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João de Deus diz à polícia que descobriu seu dom com previsão de chuva

João de Deus diz à polícia que descobriu seu dom com previsão de chuva

O médium discorreu sobre sua trajetória no depoimento prestado à Polícia Civil de Goiás logo após se entregar e ser preso

Publicado em 18 de dezembro de 2018 às 17:31

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Preso desde o domingo (16) por suspeita de abuso sexual de mulheres, o médium João Teixeira de Farias, 77, conhecido como João de Deus, se dedicava há 63 anos às chamadas atividades de cura espiritual. Ele diz ter descoberto um dom ainda aos oito anos de idade, ao prever a ocorrência de uma chuva.

João de Deus se entrega à Polícia Civil (PC) em encruzilhada às margens da BR 060 em Abadiânia, cidade de Goiás; médium passou mal após negociações. (Mônica Bergamo/Reprodução/TV Folha/Montagem Gazeta Online)

O próprio médium discorreu sobre sua trajetória no depoimento prestado à Polícia Civil de Goiás logo após se entregar numa estrada de terra em Abadiânia (GO).

João de Deus disse que, menino, era devoto de Santa Rita de Cássia e rezava muito por ela. Numa ocasião, segundo ele, "tendo saído de Itapaci (GO) para Nova Ponte (MG), previu que choveria e realmente ocorreu tal fato, sendo esse o primeiro sinal que recebeu".

João de Deus disse aos policiais que, até os 16 anos, exerceu várias atividades, como as de alfaiate e engraxate. Naquela idade, segundo ele, houve "outro marco".

As pessoas, relatou João de Deus, o procuravam com doentes mentais, vários deles "amarrados", pedindo sua intervenção. "Após a reza, elas podiam ser soltas e recobravam a sobriedade", contou.

O médium ressaltou que quem atua nas sessões espíritas é Deus, e não ele próprio.

As atividades na casa dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, foram iniciadas há cerca de 45 anos. Até as denúncias de violações sexuais, passavam por lá cerca de 5.000 pessoas por semana. A estrutura é mantida por voluntários e, nas contas de João de Deus, 100 funcionários.

O médium é acusado de abusar sexualmente de mulheres que procuravam atendimento na casa dom Inácio. Os casos começaram a se tornar públicos no sábado (8), após 13 supostas vítimas relatarem violações à TV Globo e ao jornal O Globo.

Na segunda (10), Aline Sales, 29, contou à reportagem que esteve na casa dom Inácio em 2012, foi levada para um banheiro, posta de costas e que João de Deus colocou a mão dela em seu pênis.

Desde então, a força-tarefa montada pelo Ministério Público de Goiás recebeu 506 relatos de supostos abusos cometidos pelo médium. A maioria chegou por e-mail e as denunciantes estão sendo chamadas a prestar depoimentos.

Na última sexta (14), a Justiça decretou a prisão preventiva do médium. Ele ficou escondido num sítio na zona rural de Abadiânia até se entregar na tarde de domingo (16) e ser levado para a prisão em Aparecida de Goiânia.

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A Justiça ainda apreciará pedido de habeas corpus apresentado pela defesa do médium. A previsão é de que os primeiros inquéritos sobre abusos sejam concluídos em até 15 dias e enviados só Ministério Público, que decidirá sobre eventuais denúncias à Justiça.

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