Apesar de a lei que estabelece normas para a acessibilidade ser do ano 2000, até hoje há quem sofra com a ausência dessa condição básica em alguns prédios públicos. Na última quarta-feira (21) um advogado com deficiência física foi impedido de trabalhar ao acompanhar um cliente a uma audiência na Vara de Execuções Penais e Medidas Alternativas (Vepema), no Centro de Vitória.
O prédio onde aconteceria a audiência não tem elevador, e o advogado, Cristian Ricardo Ferreira Júnior, 23, não pode subir e nem descer escadas. De acordo com Cristian, ele comunicou à servidora que o atendeu que não tinha como subir até a sala de audiência.
Em casos como esses, a presidente da Comissão Especial dos Direitos das Pessoas com Deficiência da OAB-ES, Maristela Lugon Arantes, diz que a Justiça tem que garantir de alguma forma a acessibilidade.
Cristian também solicitou que o juiz que presidia a audiência, Carlos Eduardo Ribeiro Lemos, descesse para realizar o ato judicial no térreo, mas não foi atendido.
O advogado tem artrite idiopática juvenil e conta com duas próteses no quadril, o que o impede de subir escadas. Ele contou que por não conseguir subir ao local onde aconteceria a audiência, um defensor público foi designado para atender o cliente dele.
Eu fui impedido de trabalhar e o meu cliente ficou sem o seu advogado. O juiz designou um defensor público para atendê-lo na hora da audiência, mas ele não tinha conhecimento do histórico do cliente, lamentou.
Maristela Lugon destacou os dois grandes problemas. O impedimento do advogado de exercer sua função e a discriminação que ele sofreu. É a chamada barreira atitudinal, que muitas vezes impede as pessoas com deficiência de trabalharem", destacou.
A assessoria do Tribunal de Justiça Estadual foi procurada na noite de ontem pela reportagem, não respondeu a demanda.
INDIGNAÇÃO
O advogado Cristian Ricardo Ferreira Júnior, 23, foi impedido de exercer o seu trabalho por falta de acessibilidade na Vara de Execuçõesa Penais e Medidas Alternativas (Vepema), no Centro de Vitória.
O que você sentiu ao viver uma situação como essa?
Nunca tinha passado por uma situação dessas. Viajo o Brasil e o mundo inteiro e isso nunca tinha me acontecido. Me senti lesado e transtornado, como pessoa e também como profissional.
O que espera que aconteça?
Espero que as pessoas tenham mais empatia e humanidade pelas diferenças e que o judiciário aplique as leis que deveria defender.
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