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João de Deus aparece pela primeira vez em Abadiânia após denúncias

João de Deus aparece pela primeira vez em Abadiânia após denúncias

Médium fez uma visita de menos de 10 minutos na casa Dom Inácio de Loyola e disse somente que é inocente

Publicado em 12 de dezembro de 2018 às 14:53

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João de Deus aparece pela primeira vez após denúncias de abuso sexual em Abadiânia. (Reprodução/TV Anhanguera)

Foram dez minutos de tumulto e gritaria. Assim que desembarcou num Ford Ka branco, João de Deus foi cercado por seus funcionários, fez uma visita de menos de 10 minutos na sala de atendimento e retornou. Jornalistas acompanharam o trajeto, mas foram impedidos de se aproximar do médium, que fez a primeira visita ao centro Dom Inácio de Loyola depois de ser acusado de abuso sexual por mulheres que buscaram a casa em busca de tratamento espiritual.

No trajeto, funcionários gritavam: "Respeitem! Ele vai falar." A promessa, no entanto, nao se concretizou. Apesar do amplo espaço , não foi providenciado um local para a entrevista. Ele saiu sem dar entrevista, apenas disse, entre um grito e outro de seus funcionários, que cumpria uma missão dada há 60 anos. E disse somente: "Eu sou inocente".

Na confusão, voluntários chegaram a agredir jornalistas. A chegada no centro ocorreu por volta das 9h20, um horário pouco usual. João de Deus, cujo nome de batismo é João de Faria, horas antes havia desembarcado no aeroporto de Anápolis, de um voo procedente de São Paulo.

Esta foi a primeira aparição pública do médium, depois que mulheres vieram a público acusá-lo de abuso sexual. Passados cinco dias após as primeiras denúncias, mais de duas centenas de mulheres procuraram o Ministério Público para fazer relatos semelhantes. Pelo menos quatro inquéritos já foram abertos.

As denúncias afetaram o movimento da casa, onde atendimentos são realizados. Por volta das 8h30, cerca de 400 pessoas - incluindo crianças e duas pessoas de cadeiras de rodas - aguardam a chegada do lider espiritual. Isso representa um terço do movimento habitual. Chico Lobo, um dos funcionários da casa, afirmou que três ônibus - de São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas - chegaram à cidade. "É menos que o de costume. Mas há também o impacto da proximidade das festas. Nesta época, tradicionalmente o movimento cai."

Funcionários e voluntários da casa começaram a chegar na casa Dom Inácio de Loyola mais cedo. "Sabíamos que seríamos necessários aqui. Ele sempre esteve presente com seu amor, agora estamos prontos para defendê-lo", disse Jacilda Oliveira Soares, que desde 1985 frequenta a casa. Há alguns anos, ela se dedica a organizar as filas de atendimento.

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Primeiro, ingressam fiéis escolhidos pelo médium para formar a corrente de oração. Eles ocupam uma sala próxima onde o líder costuma atender e ficam concentrados durante todo atendimento. Para enfrentar as longas horas, muitos trazem travesseiros ou uma almofada especial, dobrável, para proteger as costas e o quadril. Essas pessoas já estão posicionadas. São cerca de 200. Outras 200, a maioria usando roupas brancas, estão sentadas em cadeiras situadas num pátio coberto, aguardando atendimento. As pessoas são chamadas em grupos, de acordo com a frequência que vem à casa. De acordo com funcionários, mesmo sem a presença de João de Deus, os trabalhos podem ser realizados. "Onde ele estiver, a energia dele estará aqui", dizia Jacilda.

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