> >
Ufes: Aos 16, 1° lugar em Letras fala alemão, toca piano e lançou livro

Ufes: Aos 16, 1° lugar em Letras fala alemão, toca piano e lançou livro

Moradora da Prainha, em Vila Velha, Tháiza conta ter estudado na escola e cinco horas por dia em casa. Estudante agora aguarda resultado da USP

Publicado em 31 de janeiro de 2018 às 15:54

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Tháiza Vitória Freitas Lima, 16, passou em primeiro lugar no curso de Letras/Português da Ufes . (Marcelo Prest)

Com apenas 4 anos de idade, Tháiza disse à professora da creche que brincar e desenhar eram coisas de criança. Ela queria ler e escrever. Três meses depois, não deu outra: a menina já estava lendo. Com essa vontade, começou a história de amor e amizade dela pelos livros que, nesta semana, resultou no primeiro lugar no curso de Letras/Português da Ufes. A moradora da Prainha, em Vila Velha, é formada em teoria de piano, alemão (aos 14 anos), inglês e, em 2016, lançou a sua primeira publicação. Só pra não deixar passar nada, ela também canta e já leu cerca de 260 livros em apenas um ano.

O jeito doce de falar da adolescente não esconde a timidez, que, de certa forma, contribuiu para essa relação tão próxima com a leitura. "Eu leio em qualquer horário, me distrai e relaxa. Sempre saía de casa com um livro à mão. Sou introvertida, agora um pouco menos. Os livros foram a minha companhia. Costumo ler mais de 100 por ano, depende da quantidade de tarefas da escola. Uma vez li mais de 200. Mas, incrivelmente, uma menina ainda pegou mais livros na biblioteca da escola do que eu (risos)."

ROTINA

Para conseguir o resultado na Ufes, Tháiza Vitória Freitas Lima, 16, conta ter estudado no Darwin de Vila Velha, além de cinco horas por dia em casa, alguns dias mais, outros menos, por conta das aulas de inglês, piano e canto. As duas últimas, por sinal, eram terapias para a adolescente. Aos finais de semana, ela descansava ou passeava com as amigas, quando tinha algum tempo, pois todas estudavam bastante. "A música me ajuda a me concentrar. Na hora da prova, eu lembro da música que estava tocando e da matéria. Sábado e domingo eu deixava livre. Se precisasse de algum reforço, eu estudava. Mas gostava de caminhar, ir à praia ou em algum café."

RESULTADO

Apesar de toda dedicação, ela não esperava passar em primeiro lugar. "Não esperava passar com uma nota tão boa, sempre mantive as minhas expectativas baixas. Mas eu me esforcei muito. Eu sentia uma conexão com o curso de Letras, mas tinha um certo preconceito. Tanto que eu queria fazer outro curso, como Engenharia, para ter uma renda melhor, mas então percebi que eu não me encaixava em nenhum curso como o de Letras."

(Reprodução)

AMOR DE PAI E FILHA

Nesse caminho difícil para escolher uma profissão, o pai teve papel fundamental. "Ele me apoia muito. É uma pessoa fantástica. Quando disse que queria fazer Letras, ele ficou um pouco preocupado com o mercado de trabalho, mas permaneceu ao meu lado. Começou a pesquisar sobre o curso e apoiou a minha decisão. Ele foi sempre muito presente nessa fase de pressão do vestibular. Se você não cuidar da sua saúde mental, não aguenta."

E a relação de parceria e confiança desses dois vai muito além dos estudos. O analista ambiental Gether Lima, 59 anos, é daqueles paizões, que não medem esforços para incentivar a filha. A menina mora com o pai e a avó, de 95 anos. "Ela terminou o Ensino Médio com 16 anos, quando era criança, passou do Jardim para a primeiro ano. A coordenadora disse que tinha que adiantar porque a formação intelectual dela não é compatível com as meninas da mesma idade. Ela já leu 269 livros em um ano", comenta, orgulhoso.

Por falar em orgulho, ele chega a ficar emocionado. "Não fala muito. Eu sei o que eu passei para criar essa menina. Eu ia ser padre. Era seminarista e tive um sonho que teria uma filha com nome de Tháiza. No meu primeiro casamento tive dois filhos homens. Depois, na segunda união, tive essa bênção. Esse presente que Deus me deu. Soltei um foguetório no dia do nascimento dela. Foi a coisa mais linda do mundo, dia 10 de abril", se recorda babando na cria.

Os cuidados com os estudos tiveram início na infância. Aos 6 anos de idade, o pai colocou a menina nas aulas de balé e piano, para desenvolver os dois lados do cérebro, segundo ele. Com o crescimento dela, outros cursos entraram na agenda.

LIVRO

Em 2016, ela lançou um livro de poemas no Instituto Histórico e Geográfico de Vila Velha, a Casa da Memória, na Prainha. "O nome é 'Antologia de Cores'. Ele fala de amor, da escola, de amizades, decepções... Eu coloquei um recorte da minha vida ali. É o que você sente ao longo da vida e não consegue expressar."

PLANOS

Este vídeo pode te interessar

Depois da aprovação na Ufes, os dois esperam o resultado da USP, que sai nos próximos dias. "A USP me abre muitas possibilidades. Lá tem Bacharelado e, na Ufes, só tem Licenciatura. Sinto que terei mais oportunidades. Se passar, vou ficar em um pensionato de freiras". No futuro, Tháiza pretende trabalhar em uma editora. Por enquanto, a dupla comemora a conquista no Estado. 

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais