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Professores da rede pública de SP vão parar contra reforma na sexta

Professores da rede pública de SP vão parar contra reforma na sexta

Devem parar, além do transporte coletivo, escolas públicas e particulares

Publicado em 12 de junho de 2019 às 12:10

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Sala de aula vazia: antes, notificação acontecia com50% de ausência. (Shutterstock)

A greve geral contra a reforma da Previdência, que acontece na próxima sexta-feira (14), deve parar, além do transporte coletivo, escolas públicas e particulares.

Convocada pelas centrais sindicais no dia 1º de maio, a paralisação tem como principal alvo o projeto de mudança nas aposentadorias apresentado pelo governo Bolsonaro.

Silvia Barbara, diretora do Sinpro-SP (sindicato de escolas particulares) afirma que a entidade definiu em assembleia, no início do mês, pela paralisação e comunicou os sindicatos patronais da decisão, dando segurança para os profissionais que quiserem aderir.

Agora, a entidade tem levado carros de som para as escolas e promovido panfletagens e palestras para convencer os professores a aderir à paralisação e as organizações a não oferecer aulas no dia.

Segundo ela, 30 colégios já confirmaram que não haverá aula, a maior parte deles de grande porte. O sindicato ainda não fornece a lista das escolas em que a paralisação foi decidida.

A cidade de São Paulo tem 1.500 escolas particulares, segundo Barbara. Ela afirma que a maior parte é de ensino infantil e com poucos alunos e que as escolas que aderiram a greve já representam universo importante de professores.

O colégio Equipe publicou em seu site carta aos pais informando que não haverá aula nesta sexta-feira em razão da paralisação. 

Barbara diz que, além de protestar contra as propostas da reforma, os professores também tem em sua pauta críticas aos cortes na educação e ao modo como o ministério da área vem sendo conduzido no governo Bolsonaro.

"A reforma prejudica direitos constitucionais dos professores, mas ela é tão ruim que não adianta criticar prejuízos à categoria específica, é preciso defender a aposentadoria de todos os trabalhadores", diz.

Barbara diz ser contra a desconstitucionalização da Previdência prevista em artigos da reforma, que abriria espaço para que mudanças seguintes fossem feitas com mais facilidade, exigindo menos votos na Câmara e no Senado do que uma alteração na Constituição.

A Apeoesp, que representa os professores de escolas estaduais, e o Sinpeem, dos professores municipais, também afirmam que estão orientando pela paralisação, com o objetivo de que ela se concretize em todas as escolas.

Outras categorias confirmaram que irão parar na sexta, entre elas os metalúrgicos do ABC e trabalhadores da construção civil. Na noite de terça, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região confirmou em assembleia sua adesão à greve.

Wagner Santana, presidente do sindicato da categoria, que representa 60 mil trabalhadores, diz que a orientação é que os profissionais fiquem em casa durante o dia. 

Ele diz acreditar serem necessários ajustes no sistema previdenciário de tempos em tempos, mas, segundo ele, não é possível que se retirem direitos de quem já entrou no mercado com determinada expectativa.

Ele diz que, antes de mudar as regras de aposentadoria, o governo deveria cobrar empresas que estão com pagamentos em atraso para a Previdência e melhorar a gestão do sistema.

Também  reclama da falta de diálogo com o governo: "Não pode haver uma reforma previdenciária que não ouve os maiores interessados, que são os trabalhadores."

O dia não trabalhado pode ser descontado dos trabalhadores, explica Santana. 

As paralisações também devem afetar o transporte público em grandes cidades.

Em São Paulo, motoristas de ônibus e metroviários, por exemplo, definiram adesão. Devem ser afetados os trens da CPTM e as linhas 1, 2 e 3 do metrô, além da circulação de ônibus.

Na sexta, a seleção brasileira estreia na Copa América contra a Bolívia, às 21h30, no estádio do Morumbi, em São Paulo. A chegada ao estádio pode ser feita a partir da Linha 4 do Metrô, que deve seguir em funcionamento.

Antonio de Souza Ramalho, presidente do Sintracon (dos trabalhadores da construção), diz acreditar que 90% dos trabalhadores da categoria vão parar na sexta, inclusive pela dificuldade de acesso ao transporte.

Ramalho afirma não ser contra a reforma da Previdência em sua totalidade, mas diz que há pontos na proposta que precisam ser alterados.

Ele critica a exigência de 25 anos de contribuição mínimos para a aposentadoria e os 40 anos para aposentadoria com benefício integral.

"Na construção civil, é quase impossível alguém comprovar tanto tempo. É um trabalho de muita rotatividade."

MEDIDAS JUDICIAIS

Em nota, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos disse tomar todas as medidas judiciais necessárias para garantir o transporte dos passageiros. 

Informa que o Metrô conseguiu liminar para manter 100% do quadro de servidores nos horários de pico e 80% no restante. Já a CPTM conseguiu decisão pela manutenção completa de seu quadro durante todo o horário de operação.

A secretaria disse considerar o objetivo da paralisação ideológico e contar com o bom senso das categorias para que não prejudiquem mais de 7 milhões de trabalhadores que dependem diariamente do Metrô e da CPTM.

"No momento em que vivemos, esta greve contraria os objetivos do País, ao prejudicar a mobilidade de quem vive em São Paulo e precisa se locomover para trabalhar."

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 A SPTrans, responsável pela circulação de ônibus na capital paulista, disse que  acompanha a divulgação da adesão pelo sindicato e fará todos os esforços para garantir o deslocamento da população.  

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