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Justiça revoga prisão domiciliar de Abdelmassih após livro de detento

Justiça revoga prisão domiciliar de Abdelmassih após livro de detento

Na decisão são referenciados denúncias e indícios de que Abdelmassih teria propositadamente ingerido remédios que alterariam seu quadro clínico

Publicado em 23 de agosto de 2019 às 08:44

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Justiça revoga prisão domiciliar de Abdelmassih após revelação de livro de detento. (Divulgação/Senad | Arquivo)

A Justiça de São Paulo revogou nesta terça-feira (13) a prisão domiciliar de Roger Abdelmassih, condenado a 181 anos de prisão por 48 estupros de 37 mulheres quando era médico. Com a sentença, Abdelmassih deve ser levado ao Hospital Penitenciário de São Paulo.

Antes de ter conseguido sua prisão domiciliar em 2017, Abdelmassih esteve preso em Tremembé, no interior de São Paulo.

Nesta mesma terça, a Justiça paulista transferiu Acir Filló, outro detento de Tremembé que durante o cumprimento de sua pena escreveu um livro contando os bastidores do presídio, com o título "Diário de Tremembé - o presídio dos famosos".

Em Tremembé também estão presos Alexandre Nardoni (condenado por matar a filha), Guilherme Longo (suspeito de matar o enteado Joaquim, em 2013), Lindemberg Alves (condenado pelo assassinato da namorada Eloá, em 2008), Cristian Cravinhos (condenado pela morte dos pais de Suzane Richthofen, em 2002) e Mizael Bispo de Souza (condenado pela morte de Mércia Nakashima, em 2010). A transferência de Filló é vista como uma punição pelo livro feito.

O livro dizia em um de seus capítulos que o médico Roger Abdelmassih havia participado de uma trama para fraudar seus resultados clínicos com o objetivo de conseguir sua prisão domiciliar.

Pelo relato, um médico gastroenterologista, que também está preso em Tremembé, confessou ter administrado em Roger remédios que aumentariam sua pressão arterial. O objetivo era fraudar exames médicos para indicar que Roger estava mais debilitado do que realmente estava.

Na decisão desta terça, a Justiça não faz referências explícitas ao texto de Filló, fala apenas de denúncias e indícios de que Abdelmassih teria propositadamente ingerido remédios alterariam seu quadro clínico.

Os detentos Alexandre Nardoni, Cristian Cravinhos, Gil Rugai, Lindenberg Alves, Mizael Bispo de Souza e Guilherme Longo, em Tremembé Arquivo pessoal Os detentos Alexandre Nardoni, Cristian Cravinhos, Gil Rugai, Lindenberg Alves, Mizael Bispo de Souza e Guilherme Longo, em Tremembé ENTENDA O CASO ABDELMASSIH

Abdelmassih ficou conhecido como "médico das estrelas" e chegou a ser considerado um dos principais especialistas em reprodução assistida do país, antes de ser acusado por dezenas de pacientes por abuso sexual.

O primeiro caso foi denunciado ao Ministério Público em abril de 2008, por uma ex-funcionária do ex-médico, como foi revelado pela Folha de S.Paulo. Depois, outras pacientes, com idades entre 30 e 40 anos, disseram ter sido molestadas quando estavam na clínica.

As mulheres afirmam que foram surpreendidas por investidas do ex-médico quando estavam sozinhas -sem o marido e sem enfermeira presente -os casos teriam ocorrido durante a entrevista médica ou nos quartos particulares de recuperação. Três dizem ter sido molestadas após sedação.

Em 2010, o ex-médico foi condenado em primeira instância a 278 anos de prisão pela série de estupros de pacientes. A pena acabou reduzida para 181 anos em 2014 por causa da prescrição de alguns crimes.

Abdelmassih ficou foragido por três anos antes de ser preso e chegou a liderar a lista de procurados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo. Ele foi localizado em agosto de 2014, em Assunção, no Paraguai, de onde foi deportado.

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O Cremesp (Conselho Regional de Medicina de SP) iniciou um processo contra o médico em 2009, logo após as denúncias, e a cassação definitiva do registro profissional saiu em maio de 2011.

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