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Empresas de armas avaliam impacto de decreto no mercado

Empresas de armas avaliam impacto de decreto no mercado

Em janeiro, presidente flexibilizou posse de armas de fogo no país

Publicado em 6 de abril de 2019 às 00:13

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Arma de fogo. (Divulgação)

O impacto no mercado de armas e munição provocado pela mudança na legislação brasileira foi um dos assuntos mais discutidos na Laad Defesa e Segurança, considerada a maior feira de defesa e segurança da América Latina. O evento reúne as maiores empresas mundiais do segmento no Rio de Janeiro até esta sexta-feira (5).

Em janeiro, o presidente Jair Bolsonaro assinou decreto que flexibilizou a posse de armas de fogo. Para os principais representantes da indústria nacional – a privada Taurus e a estatal Imbel -, a mudança pode refletir em crescimento do setor.

Na avaliação do presidente da Taurus, maior empresa armamentista nacional, Salésio Nuhs, a flexibilização contribui para desenvolvimento de tecnologia.“Temos que qualificar a nossa mão de obra e reter esses talentos. No início do ano, nós geramos mais 200 empregos na nossa fábrica no sul. Hoje, eu tenho 2.100 funcionários”, disse Nuhs à Agência Brasil.

A Taurus tem uma única fábrica em São Leopoldo, região metropolitana de Porto Alegre (RS), com produção de 4 mil armas por dia. Se for preciso aumentar a produção, o empresário diz que será necessário investir em um novo turno com mais pessoal.

O executivo destacou que o aumento da produção não será imediato, deve ser gradual, lembrando que o processo para conseguir a posse de arma demora cerca de três meses e é caro.

“Eu não acredito que vai triplicar a venda amanhã. Vai aumentar, vai ser gradual”, afirmou. “O decreto [saiu] em janeiro. O processo da compra de armas no Brasil é extremamente sério, em termos de exigências legais. Têm todas as declarações e certidões que o cidadão tem que tirar, o exame psicotécnico e o curso de tiro”, acrescentou.

O lucro bruto da Taurus atingiu R$ 307,6 milhões em 2018, mais de três vezes superior a 2017. No ano passado, a produção total de armas da Taurus, somadas as fábricas do Brasil e dos Estados Unidos, foi de 1,117 milhão. A Taurus comprou, em 2008, a marca Rossi, tradicional fabricante de armas, até então sua concorrente. Posteriormente, em 2014, o controle da Taurus foi adquirido pela CBC, maior fabricante de munição do país.

Com tamanho inferior em comparação à Taurus, a estatal Imbel – Indústria de Material Bélico do Brasil, ligada ao Ministério da Defesa, prevê crescimento de 20% de produção de armas curtas de uso civil, pistolas calibre 380, em 2019, comparado a 2018. A estimativa é do assessor de comunicação da empresa, Marcelo Muniz, que também participa da feira.

“A demanda que está aumentando é o calibre permitido, que o cidadão pode fazer uso. Essa mudança é bem característica, o cidadão quer se proteger. Isto percebemos de imediato”, disse Muniz.

A produção atual é de 6 mil pistolas calibre 380 por ano, de um total de 7 mil armas, de todos os calibres, fabricadas na unidade de Itajubá (MG). Segundo o assessor, o aumento na produção demandará contratação de trabalhadores. Como a empresa é estatal, o ingresso permanente se faz via concurso. A solução será chamar o cadastro de reserva de candidatos ou contratar empregados temporários.

A empresa foi criada em 1975 para suprir as Forças Armadas com armas, munições, rádios e outros equipamentos. Produz fuzis calibres 556 e 762, pistolas calibres 380, .40 e 9 mm, além de facas, explosivos e sistemas de comunicação. Também desenvolve e vende, para as Forças Armadas, o Projeto Combatente Brasileiro (COBRA), Soldado do Futuro, que envolve o armamento, os equipamentos de comunicação e de energia.

EXPORTAÇÃO E EMPRESAS FINANCEIRAS

De acordo com Salésio Nuhs, 90% da produção da Taurus vão para o exterior, principalmente os Estados Unidos. A demanda do mercado brasileiro, até agora, fica em cerca de 10%. Segundo ele, este cenário pode mudar com a nova legislação e a empresa tem condições de atender a demanda nacional.

Conforme o executivo, as empresas estrangeiras têm interesse em vender armas para o Brasil, pois a instalação de indústrias esbarra na alta taxa de encargos trabalhistas e impostos, que chegam a 70% do valor final de uma arma.

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Para Muniz, da Imbel, a abertura de mercado traz vantagens para a indústria nacional. “Nós não tememos a entrada dessas marcas. Nós temos armas muito tradicionais. Mas precisamos modernizar, sim, as nossas pistolas. Já estamos preparando parcerias exatamente para lançarmos um novo modelo de pistola, de todos os calibres”, disse.

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