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Massacre de Suzano: o que se sabe até agora sobre a manhã de terror

Massacre de Suzano: o que se sabe até agora sobre a manhã de terror

O crime bárbaro aconteceu na manhã desta quarta-feira (13), em São Paulo; 10 pessoas, incluindo os atiradores, morreram; 11 ficaram feridos

Publicado em 13 de março de 2019 às 21:24

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Parentes de vítima em atentado na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP). (Agência Estado)

Tiros, correria e muito pânico. A manhã desta terça-feira (13), na região de Suzano, localizada em São Paulo, foi palco para um crime bárbaro que chocou todo o Brasil. Por volta das 9h30, dois ex-alunos da Escola Estadual Professor Raul Brasil, identificados como Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, invadiram o local, mataram 8 pessoas e deixaram 11 feridos. Os atiradores também morreram. Inicialmente, a polícia havia divulgado que a dupla cometeu suicídio. No entanto, na noite desta quarta, a investigação aponta que um deles matou o comparsa e depois tirou a própria vida.

À esquerda, Luiz; à direita, Guilherme. (Reprodução)

Guilherme e Luiz estavam encapuzados e armados quando entraram na instituição, em horário de intervalo dos alunos. Segundo a polícia, antes de invadirem a escola, Guilherme matou o tio, Jorge Antônio Moraes, que era dono de uma locadora de carros, e roubou um veículo, modelo Ônix, utilizado no massacre.

De acordo com testemunhas, Guilherme teria disparado três vezes contra o familiar, que foi atingido nas costas e clavículas. Depois ele saiu da loja, embarcou em um carro e foi até a instituição de ensino.

Na foto, a loja de veículos do tio de um dos atiradores, que levou 3 tiros. (Agência Estado)

"PENSEI QUE FOSSEM BOMBAS"

A professora Sandra Perez disse que por volta das 9h30, quando estavam no intervalo, ouviram os disparos. "Estava na sala de aula, na hora do intervalo. Pensei que fossem bombas, quando eu percebi que eram tiros fiquei lá. Só saí quando os policiais chegaram, 20 minutos depois", disse Sandra.

"FICAMOS REZANDO, PEDINDO PARA VIVER"

Segundo a estudante Maria Paula Guimarães de Lima, de 16 anos, antes de ir ao banheiro, ela tinha ido à secretaria da escola, onde os atiradores começaram a atirar. "Quando percebi que eram tiros de verdade e ouvi os professores gritando, voltei para o banheiro para me proteger. Havia umas dez pessoas se escondendo comigo, nós ficamos rezando, pedindo para viver", conta a estudante. Ela diz acreditar que ficou entre 30 e 40 minutos dentro do banheiro e só saiu do esconderijo minutos após os tiros cessarem. 

REVÓLVER E ARMA MEDIEVAL USADAS NO CRIME

Fotos de projétil calibre 38 e de arco e flecha que atiradores utilizaram em escola em Suzano (SP). (Reprodução)

O comandante-geral da Polícia Militar, Marcelo Salles, informou que os dois adolescentes usaram um revólver calibre 38, com quatro carregadores, e uma arma medieval semelhante a um arco e flecha, além de uma machadinha, uma caixa que aparentava ser explosivos e garrafas montadas com coquetéis molotov. 

ATIRADOR NÃO TINHA HISTÓRICO DE PROBLEMA NA ESCOLA

Guilherme Taucci Monteiro, 17 anos, um dos atiradores do ataque na escola estadual. (Reprodução)

O secretário estadual da Educação de São Paulo, Rossieli Soares, disse Guilherme não tinha histórico de problemas na escola estadual Raul Brasil. “A informação que temos sobre o Guilherme é que ele foi aluno por dois anos no primeiro e no segundo ano do ensino médio, e ele nunca trouxe problemas. Não há registros de problemas desse aluno. Era um aluno muito quieto, calmo e não teria mais problemas. Mas vamos levantar mais informações”, disse o secretário.

RETORNO AOS ESTUDOS

O secretário ainda informou que o menor de idade teria dito que queria voltar a estudar no local. "Trata-se de um ex-aluno que estava, inclusive, sendo monitorado, como processo da secretaria para que retornasse a essa escola. Ele voltou à escola alegando que iria à secretaria para retomar os estudos. Então, até a informação que a gente tem, a escola estava aberta para poder receber o ex-aluno."

