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MC Melody, cantora de 11 anos, gera debate sobre erotização precoce

MC Melody, cantora de 11 anos, gera debate sobre erotização precoce

Pai da garota é criticado por exposição de imagem sexy da filha; psicanalistas alertam para os riscos que ela e outras crianças correm

Publicado em 18 de janeiro de 2019 às 03:36

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Melody posta fotos em poses sensuais no Instagram. (Reprodução Internet)

Fotos em poses sensuais, cabelos tingidos e maquiagem pesada. Quem acessa as redes sociais da cantora Gabriella Severino, mais conhecida como Melody, pode ter a impressão de que ela tem bem mais que 11 anos de idade.

A erotização precoce de Melody, que já foi alvo de inquérito do Ministério Público de São Paulo em 2015, tem sido amplamente debatida nos últimos dias por seus fãs e até mesmo pessoas que nem a conhecem.

A nova polêmica teve início quando o youtuber Felipe Neto decidiu retirar do seu canal um vídeo da artista, por considerar que a menina estava sendo erotizada por seu pai e empresário, Thiago Abreu, conhecido como MC Belinho.

“Ele (o pai de Melody) me prometeu que ia mudar, mas só piorou. E piorou muito. Ela tem 11 anos”, escreveu Neto no Twitter, compartilhando o link de uma notícia em que ela aparece de biquíni gravando um clipe numa praia.

Após a polêmica se espalhar pelas redes sociais, Felipe Neto afirmou que voltou a conversar com MC Belinho e propôs um acompanhamento psicológico à cantora. Segundo o youtuber, o pai da menina mostrou-se “dispoível e aberto para evoluir e melhorar todos os aspectos que envolvem a situação”.

Neto lembrou que o Ministério Público chegou a investigar o que chamou de a “sexualização de Melody” por duas vezes, mas nada aconteceu. E comparou o caso ao de outra cantora, conhecida como MC Loma, de 16 anos, que foi impedida ano passado de cantar por não estar frequentado a escola, após ação do MP.

Em nota, o Ministério Público de São Paulo informou que existe um Procedimento Administrativo Individual no órgão que apura as condições do núcleo familiar de Melody, mas ele tramita em sigilo por tratar de direitos de uma menor de idade.

A advogada Hannetie Sato, do escritório Peixoto e Cury Advogados, afirma que os desdobramentos judiciais do caso podem levar até mesmo à perda da guarda da criança.

— É dever do pai, da mãe ou do tutor cuidar dos interesses da criança e da adolescente. Uma exposição na mídia de forma erotizada vai totalmente contra esses interesses. Se concluírem que não houve o devido zelo ou que há danos na personalidade, isso pode chegar à perda da guarda ou do poder familiar.

Infância perdida

O alarde em torno do caso não é à toa. A psicanalista Karin Szapiro, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise e mestre em Psicologia pela PUC-SP, explica que a erotização de crianças pode causar danos irreparáveis:

— Infelizmente as crianças têm acesso a conteúdos erotizados desde muito cedo. Elas correm o risco de pular etapas do seu desenvolvimento e perder uma parte importante da infância.

Acelerar processos é ruim e desnecessário porque a criança ainda não está pronta do ponto de vista emocional e físico, explica:

— Uma menina de 11 anos que se passa por adulta revela uma situação inadequada, emocionalmente traumática e com desdobramentos psíquicos prejudiciais no futuro.

Belinho negou que esteja sexualizando Melody e afirmou que vem tentando mudar o estilo de roupa da filha, “lutando para que o foco esteja no talento e nas músicas”.

— Não temos intenção de sexualizar ninguém, muito menos minha filha. Infelizmente, ela não pode ir à praia e colocar um biquíni que já é “sexualização”. Somos atacados de todos os lados.

Para Fábio Barbirato, chefe da Psiquiatria Infantil da Santa Casa de Misericórdia, a exposição de Melody nas redes sociais também pode incentivar outras crianças a adotar um comportamento semelhante.

— A garotada acha que, se imitar o comportamento de alguém que curte, será curtida também — ressalta. — Cabe aos pais mostrar que esse comportamento não tem relação com a autoestima.

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Segundo Barbirato, os pais têm o direito e a obrigação de monitorar o comportamento de seus filhos na internet. O tabu pode ser desmontado por uma conversa simples, segundo ele, em que os adultos devem mostrar a postura adequada na internet.

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