Deputados estaduais lançam nesta sexta-feira (30) uma frente parlamentar em defesa de escolas militares em São Paulo.
O estado já negocia a implantação de um colégio em parceria com as Forças Armadas. No último dia 20, o governador João Doria (PSDB) recebeu no Palácio dos Bandeirantes o chefe do Estado-Maior do Exército, general Braga Netto, para tratar do tema.
A unidade deve ficar no Campo de Marte, na zona norte da capital paulista.
O que a frente parlamentar da Assembleia Legislativa reivindica, porém, é um pouco diferente: são escolas com gestão compartilhada com a Polícia Militar, explica o deputado Tenente Coimbra (PSL), que integra o grupo. Isso já vem ocorrendo em outras localidades, como o Distrito Federal.
Atualmente, o planejamento da secretaria estadual da Educação de São Paulo não prevê escolas geridas dessa forma.
A pasta lançou no início de julho, contudo, um plano de segurança que prevê a alocação de policiais da reserva dentro de uma escola estadual, em um projeto-piloto que pode ser expandido para toda a rede. Ele atuaria na mediação de conflitos.
Outras medidas previstas no projeto são a alocação de policiais de folga para vigiar as unidades e medidas mais rígidas para alunos que praticarem vandalismo e atos de violência.
Segundo o deputado do PSL, o programa da gestão Doria atende a demanda da frente, ao prever a integração com a polícia.
O objetivo dos parlamentares, segundo ele, é criar condições para que valores como responsabilidade e disciplina sejam cultivados na rede de ensino. "Isso o programa contempla", diz.
Segundo ele, questões como uso de uniforme militar são secundárias e não devem ser o foco do grupo criado na Assembleia Legislativa. "Cultivar valores como o patriotismo independe de corte de cabelo, de o aluno estar fardado ou não", diz.
Entre as medidas que o deputado defende para disseminar esses valores no sistema educacional estão a incorporação à rotina de práticas como cantar o hino e fazer fila.
De acordo com Coimbra, a frente parlamentar terá cerca de 20 deputados.
Secretário-executivo da entidade Defenda PM, que apoia a Polícia Militar, o coronel da reserva Ernesto Puglia Neto afirma que a forma como os policiais participarão dos colégios ainda precisa ser discutida, mas ele apoia o grupo.
"O jovem hoje tem uma baixa tolerância à frustração. Com disciplina isso melhora", afirma. "É importante aprender a negociar entre o que se quer e o que se pode."
Críticos da expansão dos colégios militares dizem que as unidades não respondem aos principais desafios educacionais do país, como evasão e baixos índices de aprendizagem, e dizem que a militarização não contribui para uma formação integral.
Defensores da medida, por sua vez, apontam que os colégios militares têm desempenho melhor nas avaliações do que os demais.
Ao compará-los com escolas com o mesmo nível socioeconômico, porém, o resultado tende a ser similar, como mostrou reportagem da Folha de S.Paulo.
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