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Caso Milena: proposta de R$ 100 mil para assassino livrar comparsas

Caso Milena: proposta de R$ 100 mil para assassino livrar comparsas

Tentativa de suborno teria sido realizada na sala onde estavam detidos os réus do "Caso Milena", durante depoimentos no Fórum Criminal de Vitória

Publicado em 18 de janeiro de 2018 às 03:06

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Dionathas confessou que atirou na cabeça da Milena Gottardi. (Polícia Civil)

Foi oferecido ao assassino da médica Milena Gottardi, Dionathas Alves Vieira, até R$ 100 mil para que livrasse os demais acusados da responsabilidade pelo crime. A proposta foi feita por um dos intermediários do crime, Valcir da Silva Dias, na sala onde estavam detidos os reús, no Fórum Criminal de Vitória. A informação consta na ata final da audiência realizada nesta quarta-feira (17).

No documento, obtido com exclusividade pelo Gazeta Online, o relato foi feito pelo advogado Leonardo Rocha, que faz a defesa dos acusados Dionathas e Bruno Rodrigues Broetto. Para ter acesso ao dinheiro, Dionathas, além de mudar o seu depoimento e assumir a responsabilidade dos demais réus, teria ainda que trocar de advogado. Sua defesa seria assumida por um advogado indicado e da confiança de Valcir. O valor seria pago assim que Dionathas fosse libertado. 

A proposta, segundo consta em ata, foi feita na sala onde os réus estavam detidos. 

Aspas de citação

Apesar de estarem em celas separadas, as mesmas se localizam lado a lado, separadas, apenas, por uma parede e, em função disso, mais uma vez, o réu Valcir, insistentemente, abordou o réu Dionathas para que o mesmo trocasse de advogado, mais uma vez, e que mudasse o seu depoimento, excluindo a responsabilidade dos demais acusados neste processo

Trecho da ata
Aspas de citação

O advogado de Valcir, Alexandre Lyra Trancoso,  no mesmo documento, negou que os fatos tenham ocorrido. Afirmou que em momento algum o seu cliente ficou com Dionathas e Bruno sozinhos. "Ele não teve qualquer contato com eles", disse no documento, pedindo ainda uma apuração sobre os fatos.

O advogado Homero Mafra, que faz a defesa do policial civil Hilário Frasson - ex-marido da médica - descartou qualquer tipo de ameaça ou proposta feita por seu cliente ao réus Dionathas e Bruno. 

Aspas de citação

Esta ameça não existiu. O fato é que, quando você quer buscar um benefício da colaboração, cria situações falsas para gerar o beneficio. Mais do que ninguém, nós queremos que esta farsa seja apurada e desmascarada

Homero Mafra, que faz a defesa de Hilário Frasson
Aspas de citação

A proposta teria ocorrido no primeiro dia de audiência, nesta terça-feira (16), e foi informado ao juiz Marcos Pereira Sanches, da 1ª Vara Criminal de Vitória, logo após o almoço. Logo em seguida ele determinou a aberto de inquérito policial para apurar os fatos.

AUDIÊNCIAS

Nesta terça-feira (16) e quarta-feira (17) foram realizadas as primeiras audiências relativas ao assassinato da médica. Ela foi baleada em 14 de setembro do ano passado, no estacionamento do Hospital das Clínicas (Hucam). Foram ouvidas um total de 17 testemunhas convocadas pelo Ministério Público Estadual (MPE).

Nos dois dias atuaram os promotores Jerson Ramos de souza, Paulo Panaro, Daniela Moysés e Elias Gomes Zam. De acordo com Panaro, duas testemunhas não puderam ser ouvidas por residirem fora de Vitória e vão prestar depoimentos em suas cidades. Acrescentou que todos os convocados pelo MPE confirmaram, em frente ao juiz, os depoimentos prestados ao delegado.

"Não houve nenhuma contradição. Alguns até acrescentaram fatos que não tinham sido levantados na polícia. Os depoimentos de hoje (quarta-feira) , por exemplo, foram muito bons, ratificando tudo o que já havia sido dito à polícia", relatou.

O restante das audiências serão realizadas nos dias 30 e 31 de janeiro. No primeiro dia, serão chamadas as pessoas apontadas pelas defesas dos denunciados como mandantes do assassinato da médica: Hilário Frasson e o pai dele, Esperidião Frasson.

Na lista de testemunhas convocadas pelo advogado de defesa Hilário, Homero Mafra, foram intimadas 13 pessoas, entre elas um desembargador aposentado, dois assessores de desembargador, o chefe da Polícia Civil do Espírito Santo, Guilherme Daré, e um padre da Igreja Católica, José Pedro Luchi.

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Já no dia 31 de janeiro, devem comparecer as testemunhas apontadas pela defesa de Hermenegildo Palauro Filho, conhecido como Judinho, e Valcir da Silva Dias, ambos acusados de serem intermediários do crime. As audiências para ouvir as testemunhas de defesa de Dionathas e Bruno Rodrigues Broetto, acusado de ter roubado a moto do crime, ainda não foram marcadas.

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