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Armas de PMs vão à pericia para investigar morte de Ágatha no Alemão

Armas de PMs vão à pericia para investigar morte de Ágatha no Alemão

Ágatha Vitória Sales Félix, de 8 anos, foi atingida nas costas por um tiro de fuzil dentro da Kombi em que viajava durante uma operação policial no Complexo do Alemão no sábado (21)

Publicado em 22 de setembro de 2019 às 17:32

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Ágatha Félix, de 8 anos, foi morta durante operação policial no Complexo do Alemão, no Rio. (Acervo pessoal)

A Polícia Civil enviará para perícia as armas dos policiais militares que estavam em patrulhamento na noite de sexta-feira no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, no momento em que a menina Ágatha Vitória Sales Félix, de 8 anos, foi atingida nas costas por um tiro de fuzil dentro da Kombi em que viajava.

Ághata foi levada para o hospital, mas não resistiu ao ferimento e morreu na madrugada deste sábado. A Polícia Militar alega que os agentes que atuavam no local tinham sido alvo de criminosos, mas parentes da menina e testemunhas relataram que não houve confronto e que os policiais teriam atirado contra uma motocicleta que passava na hora, com dois homens a bordo.

As armas dos policiais militares passarão por confronto balístico com o projétil retirado do corpo da vítima no Instituto Médico Legal. De acordo com a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), familiares de Ágatha Félix já prestaram depoimento neste sábado, e novas testemunhas serão ouvidas a partir desta segunda-feira.

No decorrer dessa semana, a polícia determinará a data para a reconstituição do disparo que vitimou Ágatha. O corpo da menina será enterrado às 16h deste domingo, no cemitério de Inhaúma, na zona norte do Rio.

A morte de Ágatha causou comoção e motivou críticas de entidades à política de segurança pública do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). A Defensoria Pública do Estado condenou a "opção pelo confronto", enquanto a seção Rio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) destacou o "recorde macabro" de 1249 pessoas mortas pela polícia no estado de janeiro a agosto.

O assunto também mobilizou a internet. A hashtag a "A culpa é do Witzel" figurou entre as mais citadas no ranking do Twitter Brasil ao longo do dia de sábado.

Moradores, parentes e amigos da família de Ágatha participaram de um protesto contra a violência policial nas comunidades que formam o Complexo do Alemão. Em vídeos postados nas redes sociais pelo jornal comunitário Voz das Comunidades, era possível ver os manifestantes carregando faixas com nomes de algumas das vítimas de confrontos e mensagens como "Parem de nos matar", "Chega de morte" e "Não quero enterrar meu filho". Os líderes do protesto pediam um basta à violência e ao uso de helicópteros da polícia que têm sobrevoado as comunidades fazendo disparos contra a favela.

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Em nota, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro informou que lamentava "profundamente a morte da pequena Ágatha no Complexo do Alemão" e manteve a versão de que os agentes apenas revidaram a uma agressão de criminosos "quando foram atacados de várias localidades da comunidade de forma simultânea". No entanto, a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) comunicou que abrirá "um procedimento apuratório para verificar todas as circunstâncias da ação".

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