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Polícia conclui inquérito sobre morte de cadela agredida no Carrefour

Polícia conclui inquérito sobre morte de cadela agredida no Carrefour

Punição ao funcionário terceirizado da loja será estipulada

Publicado em 18 de dezembro de 2018 às 14:14

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A Polícia Civil concluiu a investigação sobre a morte da cadela Manchinha, agredida no fim de novembro em uma unidade do Carrefour em Osasco, na Grande São Paulo, e enviou o inquérito à Justiça com indicação de autoria ao segurança do mercado, informou a Secretaria da Segurança Pública nesta segunda-feira (17).

De acordo com a pasta, mais de 20 pessoas foram ouvidas e ficou constatada como causa da morte "hemorragia provocada pela lesão sofrida".

Cadela morta no Carrefour de Osasco, na Grande São Paulo. (Reprodução/Facebook)

Em nota, a secretaria afirma que o caso foi encaminhado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim) na quinta-feira (13). Agora, deverá ser estipulada a punição ao funcionário terceirizado da loja, que disse à polícia ter acertado o animal com uma barra de alumínio de forma não intencional.

Maus-tratos é crime de menor potencial ofensivo, ou seja, tem pena prevista inferior a dois anos, normalmente convertida em prestação de serviço.

MANCHINHA

A morte provocou reações e reacendeu o debate sobre penas mais severas para crimes contra animais.

Manchinha vivia no estacionamento do hipermercado havia alguns dias e era alimentada por alguns funcionários.

Em 28 de novembro, ela foi golpeada por um funcionário terceirizado, que afirmou ter sido orientado a retirar a cadela da loja, mas que não tinha a intenção de machucá-la. Em depoimento, ele disse que só percebeu que Manchinha estava ferida quando ela voltou sangrando.

Na ocasião, o Centro de Controle de Zoonoses foi acionado para o resgate, e um enforcador foi usado para capturar o animal, que estava sangrando. O procedimento foi criticado por protetores e, segundo o Carrefour, a vira-lata chegou a desfalecer durante a operação.

O problema é que, naquele dia, não havia informação de agressão, mas de que a cadela havia sido atropelada. Com isso, o corpo foi cremado, conforme procedimento padrão da prefeitura.

A denúncia de maus-tratos e suspeita de envenenamento surgiram dois dias depois, mas não houve tempo para a necropsia, que apontaria a causa da morte. O inquérito, aberto no dia 3 de dezembro, se baseou em depoimentos e em imagens de câmeras de segurança.

OUTRO LADO

O funcionário foi afastado da loja logo que as agressões se tornaram públicas. Alvo de protestos, o Carrefour disse repudiar qualquer forma de maus-tratos e se reuniu com ONGs e protetores.

No último dia 8, quando uma manifestação foi realizada no estacionamento do mercado, a rede anunciou que adotará uma série de iniciativas em prol da causa animal. Entre elas está a criação do "Carrefour Pet Day", que deve ser realizado anualmente no dia 28 de novembro - data da morte de Manchinha -, "quando apoiará com recursos entidades de acolhimento e defesa animal".

Nesta segunda, ao ser questionada sobre o inquérito, a rede informou em nota que "reitera que acompanha as investigações e que colabora com as autoridades para que o caso seja elucidado o mais rápido possível".

PUNIÇÃO

Projetos que endurecem as punições para crimes de maus-tratos contra animais foram aprovados na Câmara e no Senado no último dia 11. Os textos ainda dependem de análise.

A proposta votada no Senado foi apresentada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) após repercussão da morte da vira-lata. Além de aumentar a pena - de 1 a 4 anos de detenção, com a possibilidade de multa -, o texto estabelece punição financeira de um a mil salários-mínimos para estabelecimentos comerciais envolvidos no crime, direta ou indiretamente, mesmo que por omissão ou negligência.

A ideia é que os recursos arrecadados sejam aplicados em entidades de recuperação, reabilitação e assistência de animais.

Mesmo com a pena mais severa, não deve haver prisão em regime fechado. "Ninguém vai ser condenado em regime fechado. Quando a pena é de até oito anos, o regime ou é aberto ou semiaberto. Isso vai continuar", afirmou a senadora Simone Tebet (MDB-MS), relatora do projeto no Senado.

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Já o projeto aprovado na Câmara prevê de um a quatro anos de detenção para quem praticar ato de abuso ou maus-tratos de animais silvestres, domésticos, domesticados, nativos ou exóticos. A punição é agravada em casos de zoofilia ou morte do animal. A proposta, de autoria de (Ricardo Izar - PP-SP) havia sido foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em abril, mas só agora foi a plenário.

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