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Leia uma redação nota 1000 no Enem

Leia uma redação nota 1000 no Enem

Somente 55 candidatos alcançaram pontuação máxima na prova

Publicado em 19 de janeiro de 2019 às 01:34

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(Reprodução)

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou nesta sexta-feira as notas do Exame Nacional do Ensino Médio. Na edição do ano passado, somente 55 pessoas conseguiram alcançar a nota máxima na prova de redação. Neste ano, os estudantes tiveram que escrever sobre "Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet". A estudante Isabel Petrenko Dória, de 18 anos, do curso pH, foi uma das candidatas que obteve nota 1.000 na prova. Leia abaixo a redação da estudante na íntegra:

No filme “O jogo da imitação”, o personagem Alan Turing consegue prejudicar o avanço da Alemanha nazista, posto que decifrou os algoritmos correspondentes ao projeto de guerra de Hitler. Diante disso, pode-se observar, desde a segunda metade do século XX, a relevância do conhecimento tecnológico para atingir certos objetivos. Contudo, diferentemente de tal contexto, atualmente, utiliza-se a tecnologia, muitas vezes, não para o bem coletivo, como representado pelo filme, mas para vantagem privada, mediante a manipulação de dados de usuários da internet. Destarte, é fundamental analisar as razões que fazem dessa problemática uma realidade no mundo contemporâneo.

Em primeiro lugar, cabe abordar a dificuldade de regulação dos sites quanto ao acesso aos dados de quem está inserido no ambiente virtual. De acordo com Sartre, o homem deve zelar pelo bem coletivo em detrimento do individual, uma vez que ele está articulado a uma comunidade. No entanto, a tecnologia, atualmente, rompe com tal lógica altruísta, pois prioriza-se o lucro gerado pela manipulação do indivíduo. Isso ocorre porque muitas empresas detêm habilidades técnicas para traçar perfis individuais, direcionando, por conseguinte, o consumo, além de influenciar escolhas e gostos de cada um. Logo, verifica-se também uma ruptura com a filosofia kantiana de que a pessoa deve ser um fim em si mesma e não um meio de conseguir alcançar interesses particulares.

Ademais, outro fator a salientar é a falta de informação do público no que tange à internet. Diante do advento da Era Tecnológica, a priori com a Terceira Revolução Industrial e, posteriormente, com a Quarta, nota-se uma educação incompleta e que não prepara o indivíduo para um mundo imerso em computadores e inteligência artificial. Nessa perspectiva, apesar de, desde a infância, estar em contato com tablets e celulares, a criança cresce sem saber discernir corretamente quais informações podem ser publicadas ou se seu dispositivo está realmente seguro.

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Torna-se evidente, portanto, a necessidade de repensar a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet. Assim, cabe ao Executivo combater o domínio de elementos pessoais dos consumidores, por meio do investimento na área de tecnologia de informações do Ministério de Ciência e Tecnologia, que deverá aprimorar seu sistema de identificação de uso impróprio de tais dados. Desse modo, poderá ser alcançado o objetivo de proteger os brasileiros inseridos na esfera cibernética. Outrossim, compete ao Ministério da Educação promover a inclusão de disciplinas como Ética e Tecnologia , mediante a alteração na Lei de Bases e Diretrizes da Educação, que impulsionará uma maior difusão da percepção crítica acerca do mundo virtual e de como utilizá-lo, a fim de mitigar a manipulação da conduta dos consumidores. Dessa forma, além de formar cidadãos mais capazes de reconhecer tal adversidade, será possível construir uma sociedade mais bem intencionada e preocupada com o bem coletivo.

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