SOBREVIVENTES SE ESCONDERAM NA DESPENSA DA ESCOLA 

A estudante Quelly Mileny, 16 anos, que foi uma das sobreviventes, disse que se escondeu com outros colegas na despensa do colégio. “A gente estava indo merendar no refeitório, quando ouviu os tiros. No segundo tiro, a gente saiu correndo, e o lugar mais perto era a cozinha. Da cozinha, as tias nos colocaram no armazenamento de alimentos”, contou.

Quelly disse que havia pelo menos 30 alunos no local e que ficaram escondidos por cerca de 15 minutos. “Tinha gente até embaixo da mesa”, disse. Segundo a estudante, o grupo ligou para a polícia e para os pais, tentando avisar o que estava acontecendo na escola. “Ficamos ali esperando até que a porta foi aberta. A gente achou que eram os atiradores, mas era a polícia”, relatou.

IML RECEBEU CORPOS

Saída dos carros das Funerárias com os corpos. (Tiago Queiroz)

Seis corpos das dez vítimas atingidas pelos atiradores foram para o Instituto Médico Legal (IML) de Suzano. Cinco são de alunos e o sexto é de uma funcionária da unidade. Os corpos dos autores dos disparos foram encaminhados para o IML de Mogi das Cruzes.

PC INVESTIGA SE ATIRADORES PLANEJARAM CRIME EM FÓRUM DE GAMES

A polícia investiga se os dois jovens que abriram fogo faziam parte de um grupo que joga em rede o game Call of Duty, de guerra, e neste fórum teriam planejado o crime. Os investigadores estão ouvindo os pais dos rapazes sobre essa questão, mas suspeitam que pode ter ligação com o massacre. A polícia ainda não sabe como ou onde as armas foram compradas.

POLÍCIA ACREDITA QUE TIROTEIO FOI CUIDADOSAMENTE PLANEJADO

A tragédia que chocou o país é um quebra-cabeça em fase de montagem. A Polícia Civil busca compreender o crime e já sabe que houve um plano meticulosamente organizado. O secretário de Segurança Pública de São Paulo, João Camilo Pires de Campos, disse que policiais coletam depoimentos e provas. Segundo ele, é possível confirmar alguns detalhes sobre o que ocorreu antes e durante do massacre no colégio.

Com base nos primeiros depoimentos, a polícia acredita que os dois atiradores partiram para o ataque juntos. Quando eles se deparam no Centro de Línguas com a porta fechada e perceberam que estavam encurralados pelos policiais da força tática teriam se desesperado.

ATIRADOR MATOU COMPARSA E DEPOIS SE SUICIDOU, DIZ PM 

A Polícia Militar chegou à escola, quando os dois atiradores, Luiz Henrique de Castro, 25, e Guilherme Taucci Monteiro, 17, ainda faziam os disparos e estudantes deixavam o prédio desesperados. Segundo o comandante-geral da PM, Marcelo Vieira Salles, ao que tudo indica, "quando eles [atiradores] viram a Força Tática, entraram para dentro de um corredor e um atirou na cabeça do outro. Depois, esse se suicidou."

FAMÍLIAS ATENDIDAS EM CENTRO DE ACOLHIMENTO

Os parentes dos cinco estudantes e de dois funcionários estiveram em um centro de acolhimento montado no Bunkio Associação de Cultura Japonesa. Foi ali que eles receberam a notícia de quais estudantes foram mortos pelos atiradores.

OS MORTOS

Alunos da escola (óbito)

- Caio Oliveira, 15 anos

- Claiton Antonio Ribeiro, 17 anos

- Douglas Murilo Celestino, 16 anos

- Kaio Lucas da Costa Limeira, 15 anos

- Samuel Melquiades Silva Oliveira, 16 anos

Funcionárias da escola (óbito)

- Eliana Regina de Oliveira Xavier, 38 anos

- Marilena Ferreira Vieira Umezo, 59 anos

Atiradores (óbito)

- Guilherme Taucci Monteiro, 17 anos 

- Luiz Henrique de Castro, 25 anos 

Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos e Luiz Henrique de Castro, de 25 anos. (Reprodução)

Dono da locadora (tio de Guilherme)

- Jorge Antonio de Moraes, 51 anos 

Feridos

- Adna Isabella Bezerra de Paula, 16 anos

- Anderson Carrilho de Brito, 15 anos

- Beatriz Gonçalves Fernandes, 15 anos

- Guilherme Ramos do Amaral, 14 anos 

- Jenifer da Silva Cavalcante 

- José Vitor Ramos Lemos

- Leonardo Martinez Santos 

- Leonardo Vinícius Santa Rosa, 20 anos

- Letícia de Melo Nunes

- Murillo Gomes Louro Benites, 15 anos 

- Samuel Silva Félix, 15 anos 

 

 

 

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