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Corpos de desastre em Brumadinho só deverão ser identificados por DNA

Corpos de desastre em Brumadinho só deverão ser identificados por DNA

Processo no Instituto Médico Legal fica mais complexo devido ao estado de decomposição das vítimas

Publicado em 9 de fevereiro de 2019 às 13:16

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Fica cada vez mais difícil a identificação por papiloscopia, ou seja, por impressão digital, dos corpos resgatados da lama da barragem da Vale em Brumadinho.

A identificação só será possível através da comparação do DNA extraído dos corpos e fragmentos, com o material genético colhido de parentes de primeiro grau dos desaparecidos, devido ao estado de decomposição das vítimas.

Até esta terça-feira (5), o IML (Instituto Médico Legal) de Minas Gerais tinha feito a coleta em 500 indivíduos que procuram por parentes desaparecidos na tragédia -na noite desta sexta (8) havia 182 pessoas que ainda não tinham sido localizadas.

Segundo o superintendente de polícia técnico-científica do IML, Thales Bittencourt existem cerca de 60 famílias que ainda não forneceram material genético para a comparação do DNA extraído dos corpos e fragmentos resgatados da lama.

Ele afirma que médicos legistas estariam na Estação do Conhecimento, um dos centros de atendimento aos atingidos em Brumadinho, na quinta (7) e sexta-feira (8), para "coletar material genético de familiares que ainda não fizeram o cadastro na Polícia Civil. Estamos pedindo também que esses parentes entreguem ao IML objetos de uso pessoal dos desaparecidos, como escova dental e de cabelo, e exames radiológicos".

Em Belo Horizonte, famílias que ainda não fizeram o cadastro, podem procurar a Academia da Polícia Civil, no bairro Nova Gameleira, para fornecer o material genético que será extraído da mucosa oral de parentes de primeiro grau, procedimento que não precisa ser agendado.

O superintendente do IML explica como é feita a comparação do DNA. "É extraído um fragmento do músculo ou cartilagem dos corpos que chegam ao IML, material que é enviado ao laboratório do Instituto de Criminalística da Polícia Civil e os dados armazenados em um programa de computador. Os materiais colhidos de familiares dos desaparecidos também alimentam esse banco de dados para o cruzamento das informações."

A identificação por DNA se faz necessária devido ao estado de putrefação dos corpos e segmentos encontrados na lama de rejeitos tóxicos. Até terça (5), a comparação genética ainda não tinha sido utilizada.

"Dos 126 corpos identificados [até terça (5)] no Instituto Médico Legal desde o início da tragédia, 122 foram pelas impressões digitais e quatro através de da arcada dentária. Mas, na medida em que o tempo vai passando, a identificação só será possível através da comparação do DNA", explicou o legista. Nesta sexta, o número de corpos identificados chegou a 151.

"A medicina não é uma ciência exata. A partir de agora fica mais difícil o reconhecimento por papiloscopia, mas isso não é impossível. Existem corpos que demoram mais que outros para entrarem em decomposição. O importante, neste momento, é colher material genético de todos os familiares que perderam seus parentes na tragédia, para a formação de um banco de dados completo. Nosso principal objetivo é uma maior rapidez na identificação e liberação dos corpos, para diminuir a espera das famílias que já estão sofrendo tanto com essa tragédia", explicou.

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O Instituto Médico Legal de Minas Gerais conta com cerca de cem médicos legistas, trabalhando dia e noite para o reconhecimento dos corpos. Além do efetivo próprio, integram a equipe, profissionais do Distrito Federal e de São Paulo.

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