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Após mais de 100 dias internado, paciente recebe novo coração

Após mais de 100 dias internado, paciente recebe novo coração

Órgão chegou na tarde desta quarta-feira (7) do Rio de Janeiro em avião da FAB e salvou a vida de José Carlos de Oliveira, de 60 anos

Publicado em 8 de fevereiro de 2018 às 00:30

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José Carlos de Oliveira aguarda para entrar no centro cirúrgico para realizar o transplante de coração. (Marcelo Prest)

“Graças a eles a vida continua”. Essa é a frase de um painel em homenagem a doadores de órgãos lido constantemente pela família do eletrotécnico José Carlos de Oliveira, 60 anos. Internado há 103 dias, com complicações graves causadas por insuficiência cardíaca terminal, ele aguardava um novo coração na fila de transplantes. A espera terminou na tarde desta quarta-feira (7) com a realização da cirurgia. O coração veio de um doador do Rio de Janeiro.

“Estamos aliviados e agradecidos a Deus, porque a situação dele estava muito difícil. Houve momentos em que achamos que ele não ia resistir”, disse a esposa, Elizete Oliveira, que aguardava com ansiedade a chegada do órgão na recepção do hospital, em Cariacica.

De acordo com a filha Thais Oliveira, de 30 anos, José Carlos fazia tratamento há 10 anos com medicamentos, mas a doença evoluiu. A única alternativa era o transplante de coração. Para que isso fosse possível, ele precisava de um doador que lhe desse um coração e a oportunidade de continuar vivendo.

Desanimados com a saúde fragilizada de José Carlos, Elizete e os filhos, receberam a notícia de que havia um órgão compatível na noite de terça-feira, um dia antes da cirurgia. O eletrotécnico estava internado na Unidade de terapia Intensiva (UTI), com aparelhos que ajudavam o coração a bombear sangue para o corpo.

“Esta semana ele colocou um balão intra-aórtico que dava a ele basicamente sete dias de vida. Se o coração não chegasse em sete dias, eles iriam tentar outra situação. O médico disse para mim que lhe doía muito não ter mais o que fazer”, contou Elizete antes da cirurgia.

A CIRURGIA

O coração do doador do Rio de Janeiro chegou em uma caixa no Aeroporto de Vitória às 14 horas transportado por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). De lá, foi levado para o hospital em Cariacica por um helicóptero da Polícia Militar do Espírito Santo.

Rapidez essencial, pois segundo os médicos, o transplante deve ser realizado em até quatro horas após a retirada do órgão do corpo do doador.

“O coração é um órgão que não suporta muito tempo sem ser irrigado de sangue. Quanto mais rápido você colocar no receptor, menos chance de apresentar disfunção no pós-operatório”, explicou o chefe da equipe de transplante de coração do Hospital Meridional, Melchior Luiz Lima, responsável pelo transplante de José Carlos. A cirurgia durou quatro horas e, após receber o novo coração, o eletrotécnico passa bem.

TRANSPLANTES NO ES

Devido ao elevado número de transplantes de coração no Espírito Santo, em relação ao número de habitantes, o Estado ficou em 5º lugar no ranking nacional, à frente de Estados como São Paulo e Rio de Janeiro, conforme demonstram os dados da publicação da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).

O hospital em que José Carlos fez a cirurgia, em Cariacica, realizou oito transplantes de coração com sobrevida de 100% em 2017.

No Estado, quatro pacientes aguardam por um transplante de coração, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).

Médico Cirurgião Melchior Luiz Lima. (Marcelo Prest)

ENTREVISTA

O médico cirurgião, Melchior Luiz Lima, explica como sua equipe trabalha, e fala da importância da doação de órgãos.

A equipe que o senhor coordena já realizou quantos transplantes?

Desde 2005 realizamos 51 transplante de coração. Ano passado realizamos oito transplantes com sobrevida de 100%. Tudo isso é graças à experiência que estamos ganhando e também à capacitação dos profissionais aqui do hospital, principalmente dos profissionais que trabalham com o pós-operatório.

A equipe está feliz com o resultado?

O transplante tem uma característica particular porque o paciente está em uma situação crítica de limitação física. Ele consegue mudar isso completamente, e passa ser um paciente que consegue caminhar, ter uma vida normal. Eles têm uma motivação e um grande prazer de viver. E isso nos deixa muito gratificados e muito satisfeitos com o trabalho.

Como foi o processo entrar na fila de transplante?

Recebemos os pacientes que são encaminhados para avaliação de possível candidato a transplante. Depois que recebem o aval,  vem a indicação segundo os critérios internacionais e brasileiros. Então eles são colocados em uma fila e ficam aguardando. Existem também nesta fila os pacientes que entram em prioridade, que são aqueles internados no hospital com risco de morte, usando drogas para manter a pressão, por exemplo, que é o caso do paciente de hoje.

Quais os profissionais envolvidos?

São muitos profissionais, entre enfermeiros, fisioterapeutas, cardiologistas intensivistas. E vários outros. Até a FAB está envolvida no transporte do órgão vindo do Rio de Janeiro. O paciente fica na sala de cirurgia. Toda equipe da cirurgia prepara, para quando o órgão chegar no heliponto vai direto para o centro cirúrgico.

Há uma dificuldade para doações?

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A dificuldade de doação, leva a escassez de órgãos, que é um problema mundial. O maior problema para a realização de transplantes é questão da doação. Cerca de dois mil pacientes ingressam em lista de espera no Estados Unidos a cada ano, e apenas 250 são contemplados com transplante. A maior parte dos pacientes morre porque não consegue fazer o transplante antes. Imagine aqui no Brasil que estamos sempre passando orientação a respeito da importância da doação. Uma pessoa que tem morte encefálica vai perder em poucas horas todos os órgão. Depois da morte encefálica não existe possibilidade de vida.

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