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Ao tornar Irmã Dulce santa, papa reforça ideal para novo catolicismo

Ao tornar Irmã Dulce santa, papa reforça ideal para novo catolicismo

A imprensa católica de língua inglesa chegou a apelidar a nova santa de “madre Teresa do Brasil”

Publicado em 15 de maio de 2019 às 09:21

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Por sua solidariedade ao próximo, irmã Dulce ficou conhecida como Anjo Bom da Bahia. (Divulgação/Agência Brasil)

Ao reconhecer a baiana Irmã Dulce (1914-1992) como a primeira santa nascida no Brasil, o papa Francisco reforça um dos elementos mais presentes nas canonizações de seu pontificado: o papel de religiosos que se dedicavam a cuidar dos marginalizados, em especial nas regiões periféricas do mundo católico.

É o caso da recém-declarada santa, que pertencia a uma congregação ligada aos franciscanos (honrados, é claro, pelo próprio nome que o pontífice argentino adotou ao assumir o comando da Igreja Católica).

O mesmo vale para canonizações recentes de sacerdotes e freiras da Índia (o caso mais famoso é o de madre Teresa de Calcutá, que morreu em 1997 e teve sua santidade reconhecida em 2016), da Palestina e da própria Argentina. A imprensa católica de língua inglesa chegou a apelidar a nova santa de “madre Teresa do Brasil”.

Isso não significa necessariamente que essas “candidaturas” à santidade tenham furado a longa fila de processos na Santa Sé.

A própria Irmã Dulce, por exemplo, teve seu primeiro milagre reconhecido ainda em 2003, durante o papado de João Paulo 2o, e foi beatificada pelo pontífice que o sucedeu, Bento 16, em 2011. O reconhecimento pelo Vaticano de um segundo milagre operado por intercessão dela acabou confirmando a canonização.

Em situações especiais, por outro lado, o papa pode dispensar a necessidade de um primeiro ou segundo milagre confirmados, por meio da chamada canonização equipolente. Foi o que permitiu que se reconhecesse a santidade do missionário jesuíta José de Anchieta (1534-1597), que nasceu na Espanha, mas se tornou uma das figuras mais veneradas dos primeiros séculos de catolicismo no Brasil.

Anchieta exemplifica outra constante das canonizações ocorridas no pontificado de Francisco: a importância dos religiosos que levaram a fé católica para locais distantes da Europa na Era das Navegações, o que, nos últimos anos, alçou aos altares figuras dos séculos 16 e 17 que pregaram para indígenas mexicanos, canadenses e americanos.

Além disso, muitos desses santos morreram em defesa da fé, como os chamados Mártires de Natal (RN). Esse grupo de 30 colonos de origem portuguesa, liderados pelo jesuíta André de Soveral, nascido no Brasil, foi executado por holandeses protestantes e seus aliados indígenas em 1645, no atual território do Rio Grande do Norte.

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O conjunto das canonizações retrata bem o ideal que Francisco tem pregado para o catolicismo do século 21: uma Igreja próxima dos pobres, missionária e que não tema o martírio.

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