (12), amigos e familiares das vítimas da tragédia do morro estiveram no local em busca de documentos e de objetos pessoais que pudessem ter sido encontrados embaixo dos escombros. Policiais civis do Posto Regional de Polícia Técnico-Científica de Niterói chegaram, às 10h, para fazer uma perícia no local, onde permaneceram por cerca de duas horas e saíram sem falar com a imprensa. Técnicos da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, do governo federal, também foram, por volta das 10h20, ao local do deslizamento.

Também nesta segunda (12), a prefeitura de Niterói informou, em nota à imprensa, que trabalha na elaboração do projeto de lei que amplia o escopo do aluguel social, para incluir o pagamento do benefício para as famílias vítimas da tragédia. O projeto será enviado para a Câmara dos Vereadores, em regime de urgência, nesta terça-feira (13). Já as unidades habitacionais, em construção no bairro do Fonseca, serão entregues no dia 20 de dezembro, as 22 famílias das residências afetadas.

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As secretarias municipais de Saúde, Assistência Social, Obras, Conservação e Serviços Públicos, e Companhia de Limpeza mantêm cerca de 200 pessoas trabalhando na limpeza e na Escola municipal Francisco Portugal Neves, em Piratininga, onde estão as nove toneladas de donativos arrecadados. Técnicos da Defesa Civil estão monitorando as casas no entorno, e 17 seguem interditadas.

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