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'Falou que ia merendar; logo depois, estava morto', diz professor

'Falou que ia merendar; logo depois, estava morto', diz professor

As últimas palavras de Claiton Ribeiro, 17, não saem da cabeça do professor de matemática Agnaldo dos Reis Xavier, 47

Publicado em 14 de março de 2019 às 00:49

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Claiton Antônio Ribeiro, de 17 anos. (Reprodução | Facebook)

As últimas palavras de Claiton Ribeiro, 17, não saem da cabeça do professor de matemática Agnaldo dos Reis Xavier, 47.

"Ele pegou uma rifa comigo e falou: 'professor, agora vou merendar porque hoje tem peixe'. Pouco depois, estava entre os mortos."

No momento do ataque desta quarta-feira (13) que deixou dez mortos na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), Xavier estava distribuindo uma rifa para ajudar na formatura dos estudantes.

Foi quando ouviu o primeiro ruído. "A princípio, achei que era bombinha. Depois, vieram os alunos gritando: 'é tiro, é tiro!'"

Agnaldo conta que correu à sala mais próxima, no pátio. Ficou segurando a porta por uma fresta à medida que os jovens iam com ele. 

"Mandei todos abaixarem e fiquei segurando a porta para deixar eles entrarem", afirma Agnaldo. Ele calcula que, ao todo, 60 estudantes chegaram a se abrigar na sala - como era intervalo, o pátio estava cheio naquele momento, que parecia não acabar.

"Era um tiro atrás do outro, e aluno chorando, ligando para os pais, para a polícia", lembra.

Agnaldo conta que se recorda apenas vagamente do ex-aluno Guilherme Taucci Monteiro, 17, um dos atiradores. "Era uma pessoa muito discreta, acabou passando despercebido, até porque temos de 35 a 40 alunos por sala."

A lotação das salas não é o único aspecto das condições de trabalho que ele critica. "Não temos segurança nenhuma, presença da guarda civil, nada", reclama.

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Ainda assim, não pensa em desistir. "Fico muito abalado, mas ser professor é o que eu sei fazer."

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