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Ele não planejou ataque em Suzano, diz advogado de jovem apreendido

Ele não planejou ataque em Suzano, diz advogado de jovem apreendido

Feller rebateu nesta segunda (25) algumas das provas obtidas pelos investigadores e que foram usadas para considerar o adolescente como autor intelectual do ataque

Publicado em 25 de março de 2019 às 17:18

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Tiroteio na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, a 57 quilômetros de São Paulo, deixou mortos e feridos. . (Rovena Rosa/Agência Brasil)

O adolescente apreendido sob suspeita de ser o terceiro envolvido no massacre na escola Raul Brasil, em Suzano, está servindo de bode expiatório para uma sede da polícia em dar respostas ao crime, afirma Marcelo Feller, o advogado criminal que defende o jovem de 17 anos.

Feller rebateu nesta segunda-feira (25) algumas das provas obtidas pelos investigadores e que foram usadas para considerar o adolescente como autor intelectual do ataque, ao lado de Guilherme Taucci Monteiro, 17, um dos assassinos.

Para a Justiça, mensagens trocadas entre o jovem e Taucci mostraram indícios concretos da participação dele na organização do massacre. Feller, no entanto, diz que as conversas mostram o oposto.

O jovem envia logo depois do ataque, no dia 13 de março, às 10h04: "Caralho, porra, Taucci, teve um tiroteio dentro da escola. Mano, dois adolescentes e eles se mataram." Sem resposta por 40 minutos, ele segue: "Taucci?"

"Um dos atiradores tinha um machado igual ao seu", ainda envia o jovem, antes de se dar conta de quem era o autor do crime. "Seu filho da puta, eu te odeio", foi a última.

"Ele demonstra uma angústia tremenda quando se dá conta do que seu melhor amigo foi capaz de fazer. Ele entrou num estado catártico, começou a tremer e a chorar quando entendeu o que tinha acontecido", afirma Feller.

Em outra mensagem, para um grupo de amigos, o jovem apreendido diz: "Isso me lembrou a minha estratégia pra fazer um massacre naquela escola. Não sei como eu conseguia pensar nisso, sério." Com outro colega, falou: "mano, o atirador pode ser o Taucci".

A polícia diz não saber ainda o que teria provocado a saída dele da efetivação do massacre.

Os dois, segundo o advogado, fantasiaram sobre um ataque do tipo, mas em 2015, quando eles tinham entre 13 e 14 anos. Taucci e o outro jovem eram melhores amigos, estudavam na mesma classe, mas brigaram nesta época e não se falaram mais até o fim do ano passado, segundo o defensor.

"Quando o Taucci tira isso do campo das ideias e passa a executar, ele não sabe. Sim, ele fantasiou sobre entrar na escola e matar pessoas, mas quatro anos antes e fantasiar é absolutamente diferente de colocar em prática", afirma Feller.

Outras provas que corroboram a investigação policial foram apreendidas na casa do jovem. São desenhos de pessoas mortas, mensagens criptografadas e uma bota militar muito semelhantes às achadas na casa dos dois atiradores.

Feller diz que o coturno foi um presente do tio do garoto, dado em fevereiro deste ano, seis meses após a data da compra de botas por Taucci, em novembro de 2018.

Segundo o defensor, foi o próprio adolescente quem disse à polícia que esteve num estande de tiros junto à Taucci cinco dias antes do crime. Um vídeo mostra os dois no local, onde ficaram por mais de uma hora treinando arco e flechas e disparos de armas airsoft. "Ele nunca tentou esconder, mas não sabia que ia ser acusado, já que não tinha feito nada", diz Feller.

Sobre a suspeita de que ele seria o terceiro jovem visto num estacionamento onde os atiradores guardavam o carro usado no ataque, Feller diz que a polícia não comparou as impressões digitais encontradas no veículo, com as do jovem.

O dono do estabelecimento, o empresário Eder Alves, 36, não reconheceu a fisionomia do jovem apreendido como sendo a foto do garoto que viu no local. Feller pediu uma nova análise das digitais.

Ele também solicitou que o jovem seja ouvido por uma psiquiatra, que conseguiria dar um parecer à defesa sobre a sua saúde mental. A Justiça indeferiu o pedido e ele será ouvido por psicóloga da unidade da Fundação Casa, onde está em internado provisoriamente por 45 dias desde 19 de março, quando a juíza Erica Marcelina Cruz, da Vara da Infância e da Juventude, determinou sua internação.

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Se não houver sentença em 45 dias, o adolescente será liberado.

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