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Protesto de catadores de lixo faz evento com Salles mudar de lugar

Protesto de catadores de lixo faz evento com Salles mudar de lugar

O evento de lançamento do Lixão Zero, que contaria com o ministro do Meio Ambiente, teve que ser transferido para o Palácio Iguaçu, devido a protestos contra o programa e a visita do ministro

Publicado em 30 de abril de 2019 às 22:07

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Ministro Ricardo Salles. (Reprodução/Arquivo)

O evento de lançamento do programa Lixão Zero, que ocorreria no calçadão da rua XV de Novembro, em Curitiba, e contaria com Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, teve que ser transferido para o Palácio Iguaçu, sede do governo estadual, devido a protestos contra o programa e a visita do ministro. A maior parte dos manifestantes era composta por catadores de materiais recicláveis, que temem que a proposta de incineração dos resíduos para gerar energia prejudique sua fonte de renda.

A ideia do programa é eliminar os lixões existentes no país e apoiar os municípios em soluções mais adequadas de destinação final dos resíduos, como os aterros sanitários. Segundo o ministério, ainda há 3.000 destinações inadequadas de lixo por todo o país. O programa deve receber investimento federal de R$ 750 milhões neste primeiro ano.

Protesto em Curitiba contra o projeto Lixão Zero e o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles Divulgação Pessoas em protesto Salles disse que a maioria dos manifestantes presentes no evento nesta terça (30) eram sindicalistas em um ato político, e não catadores. Segundo ele, a intenção é fazer com que a classe não tenha mais que trabalhar em lixões.

"Não são situações excludentes. A boa prática diz que eles têm um papel anterior, de segregar o material. É preciso tratar as pessoas de maneira digna, reconhecer o caráter humanitário de um programa que visa extinguir um mal tão grande que é o lixão", disse.

"Nós, catadores, temos que fazer essa triagem do material reciclável, antes da incineração, que só deve ocorrer em último caso", afirmou Lucas Correia de Lima. "A proposta da incineração que está sendo defendida não leva em conta que grande parcela da população sobrevive dos resíduos, e essas pessoas não estão tendo o mínimo de voz ativa nessa discussão, há uma imposição de políticas públicas de cima para baixo", afirmou o deputado estadual Goura (PDT), presidente da comissão de meio ambiente da Assembleia Legislativa do Paraná.

De acordo com Salles, Curitiba foi escolhida para sediar o lançamento do programa por ser uma cidade privilegiada, com índices positivos de destinação correta do lixo e com cultura desenvolvida quando se trata da gestão dos resíduos. O município trocou os lixões por aterros sanitários em 1989. Já o estado do Paraná, que destinava 60% de todos os resíduos para lixões e aterros controlados em 2012, hoje destina 18%.

Salles disse que muitos ambientalistas não fizeram nada sobre os problemas que atingem as cidades do país. "Ninguém fez um programa abrangente para o resíduo sólido."

O ministro afirmou ainda que o Brasil, até agora, viveu o império da irracionalidade na gestão ambiental. "Ao invés de adotar as decisões corretas, vivenciamos o período do país em que o dogmatismo, a visão ideológica distorcida, o preconceito, fizeram com que nós vivêssemos um atraso gigantesco", disse.

Para ele, há também uma tentativa internacional de mobilizar a opinião pública brasileira contra o agronegócio do país, por interesses comerciais e capacidade de mobilização de entidades defensoras da causa ambiental. "A verdade é que o agronegócio brasileiro é exemplo de sustentabilidade para o mundo, em todos os aspectos", afirmou.

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Questionado sobre a afirmação do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de que teria negociado com a pasta uma limpa no Ibama e no ICMBio, o ministro disse que esta é a fase de colocar a técnica em primeiro lugar. "É obrigação de todo administrador fazer valer a lei. E, além de tudo, colocar racionalidade, afastar excessos ideológico e dogmáticos na administração da coisa pública. Isso que estamos fazendo respeitando o regramento existente", disse.

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