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Grupo vai mapear evolução marinha em 1.200 km até a Ilha de Trindade

Grupo vai mapear evolução marinha em 1.200 km até a Ilha de Trindade

Pesquisadores da Ufes e de outras instituições vão explorar a costa de Vitória até Trindade, numa viagem de 20 dias

Publicado em 21 de janeiro de 2018 às 21:12

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Pesquisadores viajam até a Ilha de Trindade para estudar a origem das espécies marinhas . (João Luiz Gasparini)

Um grupo de oito pesquisadores embarca na próxima terça-feira (23) para a Ilha de Trindade, a cerca de 1.200 quilômetros da costa de Vitória, para estudar as linhas de montanhas submarinas, os montes de corais e a evolução das espécies e populações de peixes da região. O grupo faz parte do projeto de pesquisa sobre a evolução da vida marinha e estudos da história natural da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A previsão é de que a viagem dure 20 dias.  

A pesquisa vai quantificar e caracterizar os cardumes que habitam a região, da costa do Estado até a Ilha de Trindade. O biólogo e pesquisador do projeto Hudson Tércio Pinheiro explica que serão realizados diversos mergulhos pelo percurso com o objetivo de entender a distribuição das espécies ao longo da cadeia e ainda a origem delas.

“Vamos coletar algumas espécies para o estudo da evolução para fazer diferentes análises ecológicas e evolutivas.  Vamos fazer a pesquisa com uma câmera que possui uma isca com sardinhas que traz os predadores. E com isso conseguimos analisar a abundância das espécies, em que áreas elas estão mais ameaçadas", explicou Pinheiro.

Os mergulhos serão realizados nas montanhas subaquáticas, localizadas a mais de 150 metros de profundidade. Para isso, a equipe utilizará técnica de mergulho com o uso de câmeras de captura de imagens, acopladas como iscas. Os peixes serão coletados e trazidos após análise para a coleção de espécies marinhas da Ufes.

Ainda segundo o pesquisador, a expedição tem também o foco de buscar informações sobre os predadores de topo da cadeia alimentar marinha, como os tubarões. O resultado vai ajudar o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) no ordenamento pesqueiro.

Participam da expedição pesquisadores da Ufes; da Universidade de Vila Velha (UVV); da Academia de Ciências da Califórnia, nos Estados Unidos (EUA);  e da Organização Não-Governamental capixaba Associação Ambiental Voz da Natureza.

SEGUNDO ANO

Hudson Pinheiro estuda a cadeia de montes submarinos há alguns anos. Começou a fazer o registro das espécies em 2011. A primeira parte do estudo sobre a origem das espécies marinhas foi publicada em setembro de 2017 na revista “Nature”, uma das mais importantes publicações científicas do mundo. 

“A segunda parte da pesquisa vai tentar entender a origem daquelas espécies, quais as diferenças entre as que vivem na costa e as que vivem no meio do oceano. Elas se adaptaram para viver naquele ambiente", explica.

A VIAGEM

A expedição será a bordo do veleiro “Paratii 2”, equipado para navegar longos percursos e que já viajou oito vezes para a Antártica. “Estamos contando com uma parceria com a Academia de Ciências da Califórnia, que está trazendo todo o equipamento de segurança e de mergulho avançados. Eles estão trazendo também um técnico de mergulho para contribuir com a segurança de toda tripulação”, afirma o pesquisador.

Hudson Pinheiro, biólogo que integra expedição rumo a TrindadeEntrevista com o biólogo e pesquisador Hudson Tércio Pinheiro

Qual o intuito da pesquisa?

Em 2011, tivemos a oportunidade de visitar pela primeira vez essa cadeia de montes submarinos. O foco principal dessa pesquisa foi a biodiversidade. A gente começou a fazer registro das espécies. Tivemos a oportunidade de descobrir esses ecossistemas das montanhas de corais que ficam sobre os montes. Com as descobertas, consegui desenvolver uma teoria da origem das espécies marinhas utilizando essa cadeia de montes submarinos como laboratório natural. Essa primeira parte da pesquisa foi publicada. A segunda parte é o aprofundamento da pesquisa para tentar entender a origem das espécies e quais as diferenças entre as que vivem na costa e as que vivem no meio do oceano. Elas se adaptaram para viver naquele ambiente. Essa expedição possui o foco também de buscar informações sobre os predadores de topo para ajudar o Ministério do Meio Ambiente, O ICMbio com informações que possam contribuir para o ordenamento pesqueiro.

Como vai ser realizada?

A viagem vai ser feita em parceria com o capitão Alexandre Souza, proprietário da embarcação Paratii 2, um veleiro polar que tem a capacidade de dar a volta ao mundo. Ele já foi várias vezes para a Antártica. Estamos contando também com a parceria com academia de Ciências da Califórnia, que está trazendo todo o equipamento de segurança e de mergulho avançados. Eles estão trazendo também um técnico de mergulho para contribuir com a segurança de toda tripulação.

Essa cadeia de montanhas possui vários montes. No caminho para Trindade, vamos parando para mergulhar. Isso que é maravilhoso! Vamos entender essa distribuição das espécies ao longo dessa cadeia.

Como a análise das espécies será feita?

Vamos coletar algumas espécies para o estudo da evolução para fazer diferentes análises ecológicas e evolutivas. Vamos usar uma câmera que possui uma isca com sardinhas que atrai predadores, como tubarões. E com isso conseguimos analisar a abundância, em que áreas há mais espécies ameaçadas, espécies que não ocorrem na costa por exemplo. As espécies vão ser trazidas para a coleção ictiológica Ufes.

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