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Tragédia em Suzano: estudante voltou para salvar namorada e morreu

Tragédia em Suzano: estudante voltou para salvar namorada e morreu

Douglas Murilo Celestino, 17, foi uma das vítimas do massacre

Publicado em 15 de março de 2019 às 10:44

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Estudante volta à escola em busca da namorada e acaba morto em Suzano. (Reprodução)

Familiares de Douglas Murilo Celestino, de 17 anos, uma das oito vítimas do atentado em Suzano, em São Paulo, contaram ontem que o adolescente foi um dos heróis da tragédia, na últiam quarta-feira, tendo sacrificado a vida para salvar a namorada. Segundo parentes presentes no velório do jovem, Douglas havia conseguido fugir da escola quando o ataque começou, mas retornou ao perceber que a namorada, de 16 anos, não havia saído do colégio.

A adolescente ficou ferida, mas sobreviveu. De acordo com boletim divulgado pela Secretaria de Saúde de São Paulo, ela estava na UTI e seu quadro era estável até a noite de ontem.

Foram quatro horas de angústia e informações desencontradas até que a família de Douglas recebesse a notícia que não queria: o aluno do 3º ano do ensino médio da Escola Raul Brasil era uma das vítimas do massacre. Douglas foi baleado na cabeça e socorrido ao Hospital Luzia de Pinho Melo, em Mogi das Cruzes, mas no momento do resgate estava próximo ao RG de outro aluno e foi identificado como José Victor.

Mais ou menos no mesmo horário, por volta das 10 horas, um tio de Douglas, professor em outra escola de Suzano, começava a ser informado pelos alunos de um ataque no colégio próximo. “Não conseguia mais dar aula porque os alunos começaram a receber mensagens, fotos e vídeos”, diz Robson Chaves, de 42 anos. “Quando deu 11 horas, minha esposa ligou falando que estava com a mãe do Douglas e ele não atendia o celular.”

Segundo os tios do adolescente, Douglas, embora tivesse muitos amigos na escola, havia pedido à família para trocar de colégio. “Estava tendo muitos casos de indisciplina, bagunça, e ele era mais tranquilo, um menino muito dócil”, diz o tio.

Evangélico, Douglas, além da escola regular, fazia aulas de informática e de futebol. Ao terminar o ensino médio, no fim deste ano, pretendia tentar Computação em uma universidade. Fã de videogames, costumava ir à casa do amigo Gustavo, de 16 anos, para jogar.

O colega escapou por pouco. Ele cruzou com um dos atiradores quando estava correndo, pulou o muro para fugir e correu para casa. Só machucou um dedo da mão. “Ele chegou em casa, me ligou e disse ‘Pai, aconteceu uma tragédia, escapei por milagre, mas acho que o (Douglas) Murilo não conseguiu.’ Os dois eram amigos desde os 5 anos e estudavam na mesma sala. Ele vivia lá em casa. Meu filho está em choque”, diz José Roberto Santos, 49, pai de Gustavo.

Outra vítima, Samuel Melquíades, de 15 anos, se dividia entre a escola, o gosto pelo desenho e a igreja. “Era ele que levava mensagem de esperança aos outros jovens”, disse José Silva, tio do rapaz.

LEVOU MACHADADA

Com uma machadinha no ombro, José Victor Lemos, de 18 anos, chegou caminhando sozinho no Hospital Santa Maria, a duas quadras da escola. Ao ouvir os disparos dentro do colégio, o jovem tentou fugir. “Ele estava com a namorada, saiu para outro lugar, e os dois se desencontraram. Pulou o muro e foi pego de surpresa pelo atirador”, conta o pai, Marco Lemos.

VÍTIMAS

10 mortos

Na escola (9): Caio Oliveira, 15 anos; Douglas Murilo Celestino, 16; Samuel Melchíades, 16; Kaio Lucas da Costa Limeira, 15; Claiton Antônio Ribeiro, 17 ; Marilena Umezu, 59; Eliana Regina Xavier, 38. E os assassinos, Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, 25.

Fora da escola (1): Jorge Antônio Moraes, 51 anos.

11 feridos

Estável: Adna Bezerra, 16 anos; Anderson Carrilho de Brito, 15; Jenifer Silva Cavalcanti; Murilo Gomes Louro Benite; José Vitor Ramos Lemos, 18; e Samuel Silva Felix, 14.

Tiveram alta: Leonardo Vinicius Santana, 16 anos; Leticia Melo Nunes; e Beatriz Gonçalves Fernandez, 15;

Passaram por cirurgia:

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Guilherme Ramos, 14 anos; e Leonardo Martinez Santos. Estados de saúde não foram divulgados.

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