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Carnaval: PM faz exigências e desfile de blocos pode ter mudanças

Carnaval: PM faz exigências e desfile de blocos pode ter mudanças

Organizadores de blocos que já estavam com autorização da Prefeitura de Vila Velha dizem que não é possível cumprir todas as orientações da PM em cima da hora

Publicado em 23 de janeiro de 2018 às 18:11

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Bloco pré-carnaval termina em confusão e correria na orla de Vila Velha. (Internauta | WhatsApp Gazeta Online)

Parecia que estava tudo certo para o carnaval de rua de Vila Velha, até um ofício da Polícia Militar aparecer e provocar indignação nos organizadores dos blocos. O documento traz uma série de medidas que devem ser adotadas para que os desfiles de blocos de rua possam acontecer. A mudança acontece depois que um bloco pré-carnaval terminou em confusão no município. Agora, os 14 grupos que já tinham conseguido autorização da prefeitura para ir às ruas já não sabem se conseguirão festejar o carnaval.

O ofício enviado pela PM estabelece os seguintes pontos:

1. Os blocos devem acontecer em locais privados ou isolados que não afetem a circulação de pessoas e veículos

2. Aprovação do poder público municipal

3. Exigência para a contratação de segurança particular

4. Cumprimento de requisitos como limpeza e conservação

5. Manifestação do Ministério Público e do Juizado da Infância e Juventude

6. Laudo do Corpo de Bombeiros

"Não tem condições de cumprir essas exigências até o carnaval. São muitas coisas. Fizeram isso para não ter carnaval em Vila Velha. Estamos na correria para ver se a gente consegue derrubar esses pedidos. Já estava tudo certo, só faltava o documento da PM. Mas do jeito que pediram não tem condições. Se é bloco de rua, não tem como não fechar rua, não dá para ser em local fechado", reclama João Luiz dos Santos, organizador do bloco Piranhas, com 35 anos de tradição.

Até os blocos destinados às crianças temem não conseguir ir para a rua. Organizador do "Canelinhas da Praia", Lorenzo Disep ainda estuda uma forma de colocar o bloquinho infantil para desfilar. "São 2h30 só, um bloco familiar, com percurso curto. Não tem por que dificultar dessa forma. A cidade perde com isso. Vila Velha vai ser a única cidade do Brasil que não vai ter bloco de rua, isso é um absurdo. Estamos tentando reverter essa situação de forma jurídica", afirma.

Organizadora do bloco "Saco Roxo", parte do carnaval de rua da cidade há 25 anos, Jussara Mello também critica as medidas e já se preocupa com o prejuízo. "Não dá para cumprir aquilo tudo ali. Já estava tudo acertado, tudo fechado coma  prefeitura. Tivemos um gasto com abadá. Como ficam os patrocinadores? Nós trazemos o turista para cá, e ele não gasta com a gente, gasta com o município. Além do povo de Vila Velha que vai ficar sem carnaval, quem vai pagar por isso?".

"APENAS RECOMENDAÇÕES"

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Vila Velha confirmou que 14 blocos já haviam recebido autorização para desfilar no município, mas que agora tudo será revisto e conversado caso a caso. Mas independentemente do ofício enviado pela Polícia Militar, os blocos devem respeitar regras como: Plano de segurança particular, carta de ciência da Associação de Moradores, ofício solicitando policiamento com a anuência da PM, contrato com empresa de ambulância, colocação de banheiros químicos e em casos de utilização de trios elétrico, os documentos do veículo e do condutor. Em alguns casos, pode-se pedir ainda que dê ciência ao juizado de Menores.

Ainda de acordo com o secretário de Prevenção, Combate à Violência e Trânsito de Vila Velha, coronel Oberacy Emmerich Júnior, a PM fez apenas recomendações e a ordem de serviço para atuação nos blocos de rua já foi feita.

"A PM fez um documento recomendatório. A prefeitura não consegue sozinha fazer proteção das pessoas em bloco. Mas ordem de serviço, para efetivo da PM, já foram feitas. Não tem como cumprir tudo aquilo que foi recomendado. Vamos colocar a Guarda Municipal para atuar nos blocos também. Provavelmente os blocos vão sair. Vamos avaliar caso a caso e ver em quais blocos a PM tem condições de nos ajudar", esclareceu.

OUTRO LADO

O comandante do 4º Batalhão de Vila Velha, tenente-coronel Biato, explicou que a PM não é o órgão responsável em autorizar ou não que os blocos desfilem nas ruas da cidade. Segundo ele, o ofício foi encaminhado a Prefeitura de Vila Velha apenas como uma recomendação para o bom andamento dos blocos.

“Nós não podemos vetar qualquer evento. Existe um órgão dentro da prefeitura chamado de Conselho Municipal de Eventos. Este órgão é quem autoriza o desfile do bloco de rua. A PM é convidada a participar do conselho e dar a opinião dela, mas nem temos direito a voto. A gente coloca as condições, diz se o evento é perigoso. Independente da polícia, é a prefeitura que pode autorizar ou não um evento”, destacou.

O tenente-coronel Biato explicou que esse documento foi enviado para a prefeitura para reforçar os cuidados que devem ser observados pela órgão no momento de autorizar um evento.

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“Vai ter policiamento independente se o bloco for autorizado ou não. A gente só faz as orientações para ajudar a prefeitura. A informação foi passada de forma equivocada aos organizadores dos blocos”, finalizou.

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