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No ES, herdeiro da família real critica reformas e Judiciário

No ES, herdeiro da família real critica reformas e Judiciário

Tetraneto de Dom Pedro II, Luiz Philippe de Orleans e Bragança avalia que as assistências dadas pelo País são medíocres; ele também destaca que, ao contrário do senso comum, um monarca vive como uma pessoa de classe média do povo para o qual governa

Publicado em 26 de janeiro de 2018 às 21:15

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Príncipe Luiz Philippe de Orleans e Bragança. (Carlos Alberto Silva)

"Tudo que é nacional é medíocre. Como você vai entregar o que cada cidade e comunidade precisa a partir do ponto de vista central de Brasília?", questiona o príncipe da família real brasileira Luiz Philippe de Orleans e Bragança. Ele, que veio ao Espírito Santo nesta sexta-feira (26), pela primeira vez, para lançar seu livro "Por que o Brasil é um País Atrasado?", sugere que Nação tem que delegar deveres e não concentrar determinadas responsabilidades.

Em entrevista exclusiva ao Gazeta Online, ele avalia que o problema maior é que temos um País que faz muita coisa. "Desde a venda de gasolina até proteção da soberania nacional. Está errado isso", exclama. Orleans e Bragança afirma que o Brasil se envolveu em uma abrangência de atividades que não condizem ao próprio propósito. "Não deveria ser papel do País ter uma Previdência. Poderiam ter, sim, em âmbito estadual, mas não federal", defende.

O herdeiro diz que a única assistência que o Governo Federal consegue dar é de Ministério Público, Polícia Federal, Exército e Justiça. Além disso, tem que proporcionar o bom funcionamento dessas instituições e a ordem pública. Em contrapartida, Orleans e Bragança critica: "Uma das coisas que aponta e mostra que estamos mal é que o nosso Judiciário não é independente".

"JUDICIÁRIO É CORPO POLÍTICO"

Orleans e Bragança dispara que não se pode nem chamar os juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) com esse título. "Eles são indicados de partidos de grandes oligarquias partidárias. Você tem juízes que vieram com Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma. Cada um defende sua facção, sua ideologia. Então ali não é juiz, é um corpo político", alfineta.

Para ele, a nomeação de juízes, então, precisa ser urgentemente revista. Em contrapartida, o herdeiro da família real chama o juiz Sérgio Moro de "pérola do Judiciário". "Mas têm outros (juízes) que são partidários e querem jogos de poder, jogos de interesse, e esses é que temos que eliminar do sistema".

VEJA A ENTREVISTA

O príncipe também avalia que o impeachment de Dilma foi condizente com a vontade popular, bem ampla na época do fato, e foi, sim, na sua visão, legítimo. Mas diz que no próprio ponto de vista, naquele momento, deveriam ter sido realizadas as eleições gerais. Isso porque de acordo com Orleans e Bragança, assumiu um vice, que tem legitimidade no papel, mas não de fato, que abraçou as reformas.

"Vivemos uma loucura de uma loucura", define, referindo-se à reforma da Previdência, por exemplo, já que pensa que a Nação não tem condições de ter um método de aposentadoria obrigatório. "Eu não queria ter uma previdência federal, estatal e obrigatória na mão do Governo Federal", ironiza.

REPÚBLICA PARLAMENTARISTA

O herdeiro sugere que uma boa alternativa para o Brasil atual é uma República Parlamentarista. Isso porque, nesse regime, teríamos um pilar responsável por restabelecer a ordem pública e a legitimidade, coisa que não se alcança com três poderes, na visão dele.

Segundo Orleans e Bragança, o País ainda poderia evoluir para um sistema monárquico. "Diria que é uma evolução monárquica. Temos que retomar o fio da meada de como os países desenvolvidos estão. Eles mantiveram o quarto poder e hoje estão aí, muito desenvolvidos. E nós, naquele momento da história, voltamos atrás e eliminamos, retrocedendo", avalia.

"POR QUE O BRASIL É UM PAÍS ATRASADO?"

Último livro escrito por Orleans e Bragança, "Por que o Brasil é um País Atrasado?" traz questionamentos, avaliações e comentários que exemplificam o que fazer para entrarmos, de fato, no século XXI. Para ele, a obra pauta bastante as reformas de Estado - o contrário do que defende a maioria dos candidatos eletivos atualmente no Brasil. "Aliás, somos atrasados em relação ao potencial que nós temos", pondera.

"Eu represento uma visão de Estado. Nós temos que ter essa outra visão de Estado. Que não pode permitir populismo, e isso é uma proposta apartidária. Então não posso dar apoio a nenhum candidato, senão vou partidarizar um tema de abrangência nacional", diz.

Ele veio ao Espírito Santo nesta sexta-feira (26) para uma noite de autógrafos que acontece na Saraiva Megastore, no Shopping Vitória, a partir das 19h deste sábado (27). O evento é aberto ao público.

PODER MODERADOR NÃO REMUNERADO

Como o próprio herdeiro propõe: "Por que não um poder moderador não remunerado? Não estamos na ordem pública há 130 anos, por que agora vai voltar e vamos querer receber para isso?", diz, se referindo à sua família. Para ele, a vontade de defender o Brasil é maior e é legítima, e isso não precisa ser remunerado.

Em contrapartida, ele explica como a monarquia pode ser mais barata de custear do que o regime que vivemos hoje. "Para um monarca você tem três, quatro presidentes, e você tem custos altíssimos. O Movimento Monárquico já mostrou e comparou até a monarquia espanhola com repúblicas de outros países, que gastam mais", revela.

Para ele, a maioria dos monarcas não vive na luxúria. Apesar da pompa e circunstância do Cerimonial, como ele mesmo define, eles (os monarcas) têm uma vida de classe média que tem que ser condizente com a real condição do povo. "É que quando se fala em monarca as pessoas já imaginam um contexto absolutista, que já está errado. Então tem que desmistificar isso", conclui.

COM MONARQUIA, CARGA TRIBUTÁRIA PODERIA CAIR

Orleans e Bragança pondera que a carga tributária de um país tem que ser ínfima, isto é, o mínimo possível. Isso porque, segundo ele, o tributo serve para o governo cobrir um assunto no qual a sociedade falhou. "Isso quer dizer que quanto mais falhamos como sociedade, mais delegamos ao governo funções às quais nós é que deveríamos dar conta", exemplifica.

De acordo com ele, a sociedade não é capaz de fazer por conta própria e, então, esses deveres são entregues ao governo. "Nesse sentido, temos que fazer uma reforma tributária para a sociedade e para as empresas. Eliminar as cascatas de impostos, abaixar as barreiras tributárias, abaixar tributo de importação para fomentar a competição", finaliza.

"VITÓRIA É LINDA"

Em sua primeira visita ao Espírito Santo, o príncipe se diz encantado por Vitória. Ele, que chegou nesta sexta-feira (26) pouco depois do almoço, deve seguir uma agenda turística neste sábado (27).

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Ainda na noite desta sexta-feira (26), Orleans e Bragança participará de um jantar com frentes da liderança pró-monarquíca capixaba.

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